quinta-feira, 9 de julho de 2009

PEDALADAS




Pedaladas, movimento, asfalto deslisando sob meus pés. Minha bicicleta dança a valsa das flores entre os carros, meu suor cai em minha face quente e vermelha, meus pensamentos se dividem entre o percurso e minhas angústias hodiernas, o tapete asfáltico me leva até o infinito, perto do fim. A música de gritos e freiadas percorre meu ouvido, imagens de sangue e desgraça se materializa em minha frente. É só mais um acidente insignificante, mais um corpo sem vida, mais sangue jorrando no chão.


Estou virando a esquina, tenho a memória curta, já não me lembro do sangue, dos gritos e da mini-saia com cabelos loiros que observava curiosa o teatro no meio da rua. Em minha mente sádica e desocupada brotavam flores de desespero, corro, a ansiedade toma conta de todo o meu ser, mas não tenho para onde ir, não tenho destino. Me acalmo então, deixo a bicicleta ir mais devagar, meus pensamentos se fixam no nada, meus sonhos se adoçam, meu humor diabético se emburrece. Já não tenho mais força para pedalar. Paro. Penso. Já não existo, apenas penso, penso, penso...

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