sábado, 26 de setembro de 2009

zoológico humano







Ele sempre se perguntava por que os heróis não choravam, ele tinha seu coração aflito, uma pergunta presa na garganta, uma indagação que levava sua alma a arder nos infernos das dúvidas: Por que sofremos? A dúvida sobre nossa existência era marca registrada de seus pensamentos sádicos, de suas reflexõs profundas e pornográficas. Para João só poderia haver uma razão para a vida e essa razão era Deus, o arquiteto do cósmo, o criador do bem, a luz que ilumina nossas vistas pecadoras.



Caminhando lentamente sobre a grama, com pisadas meigas e suaves ela desfilava seu corpo magro, sua face angelical refletia a luz do sol, brilhava mais que vaga-lume ou olho de gato, sua saia chegava até os joelhos, mas isso não impediu que os olhares fuzilantes de João a despice com a mente e visse sua carne infernal a tentá-lo, a levá-lo ao mundo da luxúria. Com um ato rápido e inesperado João agarrou a moça desconhecida e bonita e a levou para dentro do bosque, seus gritos desesperados foram abafados pelas mãos calejadas do pedreiro temente a Deus e angustiado por dúvidas infernais.



Olho nos olhos desse humilde e pacato homem, pergunto-lhe qual a motivação de um crime tão bárbaro e ele chora como uma criança, vejo a ternura em pessoa bem em frente a me fitar com vergonha e humilhação. Como um ser tão bom, religioso e trabalhador pode fazer tamanha crueldade, realmente o bem e o mal não estão separados, mesmo dentro dos mais bondosos seres humanos há um animal sanguinário e feroz adormecido.



A roupa da moça desconhecida foi arrancada com uma força bruta fenomenal, seu corpo agredido com dentadas e murros, uma boca sedenta por carne conseguiu desfigurar aquela beleza jovial, sua vagina foi penetrada com violência e sem clemência, seu ânus e sua boca foram palcos de um show de dor, o prazer mórbido e agressivo de joão o levou ao limite do êxtase, uma verdadeira explosão de orgasmo. A língua que a desconhecida usava para falar três idiomas foi arrancada por um beijo apaixonadamente grotesco, o sangue que jorrava de sua boca se misturou com o dos outros orifícios.



Aquele jovem tímido de pucas palavras e muita força trabalhou duro para sustentar seus pais doentes, suas mãos calejadas foram usadas para quebrar o crânio daquela desconhecida, a humanidade bate palmas para a crueldade, sua vergonha o fez suicidar, eu acompanhei de perto aquela criatura doce e lacrimejante que teve a ousadia de ser sádico e homicida.



Abro o jornal, a notícia estampada na capa é de um crime que chocou todo o país, João pedreiro é o protagonista dessa bela reportagem que leio com sofreguidão e curiosidade, tenho uma atração por seres humanos e seus atos mais loucos e improváveis, esse homem é realmente uma beleza rara do zoológico da podridão sapiente. Aquela desconhecida é vítima do acaso, da loucura, do desejo incontrolável do animal que dormia no coração do pedreiro gentil e trabalhador. O sangue escorria pela grama do bosque.

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