O calor é infernal, ligo o ventilador e sinto uma onda de ar quente vindo até minha carne, chocolate, água gelada, música no pc e muita nostalgia vibrando em meus sonhos acordado, estou ouvindo concerto para uma voz, uma voz que não não diz uma palavra, mas diz muita coisa com sua harmonia, encanto e suavidade, lembro de minha infância, passeios de bicicleta com meu pai por setores de Goiânia, casas com vidros parecidos com os de igreja, na época eu ainda era uma ovelhinha e acredita em foraças do além, transcendentais e mágicas. Como é bom lembrar e se encantar com uma memória tão bonita, como é bom criar espectativas otimistas, sonhar com um futuro melhor, mesmo sabendo que a maioria dos sonhos não se realizarão, logo após esse meu estado meio Peter Pan sou jogado no objetivismo pragmático e forçado pela minha insana e depravada mente a despir a vida de seus belos e ingênuos sonhos, nostalgias e encantos. Olhando objetivamente a vida não tem beleza, é apenas uma passagem, seja pelo ponto de vista ateu, cristão, mulsumano, não importa, todos vêem a vida como uma simples passagem, seja para um inferno, um paraíso ou para o nada, para o fim da existência. Nesse últuimo caso fica claro também a falta de sentido da vida.
Uma vida sem sentido, como é complicado continuar teimando em existir já que não há um propósito na vida e o pior é que ela também é desencantada, não há mais magia, forças do além, deuses que regem e comandam essa nossa vida, logo ela também perde parte da beleza. Refletindo sobre isso podemos ir mais longe, nascemos sós e morreremos sós, a solidão que é algo tão crucificada é também uma das principais companhias em nossa jornada terrestre. Como não se desesperar ou entristecer com um quadro desses, uma vida caótica e sem sentido, ilógica, sem beleza e fadada a solidão, para piorar existe a consciência que nos leva a refletir e tomar conhecimento dessa realidade. Como continuar a "querer" existir em um mundo como esse?
Dançando comigo mesmo sou levado no embalo da valsa rumo ao fim do salão, lá me deparo com a falta de respostas e com a magistral pérola humana: a dúvida, escrevo não para dar respostas, mas para dividir dúvidas, mas tenho conclusões, que são mais "passa tempos" do que soluções, vejo como esse pessimismo maltrata e machuca a alma de quem lê esse texto, parece que a angustia que atordoa também mata aos poucos a alegria de viver, mas rir das desgraças e das contradições da vida é um belo exercício, não vejo com maus olhos tudo o que escrevi nas linhas acima, vejo isso como realismo, saber que somos apenas cuspes solitários num acidente cósmico, onde não um plano divino, porém apenas um tempo de vida. A beleza e o encantamento está em aproveitar cada rápido e intenso momento da vida, enchergar o prazer na passageira existência, não negar o dor e o sofrimento, tornando-os pedagógicos, pedras no terreno da odisséia terrestre. O amor e os poucos momentos de alegria que nos restas pode ser um sentido para a vida, mesmo que seja passageiro também e que morrerá com a carne e desaparecerá como lágrimas na chuva.
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