segunda-feira, 26 de abril de 2010

vida e improviso

Hoje fui pego de surpreso, tive que desmarcar compromissos, redirecionar minha agenda, em suma, tive que improvisar. É ingenuidade nossa achar que controlamos nossas vidas, no máximo tomamos decisões que nos levam a caminhos loucos, improváveis e curiosos, mas que são frutos de nossas escolhas, estas por sua vez se dão em determinadas conjunturas e dividem espaço com outras escolhas num mundo de acasos e caótico, onde a regra é a falta de sentido e a verdade é a dúvida.
No mundo esférico e azul existimos soltos, nessa vida humana estamos expostos ao acaso e inesperado, a todo momento somos surpriendidos, a vida é uma peça sem ensaio onde reina o improviso, saber se adapatar e tomar novas decisões em novos momentos é uma das verdades desse mundo mentiroso, pular na água e cair no seco é tão provável quanto respirar oxigênio, carrocel absurdo é essa estadia curta na terra, esse caminhar lento em curto período, respirando, amando, gozando, sofrendo. Terminar um texto é tão difícil como perguntar sobre o óbvio e descobrir que a falta de resposta é latente em nossas memórias, crenças são derrubadas, mentiras ressuscitadas e verdades relativizadas, o tempo é uma ponte entre o ser e o nada, a nadificação do mundo é obra da arrogância da consciência, as escolhas e decisões são mundanas e não determinantes, o não pensado e o pouco provável reina, o improviso é uma constante, o resto é só especulação, narrativa sem valor como o texto aqui gritante.

domingo, 18 de abril de 2010

NOITE E MOMENTO

A noite cai, com ela vem um misto de mistério, romantismo, magia e terror, o calor infernal dá lugar a uma leve brisa, corpos se movimentam na escuridão, mas a luminosida os atrai, quase como coadjuvante o som fervente e envolvente treme no ar e freneticamente envolve os corpos; movimentos sensuais, desconcertantes e involuntários tomam contam dos seres ali presentes. Olhares tristes, provocantes, lascivos e românticos, todos eles expressam desejos, raivas, solidões, todos estão presente para se divertir, para fugir da rotina, da solidão ou encontrar algo ainda invisível em seu coração.
Como é grande a esperança, maldita como o amor, ligeiramente estúpida como a juventude, ela não tem fim, é apenas uma espectativa, o encontro entre frustração e êxito é total nessa noite louca, exdrúxula e colorida, pessoas sorridentes, mentes efervescentes, mentiras sinceras voam pelas bocas e caem como sementes nos ouvidos desatentos das criasturas noturnas que se movimentam loucamente.
Conversas, lágrimas escondidas, gargalhadas descomprometidas, estou passeando meu olhar aguçado sobre esse painel de horror visceral, colorido descomunal, mistério a desvendar, sou mais um solitário na noite, papos agradáveis, sexo casual, tudo preenche as lacunas de uma existência surreal, mas nada disso consegue me livrar da naúsea e mal estar do dia seguinte, as mulheres, sensualidades, brincadeiras e grotescas imagens da noite, tudo é diversão, reflexão, emoção passageira, ficam lembranças embaralhadas, uma certa nostálgia, mas é só isso, "se não há espernaça vive-se o momento" já dizia Chaplin em um de seus filmes, vivi o momento, gozei, dancei e me aborreci, conversei, sorri e me despedi da noite com um beijo no sol e acordei para mais um dia antes do fim.

terça-feira, 13 de abril de 2010

sem explicação

Não tenho verdades a pregar, mas somente dúvidas e angustias a compartilhar, a certeza é passageira, a verdade relativa, a morte o limite, a vida um caminho obscuro com um fim trágico, gargalhadas tomam conta do drama espetacular da respiração, a comédia do amor e a ironia da desgraça traçam seu perfil no mapa do acaso, no destino escrito. As respostas não satisfazem minhas dúvidas, a vida não toma conta do meu ser, sou condicionado por meus loucos, exdrúxulos e obcecados pensamentos a acreditar no caos universal que reina no mundo, a falta de sentido de nossa existência não é perfurada pela broca da religião, mas colorida pela psicodelia e poesia da arte.
Me pergutaram sobre a origem dos seres e do mundo, eu não tenho resposta, também não creio na magia religiosa ou em explosões cósmicas, convivo bem com a falta de respostas, com o pessimismo político e com a ficção-científica; não duvido da morte, do amor e da dor, apenas não tomo caminhos complexos ou explicações sem cor, percorro meus olhos nas estrelas, minha consciência voa em direção ao mundo, o mundo derrete em minhas mãos, surrealismo e tragédia enchem de riso e graça minha boca cheia de dentes, a linguagem pergunta em meu cérebro por explicações, minha voz só consegue proferir dúvidas, a pergunta é o começo e o fim da inteligência.

domingo, 11 de abril de 2010

CULPA

Tento escrever, mas a dificuldade é imensa, o ar que encobre minha pele me dá alergia, sinto naúsea do universo, parece que uma dor cortante penetra em  meu ser, alucinado estou correndo sobre o mesmo plano, o peso da culpa, a desilusão com o mundo, tudo misturado com a falta de perspectiva leva o funesto e desequilibrado mal estar no mundo. O simples fato de está presente nesse planeta já é motivo de desagrado e insatisfação, minha existência parece ser um empecilho, a satisfação, a alegria e o gozo da vida estão misturados ao monótono e ridículo senso de presença no universo, o absurdo da vida não me encanta mais, o caótico jogo do acaso perdeu parte do seu charme sem razão, me lembro que na religião ainda há o tal "sentido" da vida, mas para mim que não acredito mais nessas ficções e crio minhas próprias verdades não há mais espaço para isso.
Olhando para o abismo grito sensualmente, ouço a respiração da morte, lenta e sonora ela pertuba minha paz, a única razão para preocupação é o fim do caminho, se não fosse a vida algo finito estaríamos condenados a tal da eternidade, ao sofrimento eterno. Minhas frustrações e dissabores continuam em meus pensamentos, mas a vida é feita apenas de momentos, passageiros como lágrimas na chuva e que vão sumir no espaço, como na roda da fortuna me vejo novamente no turbilhão da alegria, do gozo e da ilusão, sem sentido metafísico, transcendental e teleológico, mas com o pé no mundo louco, caótico e humano eu vou caminhando rumo ao nada, com minhas espectativas, loucuras, romances e etc. A culpa ainda ronda meus sonhos, mas acordo sempre para mais um dia nessa contagem regressiva chamada vida.