domingo, 15 de maio de 2016

TEMPOS SOMBRIOS

   A indefinição do tempo, a meteorologia sem futurologia; nublado, mas sem frio, cinzento, melancolia cor de cigarro, fumaça da solidão, quente no coração, frio no pensamento.
Definição de dúvidas constantes, certezas nebulosas flutuam pelo nada da consciência e se solidificam em nuvens efervescentes que se dissolvem ao tocarem sonhos, petrificam ao se chocarem com a pragmática vontade do mundo como ele é.
   Como deveria ser? As possibilidades tem que sair da realidade, mas a realidade teima em dizer que não pode mudar, nuvens solidificadas de sonhos passados, mas e o futuro? E o amanhã? Cinzento como cigarros cancerígenos, ao menos a fumaça sobe até a estratosfera e a esfera gira mudando tudo de lugar.
   E a poesia e a política? Dúvidas em demasia transem azia aos estômagos acostumados apenas a digerirem as mesmas certezas, as novidades deixem para sucos gástricos quixotescos que rezam com a razão e os sonhos no mesmo lugar.
  ÓH gemido grego em tempos sombrios, raios cintilantes em eclipses, luzes perfuram os olhos de quem morava na caverna cyberpunk e platônica da Matrix construida com os tijolos de nossos pensamentos. Cultura de massas para as massas que massificam e aderem a totalidade que negam aos indivíduos o status de respirarem autonomamente, os que o fazem sem permissão sofrem com os poderes transcendentes das opiniões daqueles que governam a publicidade, que administram as vidas, que giram a roda do sistema.
   A indefinição do tempo, chuvas ácidas de pensamentos nublados corroendo tudo que não se deteriorava antes da indagação, e agora, e a poesia,a política e a corrupção? Gemidos são ouvidos nas noites invernais, frias como a neve dos vulcões adormecidos, infernos subterrâneos e camuflados pelo heroísmos, pelos salvadores da pátria, mas, o povo participa de tudo isso, ou apenas assistem alienados a tudo isso como se houvesse apenas uma partida de futebol entre os salvadores liberais e os revolucionários bolcheviques?

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