domingo, 19 de setembro de 2010

500 DIAS COM ELA


Roteiros já batidos, histórias mais do que conhecidas, finais melosos e felizes, assim são a maioria das comédias românticas, gênero já desgastado, para alguns até ultrapassado como foi o caso do western, mas ele continua, tem sucesso comercial, muitos admiradores, porém a maioria das produções desse gênero são apenas réplicas de filmes já açucarados, fáceis e bregas, que fizeram sucesso e cairam no gosto popular. Sair do estabelecido, solidificado e cultuado é difícil, inovar é preciso, para isso talento, coragem e um pouco de ousadia são necessários e isso foi  usado pelo novato na direção Marc Webb no filme 500 dias com ela, pequena obra prima moderna que encanta, entristece e nos leva ao caótico, cruel e cômico jogo amoroso.
Um cara normal e pouco sedutor se apaixona por uma beldade, linda, simpática, isso pareece com um roteiro de filmes de sessão das tarde, mas não é,  Joseph Gordon-Levitt é Tom Hansen um arquiteto fracassado que trabalha em um escritório de cartões, ele escreve mensagens de amor, felicitações etc. Zooey Deschane é Summer Finn a nova secretaria do chefe de Tom, ele se apaixona logo de cara por ela e começa ai a odisséia amorosa de nosso anti-herói. O filme conta os 500 disas de relacionamento entre os protagonistas, as idas e vidas, o namoro, o relacionamento casual, a amizade e os períodos de separação, com inteligencia e ousadia o diretor nos coloca em um filme dinâmico onde a falta de linearidade é o carro chefe, o roteiro não segue a lógica dos dias, mas sim das emoções, das contradições, em uma cena temos uma briga, na outra temos o inicio do relacionamento, como num video clip somos jogados num turbilhão de emoção onde Tom se perde na tentativa de amar Summer. Os personagens são riquícimos, Summer é uma mulher forte e decidida, é ela que conduz o início o andamento e o fim do relacionamento, mas mesmo sendo assim ela também é vítima da falta de sentido da vida, ela é protagonista pela busca de felicidade em um mundo onde não conseguimos entender nossos relacionamento, Tom se esforça e desdobra em busca do amor de Summer, essa odisséia amorosa nos leva a momentos cômicos, dramáticos, a passeios musicais, a um filme humano que mostra dois seres em busca da felicidade, mas permeados pela melancolia de uma vida onde só nos resta sorrir para nossas desgraças.
Com uma trilha sonora fantástica onde músicas de Regina Spector, The Smiths e Hall & Oates embalam, encantam, emocionam e dão dinamicidade a cenas como a que Tom sai pela rua dançando, cumprimento pessoas e se depara com um pássaro- desenho animado-, cena mágica, fantasia sobre o êxtase, outro momento que merece destaque é onde Tom sobe as escadas do prédio de Summer para encontrá-la e vemos a tela dividida entre o que ele criou em suas expectativas otimistas e a "realidade". Esse filme é uma obra prima, cinema de diversão, reflexão e beleza, ousado, engraçado e emocionante sem ser lacrimogênico, uma visão sobre amor diferente, arte de qualidade, a vida com uma estética irreverente, um momento para nos deliciarmos com nossas próprias verdades.

Nenhum comentário:

Postar um comentário