O
grito ressentido de quem se vê ameaçado pela contestação de seu mundo, de sua
forma de ver o mundo, pela visão que não privilegia a conservação, a roupa, a
moral e os bons costumes acostumados com a desigualdade. Um grito rouco, bravo
e cheio de raiva, cancerígeno nas ideias, deletério nas ações, balburdia
caótica organizada em mentes dementes que são racionais e mecânicas ao enquadrar
a vida na administração, são apaixonadas ao defenderem suas ideias contra as ameaças
mundanas.
Um
coro angelical, de vozes inocentes blasfemam contra o ato democrático de se
utilizar o corpo como plataforma informacional, seja ele em um espaço aberto,
cheio de pessoas, cheio pessoas das mais variadas idades. Doentes, pecaminoso,
criminosos; não roubam, matam, não molestam, mas nos atacam com a linguagem do
corpo nu, cru e sem alma.
Um
coro de bestializados que são convencidos com argumentos remunerados por
pagamentos morais, defendem a moral pois ela é o alicerce desse mundo, esse
mesmo, carcomido, corroído, cheio mazelas, delinquências, abusos e que não
respira esse ar excêntrico da arte, da arte nua que desnuda os preconceitos, os
conceitos e ainda leva a perversão da juventude, como Sócrates o fez na Grécia
clássica.
Uma
bomba, crianças ensanguentadas, crianças estupradas, crianças nos cárceres, crianças
nuas sendo prostituídas, passando fome e alimentado o tesão de velhos
conservadores que provavelmente não gostam de arte nua.
Por
que se importar em combater a fome, a desnutrição, a exclusão social que levam crianças
a cometer crimes? Melhor combater ideias e arte, pois essa é mundana e coloca
nosso mundo em perigo real e imediato, como título do filme.
Recentemente
uma apresentação artística em um museu causou reboliço, estardalhaço, gritos
enlouquecidos de som e fúria, pois um homem nu, corpo naturalizado, está
imóvel, rodeado por pessoas, adultos, idoso, adolescentes e crianças. As
pessoas tocam nele e ele se move, ninguém tem ato sexual o homem nu, o artista
não tem seu órgão genital ereto, ou faz gestos obscenos, apenas passivamente se
move a medida que as pessoas o tocam. Isso é pornografia, é pedofilia, é
criminal, imoral, ou apenas uma apresentação com corpos naturais, sem a
civilizada roupagem que camuflam esse pecaminoso ser chamado corpo?
Educação
sexual, libertação, luta contra censura, contra a criminalização da arte, e do
corpo, tudo isso parece que foi em vão, pois continuam, como a mil anos atrás,
a fazerem com que sejamos castrados artisticamente, manipulados pelas hordas
reacionárias que querem ter desculpas políticas, como se isso fosse obra de
partidos, que de arte não entendem nada, são burocratas.
As
crianças que são prostituídas pela exclusão social, que passam fome e que são
jogadas nas latrinas do mundo das drogas, essas ações não criticadas, pois são
frutos desse mundo conservador, capitalista e moralista, mas fazer arte que vai
contra a civilidade desses excludentes é crime, imoral e bárbaro, uma coisa
terrível.
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