sexta-feira, 27 de maio de 2016

Bolsonaro e o comunismo: É crime lutar pelo ser humano?

   Eduardo Bolsonaro, boçal como a maioria dos extremistas, quer emplacar uma lei que criminaliza os símbolos socialistas, mais especificamente, os símbolos "comunistas"; o argumento dele varia entre representar morte, tortura, ir contra valores cristãos. Pois bem, vamos lá criançada,já imaginou criminalizar o crucifixo argumentando que ele simbolize tortura, morte e vá contra valores fraternais burgueses? Pois ele mostra tortura e morte mesmo, ou vocês acham que Jesus e os "criminosos romanos" morriam de cócegas nessas máquinas sanguinárias? Sem contar que é símbolo de uma religião ligada a apoio a escravidão, tortura e mortes na inquisição, em ditaduras militares e fascistas. 

   Agora vem a pergunta, todos os cristão que se utilizam desse símbolo apoiam tortura, homicídios e ditaduras? A resposta valeria também para o socialismo, a maioria não apoia ditaduras, homicidas, o uso da força e nem torturas, pelo contrário, grande parte são a favor dos direitos humanos, são contra o Estado e todo tipo de autoritarismo. Para aumentar o já incomensurável pacote de esdrúxulas afirmativas ignorantes temos a comparação com o nazismo. 
     
   Primeiro que o socialismo é a favor da emancipação humana, o nazismo prega o engrandecimento do Estado e da nação pura; o socialismo defende os direitos fundamentais dos seres humanos, o nazismo a dominação e aniquilação daquilo que não for contra o engrandecimento do Estado e da nação. E, por fim, posso dizer que se confunde TODO socialista comunista com bolchevique, com simpatizante do "socialismo" cubano, coreano e chinês, e na verdade, grande parte dos socialistas comunistas, assim como os anarquistas, são categoricamente contra essas aberrações que fazem o contrário do que é dito e pelo que luta o socialismo, nem deveria ser chamado de socialismo um regime como o cubano, mas sim capitalismo de Estado! Já o que prega e faz Bolsonaro pai e filho poderia sim ser criminalizado; apoio a homicidas, estupradores do regime militar, homofobia, intolerância sexual, contrários aos direitos fundamentais dos seres humanos. Querem criminalizar quem é favor da igualdade social e econômica, sexual,étnica, de gênero, quem é a favor dos direitos fundamentais humanos; querem criminalizar a luta pela liberdade e glorificam quem é conservador e faz de tudo para manter as coisas como estão, agoniantes, asfixiantes, sanguinárias, intolerantes e antitéticas à autonomia e autogestão.

domingo, 15 de maio de 2016

TEMPOS SOMBRIOS

   A indefinição do tempo, a meteorologia sem futurologia; nublado, mas sem frio, cinzento, melancolia cor de cigarro, fumaça da solidão, quente no coração, frio no pensamento.
Definição de dúvidas constantes, certezas nebulosas flutuam pelo nada da consciência e se solidificam em nuvens efervescentes que se dissolvem ao tocarem sonhos, petrificam ao se chocarem com a pragmática vontade do mundo como ele é.
   Como deveria ser? As possibilidades tem que sair da realidade, mas a realidade teima em dizer que não pode mudar, nuvens solidificadas de sonhos passados, mas e o futuro? E o amanhã? Cinzento como cigarros cancerígenos, ao menos a fumaça sobe até a estratosfera e a esfera gira mudando tudo de lugar.
   E a poesia e a política? Dúvidas em demasia transem azia aos estômagos acostumados apenas a digerirem as mesmas certezas, as novidades deixem para sucos gástricos quixotescos que rezam com a razão e os sonhos no mesmo lugar.
  ÓH gemido grego em tempos sombrios, raios cintilantes em eclipses, luzes perfuram os olhos de quem morava na caverna cyberpunk e platônica da Matrix construida com os tijolos de nossos pensamentos. Cultura de massas para as massas que massificam e aderem a totalidade que negam aos indivíduos o status de respirarem autonomamente, os que o fazem sem permissão sofrem com os poderes transcendentes das opiniões daqueles que governam a publicidade, que administram as vidas, que giram a roda do sistema.
   A indefinição do tempo, chuvas ácidas de pensamentos nublados corroendo tudo que não se deteriorava antes da indagação, e agora, e a poesia,a política e a corrupção? Gemidos são ouvidos nas noites invernais, frias como a neve dos vulcões adormecidos, infernos subterrâneos e camuflados pelo heroísmos, pelos salvadores da pátria, mas, o povo participa de tudo isso, ou apenas assistem alienados a tudo isso como se houvesse apenas uma partida de futebol entre os salvadores liberais e os revolucionários bolcheviques?

