sábado, 13 de março de 2010

tristeza e a vida como ela é

O calor permanece, mesmo o tempo estando nublado e cinza, mesmo ele estando com esse ar triste, melancolia repentina que se ajusta a solidão de uma tarde sem perspectiva, a tristeza reza, chora, grita e comemora, ela cai no abismo, reflete nosso falso sorriso, prima pela beleza grotesca, pelo feio, certeza que reina na dúvida de corações dilacerados de seres em pedaços, humanos descalços, sem graça pelas ruas da desgraça, assim reina em mentes e coraçõs.
Negar a dor e o sofrimento é de praxe do ser humano, a tristeza é vista com maus olhos, como o diabo no imaginário cristão, porém não há como negar a presença da dor e do sofrimento em nossas vidas e a tristeza também, pois são parte da vida, não porque está "escrito nas estrelas", mas por está presente na louca e caótica odisséia terrestre que chamamos de vida. Aceitar não é desejar, desejar ser triste é masoquismo, aceitar é maturidade, um passo decisivo para superar as paranóias e fraquezas infantis em relação a desgraças e sofrimentos. Aceitar a vida como ela é com seus altos e baixos é viver melhor e mais tranquilo rumo ao fim sem razão de nossas existencias.

CLOSER- perto demais

É estranho quando ficamos um tempo sem escrever no blog e derrepente sentimos uma vontade louca e desesperada de pixar idéias, frases e coloridos cuspes de sentimentos, frustrações, esperanças e fantasias em um texto para nos deliciarmos, pensarmos ou apenas "passar o tempo". Temas percorriam por minha cabeça, aquecimento global, ficção-científica, filosofia existencialista ou até mesmo pornografia, mas o meu momento atual me levou a questionar o jogo do amor e nada melhor para isso do que falar da obra prima do cinema intitulada CLOSER- PERTO DEMAIS. No filme vemos um quadrado amoroso formado por um escritor de obtuários ( Dan), uma streper ( Alice), um médico e uma fotógrafa (Anna). Mentiras, traições, cafajestismo, busca pela felicidade, uma verdadeira odisséia amorosa recheada com falas intrigantes e bem escritas, o filme é estremamente teatral com enquadramentos que previligiam os rostos e a interpretação marcante dos atores que se apoiam em um texto forte e adulto.
A crueldade dos jogos amorosos é revelada aqui de forma realista, sem muita fantasia, os personagens são metáforas dos esteriótipos que reinam em nosso mundo, difícil não se identificar com algum deles no filme, sem heróis ou coitados essa película desnuda o ser humano em sua crueldade, ingenuidade, loucura e desespero em busca da felicidade em relacionamentos cheios de altos e baixo,  a traição parece ser a mais marcante característica desse filme, mas ele vai além nos colocando frente a frente com o ser humano e suas relações, o amor e o sexo são mostrados mais por diálogos, as cenas são retratos de uma luta pela felicidade.

Apesar de previligiar mais os rostos e as falas o filme também traz cenas com coloridos fortes como a do clube onde Alice trabalha, a trilha sonora vem para reforsar qualitativamente essa obra, com direito a ópera, bossa nova e é claro a músicam tema que abre e fecha o filme:  The Blower's Daughter -escrita e interpretada por Damien Rice, a música encanta e nos leva ao êxtase.
A história gira em torno do romance entre Dan( Jude Law) e Alice ( Natalie Portman) que se conhecem durante um acidente de transito, ele acaba se apixoando pela fotográfa Anna ( Julia Roberts) que está fazendo as fotos para seu livro, Anna acaba se envolvendo com o médico Lerry, magnificamente interpretado por Cliven Owen que dá um tom agressivo e apixonado ao personagem. A traição de Dan e Anna é que vai ser o pivô das discussões, brigas, mentiras e reconciliaçõs do filme que vai da paranóia ao êxtase do amor, com toda a sua crueldade e beleza. Um filme realista, bem escrito e interpretado com a direção do mestre Mike Nichols- o mesmo de A Primeira noite de um homem.