quarta-feira, 4 de outubro de 2017

A arte nua e o grito ressentido vestido de política e moral.



O grito ressentido de quem se vê ameaçado pela contestação de seu mundo, de sua forma de ver o mundo, pela visão que não privilegia a conservação, a roupa, a moral e os bons costumes acostumados com a desigualdade. Um grito rouco, bravo e cheio de raiva, cancerígeno nas ideias, deletério nas ações, balburdia caótica organizada em mentes dementes que são racionais e mecânicas ao enquadrar a vida na administração, são apaixonadas ao defenderem suas ideias contra as ameaças mundanas.

Um coro angelical, de vozes inocentes blasfemam contra o ato democrático de se utilizar o corpo como plataforma informacional, seja ele em um espaço aberto, cheio de pessoas, cheio pessoas das mais variadas idades. Doentes, pecaminoso, criminosos; não roubam, matam, não molestam, mas nos atacam com a linguagem do corpo nu, cru e sem alma.

Um coro de bestializados que são convencidos com argumentos remunerados por pagamentos morais, defendem a moral pois ela é o alicerce desse mundo, esse mesmo, carcomido, corroído, cheio mazelas, delinquências, abusos e que não respira esse ar excêntrico da arte, da arte nua que desnuda os preconceitos, os conceitos e ainda leva a perversão da juventude, como Sócrates o fez na Grécia clássica.

Uma bomba, crianças ensanguentadas, crianças estupradas, crianças nos cárceres, crianças nuas sendo prostituídas, passando fome e alimentado o tesão de velhos conservadores que provavelmente não gostam de arte nua.

Por que se importar em combater a fome, a desnutrição, a exclusão social que levam crianças a cometer crimes? Melhor combater ideias e arte, pois essa é mundana e coloca nosso mundo em perigo real e imediato, como título do filme.

Recentemente uma apresentação artística em um museu causou reboliço, estardalhaço, gritos enlouquecidos de som e fúria, pois um homem nu, corpo naturalizado, está imóvel, rodeado por pessoas, adultos, idoso, adolescentes e crianças. As pessoas tocam nele e ele se move, ninguém tem ato sexual o homem nu, o artista não tem seu órgão genital ereto, ou faz gestos obscenos, apenas passivamente se move a medida que as pessoas o tocam. Isso é pornografia, é pedofilia, é criminal, imoral, ou apenas uma apresentação com corpos naturais, sem a civilizada roupagem que camuflam esse pecaminoso ser chamado corpo?

Educação sexual, libertação, luta contra censura, contra a criminalização da arte, e do corpo, tudo isso parece que foi em vão, pois continuam, como a mil anos atrás, a fazerem com que sejamos castrados artisticamente, manipulados pelas hordas reacionárias que querem ter desculpas políticas, como se isso fosse obra de partidos, que de arte não entendem nada, são burocratas.

As crianças que são prostituídas pela exclusão social, que passam fome e que são jogadas nas latrinas do mundo das drogas, essas ações não criticadas, pois são frutos desse mundo conservador, capitalista e moralista, mas fazer arte que vai contra a civilidade desses excludentes é crime, imoral e bárbaro, uma coisa terrível.

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