quinta-feira, 12 de maio de 2016

IMPEACHMENT, "GOLPE" E O APAGAR DAS LUZES DA INGENUIDADE



No capitalismo tudo gira em torno da produção e do consumo, a economia é a roda da existência, da felicidade, do tesão, da cultura, de massas e para as massas. O Estado ao invés de ser a égide da confraternização, das decisões e da segurança dos indivíduos, como sonhavam alguns contratualistas, é na verdade administrador e conservador do status quo, das relações de exploração, dominação, do mundo como ele é. Logo, no capitalismo o Estado é um aliado do mercado, da classe dominante burguesa, dentro desse diapasão se a economia vai bem o governo que está no poder, no controle do Estado, também vai bem, se a economia entra em colapso o governo tem sua legitimidade, seus alicerces e sua imagem abalados.
O governo Lula foi bom para o mercado, para os banqueiros e ainda lançou projetos assistencialistas de distribuição de renda, inserção educacional, seu governo foi bom para o sistema; já o de Dilma não teve o mesmo êxito, com as fissuras nas paredes do poder ouve a infiltração, ouve a oportunidade dos adversários tomarem o navio e colocar o mesmo de volta aos bons mares da produção, do consumo e nas mãos invisíveis do deus do capital.
Os governos petistas foram tão corruptos quanto os tucanos, collorido e ditatoriais, o governo que nasce sob o comando do partido mais corrupto do Brasil, o PMDB, já nasce com a marca da corrupção, com seus ministros e presidente acusados e fichas sujas, juntamente com a marca da aliança entre os interesses das elites rurais, industriais e financeiras. A corrupção continua, talvez a crise econômica não, porém, sabemos que haverá cortes em programas sociais, pois esses são gastos supérfluos para mentalidade neoliberal.
Não haverá revolução, fim da corrupção ou qualquer outra pirotecnia política. Talvez haverá o fim da luta contra o desvio de dinheiro público, já que o interesse maior era tirar um partido do poder, agora só há silêncio e apoio mudo ao império que se instala. Quando se pergunta em redes sociais sobre as próximas manifestações contra a corrupção, como as marchas monumentais lideradas, bancadas e programadas pelo MBL, o movimento Brasil livre, só ouço o constrangimento, a falta de som, o apoio bestial a ascensão de novos e velhos corruptos ligados a lava jato, ligados ao governo anterior, ligado ao que há de mais arcaico na política brasileira, seja em matéria de limitação de visão, de conservadorismo ou de mal caratismo. Será que todo o barulho, movimentação, ataques, produção midiática, ideológica e de discursos de exaltação nacional, de higienização moral era apenas para retirar um inimigo do poder, um partido dentre tantos corruptos?
O eclipse da razão obnubilou a luz amarelada do sol da dúvida, apenas a certeza estúpida, estapafúrdia e absurda ecoa na falta de respostas, na falta de ação, na falta que cria lacunas entre surreal e essa democracia efervescente que se dissolve nos líquidos dos oportunismos. O impeachment em si não é golpe,mas, o oportunismo político aliado a ingenuidade daqueles que apenas retiraram um dos elementos delinquente deixando os outros acobertados pela pele de cordeiro é sim um golpe, golpe infame e calculado.
Tem que haver reformas políticas, fim do monopólio dos grandes partidos, financiamentos obscuros de campanhas, domínio sub-reptício e viciado de empresas, empreiteiras e bancos nas administrações públicas. Eu seria até mais enérgico e proporia ações mais contundentes e socializantes do que essas medidas paliativas e liberais, deveria haver democracia direta e participação do cidadão nas decisões sobre seu próprio destino.

2 comentários:

  1. Parabéns pelo texto lúcido. Agora é hora de fortalecer os movimentos sociais. Há um grande risco de ocorrer o enfraquecimento das instituições de controle e fiscalização, além é claro, de retrocesso nos sociais. Isso só não acontecerá se a sociedade civil organizada não permitir.

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