sexta-feira, 11 de setembro de 2009

SIDERAL


O estrondo é fenomenal, o barulho acelera meu coração, olho para baixo e vejo uma língua de fogo lamber o ar esquentando minha imaginção e aquecendo minha ansiedade. A parede azul é aberta pela estrutura de aço, estou mergulhando na escuridão do espaço, estou indo para a imensidão do universo.

Já faz um ano que estou aqui, não tenho com quem conversar, brincar, sorrir, aqui não existem pessoas chatas, só existem meus pensamentos e o infinito negro a minha frente.

Vejo de longe uma pequena esfera azul, lá dentro há correria, comércio, exploração, amor, tesão, cobiça e árvores, dentro da pequena bola mora um ser com sonhos mesquinhos, com alma alegre e muita fome. Pessoas, pessoas, pessoas, seres que povoam materialmente a Terra e gritam na minha cabeça, enchem meus sonhos de esperança e horror.

Caminhando sozinho pelos corredores da nave sinto a presença de Deus, o paraíso deve ser aqui perto, do outro lado da galáxia. É para lá que vou quando morrer. Que engraçado, já estou no ceú, não preciso mais morrer, só me falta então encontar Deus.

A solidão é empolgante, o nada me acompanha rumo ao infinito, tenho o brilho das estrelas como guia, o sol esquenta minha alegria, o negro e frio espaço me engole com sua verocidade eterna.

Como é romântico flutuar sozinho, como é triste não ver um rosto humano, sinto que vou mergulhar na calmaria, mas sozinho.

O caos e o absurdo estão em toda parte, mesmo nesse gélido e solitário caminho, nem Deus se arrisca a vagar por aqui. Acho que estou indo para o início de tudo, vejo um feixe de luz a encobrir minha conciência. Continuo sem respostas para a vida, ela é mesma uma incógnita, não há sentido nela, apenas uma infinidade caótica, um existir sem motivo.

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