No
capitalismo tudo gira em torno da produção e do consumo, a economia é a roda da
existência, da felicidade, do tesão, da cultura, de massas e para as massas. O
Estado ao invés de ser a égide da confraternização, das decisões e da segurança
dos indivíduos, como sonhavam alguns contratualistas, é na verdade
administrador e conservador do status quo, das relações de exploração,
dominação, do mundo como ele é. Logo, no capitalismo o Estado é um aliado do
mercado, da classe dominante burguesa, dentro desse diapasão se a economia vai
bem o governo que está no poder, no controle do Estado, também vai bem, se a
economia entra em colapso o governo tem sua legitimidade, seus alicerces e sua
imagem abalados.
O
governo Lula foi bom para o mercado, para os banqueiros e ainda lançou projetos
assistencialistas de distribuição de renda, inserção educacional, seu governo
foi bom para o sistema; já o de Dilma não teve o mesmo êxito, com as fissuras
nas paredes do poder ouve a infiltração, ouve a oportunidade dos adversários
tomarem o navio e colocar o mesmo de volta aos bons mares da produção, do
consumo e nas mãos invisíveis do deus do capital.
Os
governos petistas foram tão corruptos quanto os tucanos, collorido e ditatoriais,
o governo que nasce sob o comando do partido mais corrupto do Brasil, o PMDB,
já nasce com a marca da corrupção, com seus ministros e presidente acusados e
fichas sujas, juntamente com a marca da aliança entre os interesses das elites
rurais, industriais e financeiras. A corrupção continua, talvez a crise
econômica não, porém, sabemos que haverá cortes em programas sociais, pois
esses são gastos supérfluos para mentalidade neoliberal.
Não
haverá revolução, fim da corrupção ou qualquer outra pirotecnia política.
Talvez haverá o fim da luta contra o desvio de dinheiro público, já que o
interesse maior era tirar um partido do poder, agora só há silêncio e apoio
mudo ao império que se instala. Quando se pergunta em redes sociais sobre as
próximas manifestações contra a corrupção, como as marchas monumentais
lideradas, bancadas e programadas pelo MBL, o movimento Brasil livre, só ouço o
constrangimento, a falta de som, o apoio bestial a ascensão de novos e velhos corruptos
ligados a lava jato, ligados ao governo anterior, ligado ao que há de mais
arcaico na política brasileira, seja em matéria de limitação de visão, de
conservadorismo ou de mal caratismo. Será que todo o barulho, movimentação,
ataques, produção midiática, ideológica e de discursos de exaltação nacional,
de higienização moral era apenas para retirar um inimigo do poder, um partido
dentre tantos corruptos?
O
eclipse da razão obnubilou a luz amarelada do sol da dúvida, apenas a certeza
estúpida, estapafúrdia e absurda ecoa na falta de respostas, na falta de ação,
na falta que cria lacunas entre surreal e essa democracia efervescente que se
dissolve nos líquidos dos oportunismos. O impeachment em si não é golpe,mas, o
oportunismo político aliado a ingenuidade daqueles que apenas retiraram um dos elementos
delinquente deixando os outros acobertados pela pele de cordeiro é sim um
golpe, golpe infame e calculado.
Tem
que haver reformas políticas, fim do monopólio dos grandes partidos, financiamentos
obscuros de campanhas, domínio sub-reptício e viciado de empresas, empreiteiras
e bancos nas administrações públicas. Eu seria até mais enérgico e proporia ações mais contundentes e socializantes do que essas
medidas paliativas e liberais, deveria haver democracia direta e participação
do cidadão nas decisões sobre seu próprio destino.
Parabéns pelo texto lúcido. Agora é hora de fortalecer os movimentos sociais. Há um grande risco de ocorrer o enfraquecimento das instituições de controle e fiscalização, além é claro, de retrocesso nos sociais. Isso só não acontecerá se a sociedade civil organizada não permitir.
ResponderExcluirObrigado Jaqueline!
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