Eu nunca gripei. Não conheço o que é traição. Nunca cortei um dedo, não conheço poluição. Abro os olhos e eles não se irritam, não me irrito com a agonia, com seres humanos. Nunca chorei por amor, nunca sorri de alegria, nunca tive motivos, motivos...
A vida é passagem de luz, na noite vivo intensamente a melancolia. Não conheço seres pensantes, gritos de dor, gemidos de prazer. Não conheço o amor. Nunca corri pelas ruas empoeiradas de minha cidade. Vejo crianças brincando, gargalhadas solitárias explodem em minha mente, nunca brinquei.
Moro em uma redoma de vidro, não sinto o calor do corpo de outra pessoa, sofrimento é utopia, sonho quase irritante. Não conheço alegria, sorrisos, lágrimas e afeto são gritos que ecoam em minha solidão.
Hoje abri a porta de vidro, pisei na rua e respirei o ar que percorre os pulmões humanos. Sofri, gemi, amei.Morrerei, mas não sem antes ver o sangue que brota em minhas veias, ou sentir o gosto salgado de minhas lágrimas. Quero a nostalgia de uma época que não vivi.
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