sábado, 31 de julho de 2010

ENAITSIRC

Meteoricamente fuminante, dinâmico e sem momentos de reflexão, no calor da emoção, assim foram os acontecimentos nos últimos dias dessa minha louca, desmedida, incompreensível e caótica existência. A vida nos atropela e nos pega de surpresa, na verdade tomamos decisões e somos responsáveis pelos resultados de nossos atos, essa é a dura ética da responsabilidade, porém mesmo sendo adultos temos um comportamento infantil, sabemos que nossas escolhas podem dar determinados, ou prováveis, resultados ruins, mas continuamos no mesmo caminho como cavalos, na esperança- essa maldita dádiva cristã- de que as coisas tomem outro rumo.
Com uma vida financeira a beira da loucura, excesso de trabalho, dúvidas constantes, ainda tenho ropantes românticos, aventuras desejantes, alucianções, escolho a intensidade, a complexidade e o desesperado caminho dos relacionamentos fadados ao fracasso. Assim caminha a humanidade? Assim caminha almas materialistas como a minha, criaturas que não se cansam de beber das águas da frustração.
Olhos brilhantes, boca carnuda, jeito meigo de me conquistar, dessa forma está justificado todos os meus últimos pecados, mergulhar nesse mar sem fim de carinho e depois morrer na praia de espinhos, esse foi meu itinerário no ônibus do universo, sem freios desci ladeira a baixo e me espedacei no choro contido, no constrangimento emotivo e no silêncio repriendido de desejos, sonhos e perdas.
Não compreendo mais minhas palavras, elas não contemplam todo o "meu sentir", parece que meus pensamentos, raivas e tudo que é sentido no meu corpo são impronunciáveis, meu estado de espírito não tem tradução nesse momento. Olho com otimismo para o amanhã e espero o fim do vendaval, mas sem tirar da cabeça aquele olhar úmido de emoção que me levou para essa situação.

sábado, 24 de julho de 2010

EMOÇÃO SEM RAZÃO, CAMINHADAS E PENSAMENTOS

Caminhando sozinho passo por um senhor de terno preto e um adolescente vestindo vermelho, o homem enlutado tem um cheiro familiar, é o cheiro da colônia pós barba que meu pai usava quando eu era criança, memórias emotivas são engraçadas, elas colocam um amargo em minha boca, um sorriso de saudade repentino e lágrimas implícitas e cristalinas, mas pensar na família no moemnto atual não me emociona, assim como não me emociono em despedidas, velórios, casamentos e demais desgraças e comemorações. A tarde, antes da minha caminhada noturna, tinha me emocionado com um filme peculiar, alternativo em relação as grandes produções, mas sem grandes novidade estilísticas ou narrativas, um filme simples que encanta mais pela sua história cativante e chocante e pelas interpretações soberbas das protagonistas, o filme é a pequena e simpática obra prima Preciosa, filme sincero sobre a odisséia terrestre de uma adolescente negra e obesa que está grávida de seu segundo filho, ela é maltratada pela arrogante e megera mãe, foi violentada pelo pai, é analfabeta e sem grandes perspectivas, é o relato nu e cru, com pequenas pitadas de poesia sobre a desgraça humana, com suas pequenas tragédias, preconceitos e luta pela vida.
A arte me emociona mais do que a vida fora da literatura, teatro ou cinema, uma pintura penetra mais profundamente em minha alma do que um acidente de transito com um ente querido, sou assim mesmo. O filme acabou, mas a vida continua e com ela o peso de minha existência me trás novamente para a emoção, as lembranças rápidas, porém intensas de minha infância e de minha família me colocam em um redemoinho de nostalgia, as pessoas continuam andando, rostos desconhecidos, mulheres com corpos atraentes, marginais entorpecidos, jovens sensuais, idosos "sapiamente" amadurecidos, sou mais um a caminhar sem destino, dando voltas sou perseguido por pensamentos indiscretos, lembranças vívidas, análises políticas, sonhos perdidos e acabo voltando para casa com mais um dia vivido.

sábado, 17 de julho de 2010

SER SOLTEIRO OU CASADO?

