terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

VERÔNICA


Sinto Seus olhos cravados em minha carne, você não deixa de ser curiosa, não deixa de ler esse texto, quer saber, quer sentir a presença, não esquece a chuva, a raiva, o orgasmo, o gosto do meu pênis, a saliva doce e nostálgica de minha boca, você procura subterfúgios para seus sonhos nas linhas que escrevo. Você acha meus textos pedantes, agressivos, corrosivos, se encanta com a beleza que sai da lama, do esgoto e pinga nas sarjetas nojentas de minha imaginação. Não morre, não beija, não flerta pessoalmente, mas não deixa de ler esses malditos e mal escritos textos, a falta de sentido, o caótico, romantismo sem iluminismo, desigualdade comunista, isso é a vida e sua contradição, você não me ama, não senti saudade, mas quer ler meus textos, se excita com suas linhas verborrágicas.
Política, sociologia, filosofia, merda, cuspe, esperma, feridas sangrentas, pus da miséria, fome da mente, dor latente, exclamação sem interrogação, reticências conscientes, sexo inconseqüente, escrevo , distribuo idéias em contextos sem nexo, sem terror, rock ou balas de coco. Viva o nazismo e seus filhos bastardos, viva a democracia e sua putaria e sufrágio, viva o amor e sua dor, viva a paixão e o tesão, leia sua dissimulada essa palavras, leia meu colossal repúdio, meu texto sem baralho, essa farsa sincera sobre a sociedade, sobre mim, sobre tudo que rasteja, pensa e goza, tudo que é humano em nós.
Sinto seus olhos a me despir, sinto seu voyeurismo em meus parágrafos, pontos finais, as vírgulas estão tímidas  com o fuzilamento de seu olhar, você fita essas negras grafias, essas belas mentiras, esse claro cuspir de fogo, horror, excitação e amor, você gosta de ler, gosta de saber que existe algo nesse mundo abstrato, tem curiosidade em saber se vai ser citada, seu nome não aparece em nenhuma parte, frustração. Mas digo seu nome, faço sua vontade, grito bem alto como se fosse o nome do Deus cristão e depois me calo para refletir sobre minha desgraça, Verônica!

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