sábado, 6 de novembro de 2010

NA ILHA

No seriado cult chamado LOST algumas pessoas vão parar misteriosamente em um ilha, nessa ilha não há como sair, nela elas vão encarar seus medos, passado, vão ser testados e procurar qual o sentido de suas vidas e o por que delas estarem naquela ilha, as vezes me sinto nessa ilha, perdido na vida procurando um sentido, o chão parece sair e dar lugar a um abismo, caio nele sem para quedas, sem segurança, não tenho medo, tenho angustia, viver é um absurdo tão grande quanto o céu, vou vivendo perdido na ilha procurando uma saída, nesse processo vou me descobrindo, quanto mais sei de mim mais perdido fico. A morte aparece como salvação, mas no fundo não queremos ser salvos, na vida isso não existe, a religião tem um discurso de que a vida é cheia de pecados, a vida não é um reduto pecaminoso, um monstro , uma prisão da qual precisamos ser salvos, ela é apenas um acaso no qual caimos sem pedir, sem pensar, na vida não há desculpas ou perdão, fazemos o que queremos, desejamos ou achamos que é o certo, somos conscientes dos nossos atos, de nossas omissões, traições, paixões, aventuras, amores, dores, nossas escolhas, somos frutos dos caminhos que nós mesmos escolhemos, mesmo nos sentindo perdidos na ilha.

Escrevendo esse pequeno texto eu poderia imaginar uma cena violenta, corpos cheios de vermes devorando a carne podre, sexo, um pênis jorrando sêmem em uma boca, uma vagina molhada sendo penetrada, poderia imaginar um cérebro espalhado com muito sangue sobre uma calçada, guerras, corpos sendo queimados, estupros, crianças com fome, amores, beijos românticos, mas o que me vem a mente é um velório, pessoas tristes olhando para um caixão, velas, algumas rezas e orações, lágrimas percorrendo rostos, saudade antecipada, frustração, a cena é melancólica, sem explicação, penso nela de forma genérica, não é um velório específico, a morte tem esse poder sobre minha imaginação, na ilha onde estamos perdidos a morte tem um peso importante, é o fim, para alguns um recomeço, ela dá um certo charme a vida, sem a morte não haveria momentos intensos, tudo seria chato, aproveitamos os momentos por que eles são rápidos, passageiros, a vida só nos dá uma chance, depois é tarde demais, algumas pessoas jogam fora as oportunidades e depois ficam se lamentando, arrependidas, até pedem perdão, é tarde demais, a vida passa rápido, furacão, ainda preso na ilha, respiro o ar de aventura, mistério, somos curiosidades com pernas, queremos chegar ao fundo, saber de tudo, a revelação nos mostra que há mais dúvida do que explicações, assim caminha nosso mundo.

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