quarta-feira, 4 de maio de 2016

NEBLINA E BOLSONARO



A neblina escura, espessa, o volume de indecisão, a fumaça das paixões, tudo evapora do sólido sonhar, do forte desejar desenfreado, apenas projeção do que odiamos em nós, do que sai pelos poros da ignorância, da mendicância.

A neblina paira sobre as consciências, o ser ou não ser da sandice se desdobra pelos nervos, pelos dedos, por todos os membros do corpo social, ele surge do nada e do nada ele some, mas esse nada é alguma coisa, é um debate, é o momento atual.
Uma pedalada, um desvio, petróleo, dinheiro, compra de votos, votar é uma compra de alma. Escândalo, começa um jogo, sangue sai das espadas verbais, movimentos sociais, impeachment, tudo montado, um circo onde leões querem derrubar e devorar o poder, elefantes querem manter o peso de suas nádegas na cadeira do governo e dirigir esse zeppelin desgovernado, desnorteado, sem mais a dizer.
Extremos, polos árticos, gelados como os corações psicopatas, quentes como os vulcões que soltam o magma das dicções estridentes, críticas ao liberalismo tucano, críticas ao socialismo cubano, ataques a social democracia e nada de urbanidade democrática, apenas ataques, dentadas, selvagens da política, e no meio...O povo alienado e tomando partido sem pensar.
Mas não pode piorar, porém, já piorou sem nunca ter melhorado. Se já não bastasse a estupidez da esquerda, a boçalidade da direita, agora paira no ar essa neblina, essa fumaça que sai de hálitos jurássicos, de mentes arcaicas, discursos retrógrados, passados sangrentos são idolatrados, torturas de corpos e mentes, estupros de bom senso, perfurações carnais, inconstitucionais, razão bárbara, civilização fascista que deflora virgens suicidas.
A extrema direita toma seu lugar de destaque, apoio popular, figuras folclóricas com caras e bocas e discursos pela família, homofóbicos, religiosos, ataques a socialização, demonização de tudo que lembra a utopia dos primeiros cristãos, aqueles quase anarquistas. Dentro desse diapasão uma nota mais aguda perfura os ouvidos mais sensíveis, é o grito de Bolsonaro, representante máximo dessa nova horda, ordem da desordem, da razão sem libido, dos machões defensores da nação contra trabalhadores, contra estudantes, contra o que é contra o sistema, antítese da democracia, resíduo da loucura iluminista que se tornou obscura, dialética do esclarecimento que esclarece essa neblina sem sentimentos, essa coisa sem forma que paira no ar e nos asfixia.

A política já era essa luta de todos contra todos hobbesiana, o príncipe maquiavélico já jogava a ética fora em nome do poder que justifica qualquer meio, o contrato social de Rousseau já foi burlado, agora tudo vale em nome da ordem segura que protege a propriedade, a moral e o capital, viva Bolsonaro e que venha outro eclipse, pois, esse sol cancerígeno já ceifou o bom senso, agora só nos resta gritos e truculência.


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