sábado, 14 de maio de 2016

A DANÇA DA MORTE: FILME "ERA UMA VEZ NO OESTE" E O DESCARTE DO SER HUMANO.



A marcha inexorável do progresso atravessa as nuvens encantadas, perfura as rochas obsoletas da natureza e naturaliza a indiferença, a marcha que arrasta séculos de gritos, milênios de suspiros, uma marcha que não pode ser curva, é uma linha reta para o futuro! Uma escada com degraus transparente deixa transparecer o quanto estamos longe do solo, a queda e o retrocesso do progresso faz cair de forma vertiginosa corpos calejados, suados e sangrando de tanto carregarem o peso do mundo iluminista.
Uma luz em meio a névoas, um trem desgovernado que não para na estação, trilho são colocados às pressas, é a locomotiva da civilização trazendo a dominação, a exploração e a riqueza. A marcha para o Oeste, tanto nos Estados Unidos, quanto no Brasil, foram marchas civilizatórias, expansão de aventureiros que desmataram, dizimaram indígenas e depois abriram espaço para expansão do mercado, estradas abertas para o capitalismo tão selvagem quanto os povos que serviram de tapete para as nobres personas dessas odisseias homéricas.
O movimento civilizacional do capital é indiferente aos indivíduos, só se importa com massas amorfas de consumidores, trabalhadores e produtores, as alegrias, as dores, os orgasmos e o sangue individual não importa, o sistema sim é importante, o único indivíduo que tem status e importância é o deus que unifica todos os demônios em um só nome.  
A morte de uma pessoa é motivo de dor, lamentação, mas, a morte de várias pessoas é apenas estatística; não sofremos pela dor de um escravo, pela morte de um índio, apenas dizemos: foram escravizados milhares de negros, morreram milhares de indígenas, seis milhões de judeus; apenas o número importa, a vida de cada um é supérflua, coisa de sentimentalista barato.
A banalização da vida vem com a banalização da alteridade, o outro é apenas algo para ser domesticado, dominado, explorado ou silenciado, o que importa é nossa cultura, nossa educação, nossas terras, nossas alegrias e, claro, a manutenção da harmonia do cosmos, a conservação do sistema, por isso as pessoas são conservadoras, querem manter o mundo como ele é. E o mundo, como ele é, desumaniza, é diferenciador e surdo para os gritos das pessoas soterradas pelo peso da história, pelos trilhos por onde passam as locomotivas do progresso, esse trem que traz riquezas para poucos e choro para muitos, democraticamente distribuindo mel para as pequenas classes e ferroadas para a multidão de degenerados sem educação, sem lenço ou documento.
O filme ERA UMA VEZ NO OESTE mostra essa marcha impiedosa da locomotiva do progresso, ela vem em velocidade acelerada trazendo em seus vagões a moda, a tecnologia, mas também o regresso, a barbárie a indiferença à vida. Na obra prima de Sergio Leone vemos um homem em busca de vingança, sem nome o personagem de Charles Bronson é conhecido apenas como “o gaita”, pois toca e carrega uma gaita consigo, essa gaita, inclusive, tem uma relação forte com seu passado, quase catártica, traz em suas melodias as dores desse passado. Em busca de vingança “o gaita” vai atrás de Frank, um cowboy que trabalha para um empresária ligado a construção de uma ferrovia, Frank vivido pelo ator Henry Fonda, faz trabalhos “sujos” limpando o caminho para os trilhos do progresso.