Abro uma lata de cerveja, olho para as paredes e elas se distanciam de meu olhar tímido e alcolizado, as cores são substituidas por odores, o cheiro de saudade vem coberto por formas monstruosas de liberdade, sou um ser livre na noite, escolho me abrigar na solidão de minha sala e me consolar com a bebida mais gelada que há em minha geladeira. Saio em minha imaginação por bosques, infernos, terrenos arenosos, bibliotecas com clássicos literários, passeio por filmes de ficção-científica e acabo mergulhando em romances platônicos com gosto de pornografia.
O relacionamento é algo discutível, sempre que vejo pessoas falando sobre a vida de casado é engraçado notar uma pontinha de saudade da vida de solteiro, da época em que se podia caminhar livremente e escolher com quem ficar, a hora de voltar ao lar, sem satisfação para dar, porém essas pessoas não pensam sobre momentos como o citado no paragráfo escrito a cima, onde eu e minha lata de cerveja curtíamos a solidão de um dia de domingo.
Ser solteiro tem seu lado positivo, pode-se paquerar a vontade, transar loucamente com pessoas diferentes sem medo de represálias ou de broncas do parceiro, não há a dor da separação, brigas matinais, rotina sexual, há a aventura, disposição em penetrar em orgãos diferentes, beijar bocas ocasionais, conhecer gente nova, pular sem para-quedas no mundo da liberdade. Esse mundo fantástico é limitado pela falta de companheirismo, uma pessoa para dividir frustrações, prazeres, alegrias, dúvidas e vitórias, a solidão  é bem vinda, mas em excesso maltrata e isso é sentido pelos poros dos soteiros.
Difícil analisar o que é melhor, ser solteiro ou casado? Sempre haverá os pontos negativos e os positivos, como tudo na vida obviamente, mas no geral sempre ficará aquele sonho nostálgico da vida de solteiro ou uma frustração solitária por não ter tentado a vida de casado. O mundo é assim, um eterno descontentamento.

segunda-feira, 12 de julho de 2010

POLÍCIA, PROFISSIONALISMO E "NEUTRALIDADE"

Só quem já foi ao inferno pode drescrever com maestria e verdade o que é o calor que penetra na alma e não deixa saudade, mergulhar nos pensamentos de pessoas sofredoras, angustiadas e desgraçadas é beijar a serpente venenosa de nossos desejos, medos e arrependimentos. Aqueles que passeiam pelas sarjetas da sociedade compreendem melhor a marginalidade, homicidas, traficantes, assaltantes, viciados e todos os desalmados páreas da sociedade, trabalhar na área de segurança pública é abraçar com devoção e sem preconceito a parte podre do corpo social. Sangue, gritos, risos irônicos, violência doméstica, tráfico de drogas, estupro, tudo é digerido pelos corações e mentes dos policiais.
Sentir prazer em trabalhar com o marginal, grotesco e desavergonhado grupo de bandidos, viciados e pobres sem causa parece excentricidade, mas é algo que vai além do mero prazer com o esquisito, tem haver com justiça, ética, romantismo barato, sobrevivência e trabalho digno. Mergulhar no lixo da comunidade, nos seres humanos bestializados, maltratados, passar pelos cafajestes, malandros e maldosos, e parar nas vítimas do acaso, tudo isso é um passeio pelo campo policial.
O policial tenta não levar para o lado pessoal, ele é um profissional, porém não é uma máquina e as veses acaba se sensibilizando ou questionando certos atos como é o caso das mulhres que sofrem violência doméstica, apanham de seus parceiros, sofrem ameças, sentem na pele a estupideza humana. Assassinos são mostrados como monstros, mas muitas veses são pessoas comuns e sem um passado criminoso que cometem esse tipo de crime, a paixão, o calor da emoção nos levam muitas veses a cometer atos bárbaros, isso não os justificam, porém nos tras a compreenção de tais atos.
Muitas das brigas entre casais é por causa de ciumes,a insegurança trás consigo a dúvida angustiante sobre a fidelidade do outro e nesse contexto o machismo, a ignorância levam muitos homens a violência, assassinatos e situações desumanas. Tratar disso com objetividade não é fácil, requer muito equilíbrio e profissionalismo.
Mergulhar na desgraça da sociedade, penetrar no antro da pedofilia, estupro, roubo e drogas é enfiar a cara na fétida espuma que cobre o lago social de nossa formação humanitária, ser profissional no campo policial é ser como Atlas carregando o mundo nas costas.