domingo, 27 de julho de 2014

POLÍTICA, SEGURANÇA E NOSSO CANDIDATO A DEPUTADO ESTADUAL-SILVEIRA ALVES 40 010



Vivemos em um mundo onde o pessimismo político é latente, somos carregados por um sentimento avassalador de derrota, um niilismo vulgar de fim de possibilidades, uma falta de chão distópica sobre a ruína da polis. Além disso, há um agravante, a democracia representativa burguesa passa por uma fase de descrédito, não vemos os representantes políticos como nossos representantes ou representantes de classes, vemos apenas como oportunistas corruptos e estelionatários eleitorais.
Toda a realidade descrita no parágrafo acima não é apenas um sintoma do relativismo ou da pós-modernidade, é uma reação que as pessoas tem em um momento de crise, crise das instituições, enxurradas de denuncias de corrupção, alto índice de violência, má qualidade dos serviços públicos-educação, saúde, cultura, segurança, transporte, tudo isso batido em um liquidificador de indiferença e um alheamento político próprio de homens e mulheres de massa faz com que deixemos a política apenas para alguns grupos organizados e para uma parcela da elite econômico, damos uma procuração em branco para eles decidirem nosso caminho político.
Eu pessoalmente tenho algumas restrições a democracia, não a ela em si, mas algumas características presentes nela, mas não vejo outra forma de fazermos política sem cairmos em totalitarismos, sejam fascistas, comunistas ou em anarquias porra loucas, dentro dessa perspectiva venho aqui dizer que temos que lutar por melhorias públicas e pressionar e uma forma de fazermos isso é elegermos representantes legislativos para isso.

Nessa eleição venho através desse meio de comunicação fazer algo inédito em minha vida, pedir voto, mas não apenas pedir, mas justificar a escolha do candidato. Vemos que atualmente o assunto mais evidente e preocupante em Goiás é a violência, ela toma conta das cidades, dos meios rurais, gera insegurança, medo, ceifa vidas, retira bens, destrói vidas, famílias, um câncer que faz os organismos sociais entrarem em putrefação, não temos a cura milagrosa para tal doença, mas temos remédios que abaixam a febre, amenizam as dores e combatem o mal pela raiz, temos um candidato que lutará pela segurança, educação e pela sociedade goiana, não um delegado, oficial da PM ou outro membro da segurança pública que passou a vida atrás de mesas e papeis, ou apenas mandando dentro de gabinetes com ar condicionados, mas um candidato que viveu dentro das trincheiras sobre o fogo cruzado, um soldado dos campos de batalhas policiais, um candidato que não é apenas um aventureiro, mas um escolhido pela categoria que mais sangrou e lutou pela segurança e contra as arbitrariedades do atual governo estadual, a categoria polícia civil. O nome dele é SILVEIRA ALVES, e o número é 40 010. Você guarda municipal, agente penitenciário, policial civil, estudante, médico, dona de casa, eleja quem realmente irá lutar pela segurança pública, eleja um nome que não é apenas fantasia, mas uma realidade dentro da política, SILVEIRA ALVES 40 010 para deputado estadual de Goiás.

segunda-feira, 9 de junho de 2014

CRÔNICA BANAL



A carne quente, a batata frita, o garfo mergulhando no arroz pintado de preto pelo caldo de feijão, os olhos vidrados na comida, enquanto a mulher engolia ferozmente um menino brincava e falava alto ao seu lado, um bebê com um rosto curioso pulava em seu colo, a mulher com a saia estilo pentecostal e de óculos cafona não tinha cara de evangélica, nem de espírita ou ateia, tinha cara de personagem de história em quadrinhos, esdrúxula, enigmática e feia. Bebo uma coca gelada e como um pedaço de frango, os filhos da mulher feia parecem não ter fome, ela come como se não estive em um restaurante, uma pausa, engole rápido e olha, a coca gelada desce com constrangimento, minha vida gela com o olhar petrificante da medusa gulosa e feia.

No serviço paro para refletir sobre as páginas lidas na noite passada, filho da puta, aquele Sartre me incomodou, sempre olhei minha pobreza e coloquei a culpa no sistema, mas ele me diz que existir é escolher-se e que sou livre para traçar meu destino, tracei meu destino pensando no sol, mas cai na lua, bebo um gole de água e o gosto da Coca-Cola vem com a lembrança da mulher de olhos castanho e de fome de ogro. Ela comia como se não importasse com os filhos, eu comia com preguiça, a vida nos devora e nos digere lentamente, somos fezes, produtos em decomposição soltos no estômago desse mundo.