Com uma trilha contemplativa, épica e contundente de Ennio Morricone o filme é um caminhar soberbo por paisagens empoeiradas, por personagens em busca de felicidade, redenção e vingança, no meio dessa américa borbulhante temos a personagem Jill, uma prostituta que se casa com um irlandês e vai morar com ele em sua fazenda, chegando na mesma se depara com o corpo do marido e de seus filhos, fruto do primeiro casamento, mortos,  ela decide ficar nas terras, logo, passa a ser um dos obstáculos aos lucros e sucesso do empresário capitalista, e passa a ser também um problema a Frank, mais uma sujeira a ser limpada de forma civilizada, com tiros! Entre bandidos, como Cheyenne, fugitivo da justiça que irá ajudar Jill, gaita e assassinos como Frank passeamos em enquadramentos que destacam rostos que toma contam de toda a tela, olhos em super closes que brilham com a luz do sol e refletem o inferno das almas nesse inferno empoeirado do velho oeste.

Todo o filme é, não somente, uma marcha civilizatória e sanguinária como também um poema violento sobre essa marcha, mas, acima de tudo é uma dança da morte, uma grande dança que nos prende do início ao fim na expectativa de ver a morte purificar o mundo e silenciar os gritos de horror e dor. O progresso esmaga sonhos, assim como traz esperanças, é indiferente a pessoas, indivíduos, não derrama lágrimas ou se importa com a morte de pessoas, apenas coloca números em estatísticas, por isso nos identificamos tanto com o gaita e sua música, pois ela é um grito de alerta às dores do indivíduo e, a morte no duelo não é apenas mais um número, ou mais um homem que morre, mas é a coroação de toda uma odisseia em busca de paz, não é a toa que o personagem de Frank diz a Charles Bronson que é diferente do empresário da ferrovia, pois, este não se importa em saber quem é o gaita, mas Frank sim. Tanto Frank como nós passamos o filme inteiro querendo saber que é aquele homem com uma gaita e por que ele quer se vingar de Frank; a descoberta do mistério é a descoberta da dor e a consciência da mesma nos faz viver melhor e superar as desgraças da vida, desventuras da alma humana que são aumentadas pelo progresso, pela indiferença do sistema que se alimenta de números e descarta seres humanos.


quinta-feira, 12 de maio de 2016

IMPEACHMENT, "GOLPE" E O APAGAR DAS LUZES DA INGENUIDADE



No capitalismo tudo gira em torno da produção e do consumo, a economia é a roda da existência, da felicidade, do tesão, da cultura, de massas e para as massas. O Estado ao invés de ser a égide da confraternização, das decisões e da segurança dos indivíduos, como sonhavam alguns contratualistas, é na verdade administrador e conservador do status quo, das relações de exploração, dominação, do mundo como ele é. Logo, no capitalismo o Estado é um aliado do mercado, da classe dominante burguesa, dentro desse diapasão se a economia vai bem o governo que está no poder, no controle do Estado, também vai bem, se a economia entra em colapso o governo tem sua legitimidade, seus alicerces e sua imagem abalados.
O governo Lula foi bom para o mercado, para os banqueiros e ainda lançou projetos assistencialistas de distribuição de renda, inserção educacional, seu governo foi bom para o sistema; já o de Dilma não teve o mesmo êxito, com as fissuras nas paredes do poder ouve a infiltração, ouve a oportunidade dos adversários tomarem o navio e colocar o mesmo de volta aos bons mares da produção, do consumo e nas mãos invisíveis do deus do capital.
Os governos petistas foram tão corruptos quanto os tucanos, collorido e ditatoriais, o governo que nasce sob o comando do partido mais corrupto do Brasil, o PMDB, já nasce com a marca da corrupção, com seus ministros e presidente acusados e fichas sujas, juntamente com a marca da aliança entre os interesses das elites rurais, industriais e financeiras. A corrupção continua, talvez a crise econômica não, porém, sabemos que haverá cortes em programas sociais, pois esses são gastos supérfluos para mentalidade neoliberal.
Não haverá revolução, fim da corrupção ou qualquer outra pirotecnia política. Talvez haverá o fim da luta contra o desvio de dinheiro público, já que o interesse maior era tirar um partido do poder, agora só há silêncio e apoio mudo ao império que se instala. Quando se pergunta em redes sociais sobre as próximas manifestações contra a corrupção, como as marchas monumentais lideradas, bancadas e programadas pelo MBL, o movimento Brasil livre, só ouço o constrangimento, a falta de som, o apoio bestial a ascensão de novos e velhos corruptos ligados a lava jato, ligados ao governo anterior, ligado ao que há de mais arcaico na política brasileira, seja em matéria de limitação de visão, de conservadorismo ou de mal caratismo. Será que todo o barulho, movimentação, ataques, produção midiática, ideológica e de discursos de exaltação nacional, de higienização moral era apenas para retirar um inimigo do poder, um partido dentre tantos corruptos?
O eclipse da razão obnubilou a luz amarelada do sol da dúvida, apenas a certeza estúpida, estapafúrdia e absurda ecoa na falta de respostas, na falta de ação, na falta que cria lacunas entre surreal e essa democracia efervescente que se dissolve nos líquidos dos oportunismos. O impeachment em si não é golpe,mas, o oportunismo político aliado a ingenuidade daqueles que apenas retiraram um dos elementos delinquente deixando os outros acobertados pela pele de cordeiro é sim um golpe, golpe infame e calculado.
Tem que haver reformas políticas, fim do monopólio dos grandes partidos, financiamentos obscuros de campanhas, domínio sub-reptício e viciado de empresas, empreiteiras e bancos nas administrações públicas. Eu seria até mais enérgico e proporia ações mais contundentes e socializantes do que essas medidas paliativas e liberais, deveria haver democracia direta e participação do cidadão nas decisões sobre seu próprio destino.

