Saio a noite sem destino, cavaleiro das trevas rodo pela cidade como um morcego, vejo bares, casas de dança, mas nada me atrai. Paro o carro, olho a minha esquerda e vejo o portal para outra dimensão, entro nela, estou dentro de um cine-teatro.
Bebo uma cerveja e a música começa, o trio de músicos é engraçado, o tecladista tem cara de psicopata e toca maravilhosamente bem! O baterista com seu rosto simpático demonstra emoção nos seus movimentos, torna a música mais humana, já o baixista tem um semblante sério e fechado, um ohar mal humorado que empresta um charme estranho ao grupo.
A música é vibrante, o jazz penetra em minha alma e vai até as entranhas do meu ser, me vejo contagiado, empolgado, parece que o capeta está tocando arpa no ceú e cuspindo fogo nas nuvens celestiais. Êxtase, brilho e rítimo, pessoas paralizadas frente ao talento sonoro, células explodindo ao som cósmico do teclado, paredes estremecendo pelas batidas da bateria, corações batendo ao som do contra-baixo.
Raiva, alegria, guerra, sexo, crianças sorrindo, cachorros latindo, sangue escorrendo pelas paredes, sorvetes brotando da terra, emoções contraditórias, visões mágicas e absurdas, sons maravilhosos, a arte da improvisação, música para ouvidos afinados. O jazz encheu meu peito, me deu novo fôlego, filosofia sem palavras, instinto sensorial, mais um dia vivido, só que de forma intensa dessa vez.
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