A noite cai, sua frieza penetra em meus poros, seu ar de mistério e magia acelera meu coração. As ruas são túneis negros de beleza e paz, gatos no cio gritam seu prazer sobre os tetos, cirenes ecoam na madrugada. Meu carro percorre o tapete asfáltico em busca de lugares tranquilos, a lua ilumina rostos pálidos e drogados, a vida é mesmo bandida.
Sinto o gosto da morte, a noite ela está mais presente, viva... ela atormenta. Posso respirar aliviado, pois já vejo rostos marginais, viciados, bêbados, prostitutas e bares. Posso sorrrir para o inferno.
No som do meu carro vibra distorções de guitarra, é a música love hurts, ela é melancólica, combina com o meu estado masoquita. Paro e olho ao meu lado, um jovem está fumando um cigarro. Ele sorri, acho que devo ser o diabo para retirar sorrisos de demônios noturnos. Duas adolescentes me pedem chicletes, elas são sensuais, novas e tentadoras, o primeiro passo para a perdição!
Continuo na minha peregrinação automotiva rumo ao acaso, quero encontrar o que nunca procurei, mas só acho o que nunca desejei. O calor de uma boca envolve meu fruto, meu corpo num prazer oral e profundo. Sinto meu líguido inundar esse quente espaço. Me conforto em um copo de cerveja gelada em um bar horrível ao som de música sertaneja, é mesmo o caos.
O sol ainda não iluminou meus pensamentos, a noite permanesse por mais uns minutos, mas já vou embora rumo ao monótono dia, quente como larva, estúpido como uma vaca. Ele chegou. Bom dia paraíso infernal.
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