quinta-feira, 25 de novembro de 2010

TEXTO NA MADRUGADA

A bebida desce suave por minha garganta, faz travessuras em minha boca, deixa um sabor leve de entorpecimento e esquecimento, depois de uma noite regada a cerveveja com sexo casual, conversas descomprometidas e risadas sem sensura passo uma madrugada sem sono, sem lei, sem causa, sou mais um vampiro depois da mordida fatal, depois do gozo sensual, tenho insônia as vezes, as vezes penso que vivo, a morte deve ser um sonho também.

A música em francês me leva a nostalgia, ela é da década de sessenta, fala de amor, dor, fatalidade, penso na noite que ainda não acabou, na bebida que me fez ficar tonto, pensar coisas absurdas, dizer palavras sem nexo, piadas sem cabimento, transar sob o efeito do ácool é ainda mais psicodélico, o esperma escorrendo pelo canto da boca da moça, seus gemidos de prazer, seu corpo se desmanchando em lindas nuvens de tesão. Mesmo tendo felicidade no ato, sensação de calma depois da farra e minutos de descontração na conversa embriagado ainda tenho resquícios de melancolia na memória, tenho um fardo pesado para carregar, minha existência é algo difícil.

O cristianismos tem a mania de tornar as pessoas carneirinhos, coitadas e vítimas, não sou um coitado ou vítima, sou dono do meu destino, responsável por meus atos, arrogante as vezes, nos últimos dias vi minha fama de estrovertido, legal e sociável ser deturpada por problemas profissionais, deixei um departamento por motivos pessoais, não sou máquina e nem obrigado a trabalhar com uma pessoa com características psicopatas  e que não se sociabiliza mais com ninguém, por causda disso algumas pessoas me acharam irresponsável, rancoroso e não profissional, quem me conhece e sabe minha história sabe que não é bem isso, todos que me acompanharam de perto me apoiam e sabem que apesar de não ser vítima sou mal interpretado, escrevo tudo isso depois de uma noite de bebidas , sexo, alegria e muita risada, mesmo assim antes de dormir penso com melancolia sobre o fato, a insônia me obriga a refletir sobre meus dias  e sobre minha caminhada nesse mundo, a consciência é um mal que aflora em minha ansiedade e angustia, sou tragado por esse monstro. As lembranças, do entorpecimento, dos gritos de prazer, do esperma escorrendo depois do sexo oral se misturam com minhas desventuras amorosas, amizades perdidas, profissão em declínio, sou mais um louco tentando enterder o mundo, esse ser sem explicação, o caos é que reina, o acaso me levou a existir.A madrugada não termina, tenho que trabalhar daqui a três horas, fim de mais um texto, mas ainda respiro, isso não é necessariamente um motivo de alegria, as lembranças das risadas me alegram, o bar toma uma forma de templo, a vida é mesmo passageira, assim como a alegria dessa noite e a melancolia desse texto escrito na madrugada.

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