Cansado e mergulhado na contemplação volto de mais uma ida ao rio, depois de uma tarde prazerosa onde o sol escaldante e companhias agradáveis me deram mais um dia de prazer sobre essa terra tão cheia de desventuras, ao longo do caminho de volta viajo na atmosfera laranjada e no sol fonte dessa coloração cinematográfica, lembranças nostálgicas me chegam sem pedir licença e sou jogado no carrocel louco e sem juízo da memória a um passado poético e pouco sólido, vejo em minhas nostálgicas lembranças viagens de volta a Goiânia, me lembro quando viajava com meus pais para o interior e quando voltava dava de cara com essa cidade efervescente chamada Goiânia, brincadeiras, desenhos, virgindades perdidas, amores encantados, paixões recolhidas, prazeres atômicos, amizades de mentira, companheiros de verdade, verdadeiras fábricas de magia, um turbilhão de emoção, pensamentos sem noção, desesperos, identidade, pensar em sua cidade natal é um misto de horror e felicidade.
Pensar no impensável, sonhar com cheiros do passado, refletir sobre urbanidade forçada, mergulhar no sentimento de pertencimento imaginário, criações arbitrárias, sensações inconscientes, decisões libertárias, somos donos de nossas amargas, belas e sensatas loucuras do presente, assim como pelo passado tão encantado e cheio de problemas, bosques e tardes de domingos, cinema e fumaças cinzas, poluição amorosa, criações venenosas, ruas que passei, pessoas que beijei, escolas que ensinei, brigas que aprendi, dores do momento, paixões e tormentos, ideologias políticas radicais, otimismo perdido, tudo dentro da mesma urbanidade, nostálgica e cheia de saudades, assim me vejo frente a Goiânia, esse misto de horror e saudade, amor, mentira e prazeres impensados, talvés em um ano no máximo estarei de volta ao meu lar e ai eu possa dizer como Elba Ramalho: estou de volta para o meu aconchego.
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