Não Sabia em que era bom, Carlos não sabia a sua vocação, não tinha talento para nada. Carlos não sabia cantar, não sabia fazer cálculos ou filosofar, era péssimo em oratória, sua relação com outras pessoas era quase inexistentes. Carlos não tinha Orkut, facebook, twitter ou qualquer outra rede social. Carlos não existia virtualmente, não tinha talentos artísticos, científicos ou qualquer outra coisa acadêmica. Carlos era uma derrota, assim ele mesmo pensava sobre si, sobre sua caminhada de lesma sobre a Terra.
Carlos não namorava, não amava e não ia a igreja. Como pode existir um ser humano assim? Perguntas não fazem Carlos mais inteligente, ele tinha coragem, não chorava com a dor, se masturbava pensando nos filmes pornográficos que viu na adolescência. Beijos, a lua beijava sua face na noite, ele olhava para aquele astro, olhava e contemplava um mundo em outra galáxia.
O carro corre, a luz percorre suas idéias, Carlos não poupa a vida daquele animal peludo, passa com o carro em cima do animal, para o carro, olha, não sente pena. Em casa comendo carne moída e bebendo café, mistura estranha, ele pensa na criatura se contorcendo na estrada, na dor que ela deve ter sentido, ele não aumentava sua batida cardíaca, ele nem piscava, a lembrança do gato morrendo na estrada era uma alegria implícita em sua mente. Ali, parado, comendo a carne moída e bebendo café Carlos teve a iluminação de sua vocação, de seu talento. Dali em diante ele passaria a fazer algo que somente ele faria com maestria, matar sem dó, sem ressentimento. Ele só tinha matado um gato atropelado, mas qual a diferença entre um gato e um ser humano? Todos irão morrer mesmo, assim pensava ele enquanto sentia o gosto do sal da carne se mistura com o açúcar do café.
A chuva caia sem timidez, o frio cortava a cerne de quem se arriscasse a sair naquela tarde, Carlos andava sentindo a água fria da chuva, o vento que fazia um barulho engraçado em seu ouvido, o mato molhado, a lama, tudo fazia parte do cenário, em sua frente caminhava um senhor, um velho amigo, ou melhor, seu velho mestre. Chegando no interior da mata Carlos coloca o senhor de joelhos, esse chora e lamenta sua vida de crimes e assassinatos, Carlos não lamenta, ele é profissional, está apenas ganhando dinheiro. Um tiro, o cérebro sai do crânio como mágica, o sangue se espalha pelo mato e pela lama, Carlos não se alegra, não fica triste, apenas vai embora sem olhar para trás, sem pensar em Osvaldo, aquele senhor que lhe ensinou a arte de manejar armas e matar seres humanos, agora Osvaldo está morto e o corpo de Carlos está molhado.
Osvaldo foi o primeiro homem que Carlos matou, depois se tornou uma rotina em sua vida, seu talento era incrível, pessoas eram esmagadas como baratas, mas ele não fazia isso apenas por Prazer, fazia por que tinha talento e precisava de um “emprego”, precisava de algo na vida para que ela passasse a ter sentido. A morte é um sentido para a vida, pelo menos era para Carlos.
Nos tempos de hoje não é bom ficar escrevendo esse tipo de coisa moço. Se um adolescente perturbado lê isso pode achar que esse e o caso dele.
ResponderExcluirEscreva coisas boas!
Olá anônimo, agradeço o comentário. Respeito a opinião dos leitores, acho que se tornei público um texto foi para ser criticado mesmo, mas discordo de você, não acho que a literatura influencie tanto, vivemos em mundo conturbado e caótico, não é um simples texto que irá fazer pessoas agirem de determinada forma, é apenas uma metáfora sobre nossos medos, angustias, paixões e dúvidas.
ResponderExcluirObrigado.
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