sábado, 16 de julho de 2011

AMO TUDO EM VOCÊ

                                                                                                                                       
Amo tudo em você, amo seu jeito discreto de gritar, de bailar. Amo sua barriga, sua disciplina, sua falta de energia para engolir as verdades do mundo.
Amo tudo em você, amo suas rugas, suas carícias pela manhã, seu clamor, nostalgia.
Amo tudo em você, amo seu olhar de ternura, de horror, seu nojo pelo frescor, por idéias constrangedoras, amo tudo em você , amo suas partes desligas do interior, suas vagas lembranças da dor.
Amo tudo em você, amo sua raiva pela política, seu otimismo pela sociedade, seu amor pela atmosfera.
     Amo tudo em você, amo seu ciúme, amo sua transgressora filosofia nietzscheana, amo sua competência para falar do nada, do sol, da metafísica.
       Amo tudo em você, amo sua alegria, sua preguiça, amo seu forte abraço, seus beijos quentes, seu orgasmo de repente, sua solidão.
     Amo tudo em você, sua nostalgia sem razão, seus sentimentos encobertos, suas lágrimas que nunca aparecem, amo até a falta que há em você.
      Amo tudo em você, amo sua carência, sua irreverência, amo o caótico, o semiótico, a hermenêutica que vaza pela náusea sartreana de suas falas sinceras.
   Amo tudo em você, seu silêncio, seu gritante olhar de desobediência, seus gemidos de prazer.
       Amo tudo, amo inclusive você.

terça-feira, 12 de julho de 2011

O AMOR MORRE?

Olha para o céu e pede desculpas a Deus por existir, mas se foi Deus quem fez a Terra, o cuspe, a porra, a mosca e ele também, não deveria pedir desculpas por existir, talvez deveria culpar Deus ou achar engraçado Deus não existir e blasfemar contra o acaso por sua desgraçada existência. Ele não fazia nada, apenas se desculpava com seu reflexo na água do lago. Existir era uma tragédia, amar era mistério, refletir era uma tortura sem igual, igualdade e fraternidade, lemas a muito perdidos em algum lugar do passado.
Uma música, pingos de neve no país tropical, desigualdade de excitações, emblemas na atmosfera, vejo o futuro se aproximar com uma nuvem de dúvida, vejo seus olhos se enchendo de lágrimas salgadas como o mar, amar é um inferno, ele suspira e pega suas palavras e as joga no ar com sua boca maldita, a mal criação é não pensar nos lábios dela, ele pede desculpas por traí-la, mas ele também já foi traído, isso não o desculpa, ele grita com os seus belos e pensamentos sobre suas feias cogitações. O mar seca com as lágrimas derramadas.
Uma nota, uma cor, uma flauta toca o desgosto, ele se recrimina, ele se agita, ela não o ama mais, ela odeia tudo que a lembre esse fraco e crente homem, ele teima em acreditar em Deus, em acreditar no perdão, ele quer ser perdoado, pede desculpas, ela ama a vida , tem tesão no ar que ninguém vê, a música toca. O Inverno chega com a nostalgia do passado, a música toca a majestade, a dor de existir se reflete nas palavras soltas no ar pela a eternidade do fim de tarde, ele se aproxima do lago, vê seu reflexo e se joga, ela não chora a perda dele, ela ama demais a vida, mas sente saudade de seus beijos. A música toca algo triste, ela ri, mas sua risada não convence. Esse texto é uma mentira sincera, a morte dele é uma fraqueza, ela espera e se lembra das rosas vermelhas, no fim tudo morre, o amor morre?