Ele sempre se perguntava por que os heróis não choravam, ele tinha seu coração aflito, uma pergunta presa na garganta, uma indagação que levava sua alma a arder nos infernos das dúvidas: Por que sofremos? A dúvida sobre nossa existência era marca registrada de seus pensamentos sádicos, de suas reflexõs profundas e pornográficas. Para João só poderia haver uma razão para a vida e essa razão era Deus, o arquiteto do cósmo, o criador do bem, a luz que ilumina nossas vistas pecadoras.
Caminhando lentamente sobre a grama, com pisadas meigas e suaves ela desfilava seu corpo magro, sua face angelical refletia a luz do sol, brilhava mais que vaga-lume ou olho de gato, sua saia chegava até os joelhos, mas isso não impediu que os olhares fuzilantes de João a despice com a mente e visse sua carne infernal a tentá-lo, a levá-lo ao mundo da luxúria. Com um ato rápido e inesperado João agarrou a moça desconhecida e bonita e a levou para dentro do bosque, seus gritos desesperados foram abafados pelas mãos calejadas do pedreiro temente a Deus e angustiado por dúvidas infernais.
Olho nos olhos desse humilde e pacato homem, pergunto-lhe qual a motivação de um crime tão bárbaro e ele chora como uma criança, vejo a ternura em pessoa bem em frente a me fitar com vergonha e humilhação. Como um ser tão bom, religioso e trabalhador pode fazer tamanha crueldade, realmente o bem e o mal não estão separados, mesmo dentro dos mais bondosos seres humanos há um animal sanguinário e feroz adormecido.
A roupa da moça desconhecida foi arrancada com uma força bruta fenomenal, seu corpo agredido com dentadas e murros, uma boca sedenta por carne conseguiu desfigurar aquela beleza jovial, sua vagina foi penetrada com violência e sem clemência, seu ânus e sua boca foram palcos de um show de dor, o prazer mórbido e agressivo de joão o levou ao limite do êxtase, uma verdadeira explosão de orgasmo. A língua que a desconhecida usava para falar três idiomas foi arrancada por um beijo apaixonadamente grotesco, o sangue que jorrava de sua boca se misturou com o dos outros orifícios.
Aquele jovem tímido de pucas palavras e muita força trabalhou duro para sustentar seus pais doentes, suas mãos calejadas foram usadas para quebrar o crânio daquela desconhecida, a humanidade bate palmas para a crueldade, sua vergonha o fez suicidar, eu acompanhei de perto aquela criatura doce e lacrimejante que teve a ousadia de ser sádico e homicida.
Abro o jornal, a notícia estampada na capa é de um crime que chocou todo o país, João pedreiro é o protagonista dessa bela reportagem que leio com sofreguidão e curiosidade, tenho uma atração por seres humanos e seus atos mais loucos e improváveis, esse homem é realmente uma beleza rara do zoológico da podridão sapiente. Aquela desconhecida é vítima do acaso, da loucura, do desejo incontrolável do animal que dormia no coração do pedreiro gentil e trabalhador. O sangue escorria pela grama do bosque.
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