quarta-feira, 4 de maio de 2016

NEBLINA E BOLSONARO



A neblina escura, espessa, o volume de indecisão, a fumaça das paixões, tudo evapora do sólido sonhar, do forte desejar desenfreado, apenas projeção do que odiamos em nós, do que sai pelos poros da ignorância, da mendicância.

A neblina paira sobre as consciências, o ser ou não ser da sandice se desdobra pelos nervos, pelos dedos, por todos os membros do corpo social, ele surge do nada e do nada ele some, mas esse nada é alguma coisa, é um debate, é o momento atual.
Uma pedalada, um desvio, petróleo, dinheiro, compra de votos, votar é uma compra de alma. Escândalo, começa um jogo, sangue sai das espadas verbais, movimentos sociais, impeachment, tudo montado, um circo onde leões querem derrubar e devorar o poder, elefantes querem manter o peso de suas nádegas na cadeira do governo e dirigir esse zeppelin desgovernado, desnorteado, sem mais a dizer.
Extremos, polos árticos, gelados como os corações psicopatas, quentes como os vulcões que soltam o magma das dicções estridentes, críticas ao liberalismo tucano, críticas ao socialismo cubano, ataques a social democracia e nada de urbanidade democrática, apenas ataques, dentadas, selvagens da política, e no meio...O povo alienado e tomando partido sem pensar.
Mas não pode piorar, porém, já piorou sem nunca ter melhorado. Se já não bastasse a estupidez da esquerda, a boçalidade da direita, agora paira no ar essa neblina, essa fumaça que sai de hálitos jurássicos, de mentes arcaicas, discursos retrógrados, passados sangrentos são idolatrados, torturas de corpos e mentes, estupros de bom senso, perfurações carnais, inconstitucionais, razão bárbara, civilização fascista que deflora virgens suicidas.
A extrema direita toma seu lugar de destaque, apoio popular, figuras folclóricas com caras e bocas e discursos pela família, homofóbicos, religiosos, ataques a socialização, demonização de tudo que lembra a utopia dos primeiros cristãos, aqueles quase anarquistas. Dentro desse diapasão uma nota mais aguda perfura os ouvidos mais sensíveis, é o grito de Bolsonaro, representante máximo dessa nova horda, ordem da desordem, da razão sem libido, dos machões defensores da nação contra trabalhadores, contra estudantes, contra o que é contra o sistema, antítese da democracia, resíduo da loucura iluminista que se tornou obscura, dialética do esclarecimento que esclarece essa neblina sem sentimentos, essa coisa sem forma que paira no ar e nos asfixia.

A política já era essa luta de todos contra todos hobbesiana, o príncipe maquiavélico já jogava a ética fora em nome do poder que justifica qualquer meio, o contrato social de Rousseau já foi burlado, agora tudo vale em nome da ordem segura que protege a propriedade, a moral e o capital, viva Bolsonaro e que venha outro eclipse, pois, esse sol cancerígeno já ceifou o bom senso, agora só nos resta gritos e truculência.