domingo, 8 de outubro de 2017

Gelo e Polícia, problemas quentes e ações gélidas.



O gelo parece eterno, ele desagua e inunda as esperanças, tentamos enxugar as águas gélidas que escorrem pelas frestas dos dedos, desesperadamente, mas não obtemos êxito, mesmo sendo excepcionais enxugadores de gelo.

A polícia é uma ótima enxugadora de gelo, como se diz popularmente por aí, pois ela não vai ás raízes dos problemas, fica na superfície, para não dizer nas consequências, pois ao combater o crime não estamos combatendo os problemas, entretanto, estamos combatendo as consequências dos problemas.
Ao ver o crime como problema primeiro caímos no engano de estarmos resolvendo as mazelas da sociedade no que se refere a segurança pública; não é em vão que policiais se frustram ao lutarem contra a criminalidade e não verem muito resultado nisso.
No campo dos discursos temos uma guerra verbal em torno das soluções viáveis na área de segurança pública, e muitas vezes as soluções dos governos são policialescas, já que não deram conta, pelos mais variados motivos, de equacionar os problemas sociais, socioeconômicos, educacionais etc. Com isso tratam o social de forma criminal. Nesse contexto quem é contrário a essas ações faz duras críticas as ações policiais, que por sua vez, fazem críticas aos “utópicos” acadêmicos com seus projetos a longo prazo.
O gelo está derretendo, o calor que emana da indiferença com as desigualdades, com a má escolaridade, falta de cidadania na forma mais ampla da palavra, tudo isso derrete o cubo gélido, temos que enxugá-lo para não afogarmos nas águas violentas da criminalidade. A curto prazo não tem como parar a máquina policial, ela é o suporte entre a civilização bárbara e a criminalidade civilizada. Porém, se a longo prazo não tomarmos medidas mais democráticas de participação autogestionária, com distribuição mais justa de renda, com escolaridade de qualidade, e para todos, talvez não tenhamos nem força policial mais que dê conta do recado; vamos naufragar nessas águas mortíferas que se liquefazem no calor a partir do gelo que enxugamos eternamente, com os serviços da polícia que não deixa a população se afogar, mas não contribui para o fim desse cubo gélido dentro da sala, que derrete e sempre se refaz, recrudesce e não para jamais.

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