A felicidade sempre é frustrante, queremos projetar algo que não somos em um futuro distante e chamamos isso de felicidade, nunca a felicidade é presente, ela é sempre futura e nas nostalgias sempre pretéritas, “como eu era feliz e não sabia”, “mês que vem serei feliz”, o orgasmo é esquecido muito rápido. Aquela mulher é feliz? Qual mulher? A feia que comia no restaurante em minha frente, claro...Seus filhos tinham um ar de peraltice, até hoje me pergunto se eles não estavam com fome, por que ela não dava comida para eles, será que eram felizes? Assim como eu eles estavam apodrecendo nas entranhas do mundo e serão cuspidos pela boca do universo. Daria uma ótima crônica aquela família, análises sociológicas filosóficas poderiam tê-los como exemplo, prefiro falar do gosto gelado da Coca-Cola e da beleza dos beijos indecentes, mas o olhar da mulher feia estará sempre presente em minhas lembranças sobre um dia banal.

quinta-feira, 5 de junho de 2014

CARNE DE PORCO



Enquanto o ônibus deslizava pela rua molhada Éden olhava friamente os rostos fleumáticos das pessoas dentro daquela centopeia, elas respiravam, sonhavam, mas não tinham brilho no olhar, pareciam seres mecânicos, seres que não tinham pretensão de se superarem, a loira de blusa rosa tinha um rosto de ressentida, o gordinho de calça jeans era um marxista frustrado, o motorista tinha um ar de dormente, de quem não sente mais as dores e os orgasmos da vida, Éden não sofria pela humanidade, nem sorria, apenas olhava sem muita preocupação para aqueles seres que nem consciência tinha de suas vidas.


Na televisão protestos contra o governo, a economia rimava com inflação, pedofilia, carnificina, nada disso irritava ou emocionava Éden, nem mesmo os trechos sangrentos do velho testamento, apenas os rostos sem vida do ônibus ainda causavam alguma coisa na alma cética desse homem com nome de jardim bíblico, ele adormece e o mundo apaga mais uma luz pessimista.

A luz do sol brilha sem vergonha, Éden fica constrangido com a alegria em forma de calor que entra pela janela, às vezes ele fica com vergonha da beleza do universo, esse monstro negro que guarda algumas surpresas em suas entranhas e é das entranhas que sai a dúvida visceral e claustrofóbica de nosso herói, levantar e ir mediocremente trabalhar ou apenas continuar preguiçosamente deitado? Ele vai trabalhar. Ao primeiro passo fora de casa algo parece estranho ao jardim humano, ele olha e não acredita, não há seres humanos nas ruas, nos carros, nas bicicletas e nas janelas das casas, são animais com aspectos humanos que estão pela cidade. Éden entra no ônibus, quem dirige é uma tartaruga que diz sonolentamente “bom dia”, bodes com cara de hippies, serpentes com olhares cafajestes, cachorros existencialistas, pato fumante, gorila com um jeito afeminado, Éden sentado olha com atenção, sim caro leitor, com atenção, tudo aquilo parece surreal para ele, sua falta de ânimo ou interesse na humanidade  desaparece junto da humanidade e vem a tona uma forte e curiosa vontade de viver com essa animalesca sociedade.

No serviço nada mudou, no lugar do fofoqueiro e tagarela apareceu um papagaio com camisa do Vila Nova, a recepcionista com cara de defunto deu lugar há um búfalo, a chefe de sorriso irônico e gargalhada sádica agora é um hipopótamo e a secretária delatora e capachão   se transformou em uma porquinha rosa de cara fechada. Éden trabalhou normalmente, mesmo achando tudo muito estranho. De volta para casa ele para em um prostíbulo e deixa uma ursa marrom fazer sexo oral com sua boca cheia de saliva selvagem, ele goza ferozmente e adormece depois no sofá de sua sala, a lua estava linda naquela noite.

Depois de uma semana algo parece diferente, no serviço não é mais aquele hipopótamo fêmea quem dá as ordens, agora a porquinha que sempre foi apenas uma secretaria apagada e de cara de poucas amizades é quem decide o fundamental e até o trivial. Não demorou muito para que todos os animais da empresa percebessem o espírito ressentido e de vingança da porquinha, ela maltratava a todos e cuspia veneno como uma cascavel, sua verborragia era chata, sua boca uma metralhadora de desaforos e maus tratos, depois de um mês do reinado da suína veio a conspiração, todos os animais queriam a cabeça da rosinha.

Éden olhava um texto de um filósofo, o texto tinha sido escrito por um tubarão fanomenólogo, ele achava incoerente a angustia e a liberdade aquática, a sociologia do polvo socialista e os textos eróticos do macaco Silvio também eram interessantes, Éden teve que parar sua leitura depois de um grito ensurdecedor, logo após o grito um corpo suíno esquartejado é pendurado na entrada da empresa, era o fim do reinado de Lara, a porca rosa.

A ação animalesca dos seus colegas colocam um ar de  animalização em Éden, ele não ficou chocado com a morte bruta da porca, ele foi incentivado a colocar para fora todo o seu potencial que estava adormecido, ao chegar em sua casa ele telefona para Carlos, um cavalo para quem ele devia dinheiro. Carlos entra tranquilamente na casa de Éden, bebem cerveja estupidamente gelada e falam de futebol, depois de uma conversa descontraída o cavalo agiota pergunta ‘Éden você não vai pegar logo o dinheiro que você falou que iria me dar como pagamento de sua dívida?” Éden responde que já vai buscar no quarto, Carlos espera com suas patas de cobiça, mas quando Éden volta não traz consigo dinheiro, mas sim um taco de madeira, com esse instrumento nosso herói quebra a cabeça de Carlos com golpes certeiros, o sangue se espalha pela sala, Éden se lembra da porca secretária, na televisão o jogo de futebol anima a macacada.


O sol brilha elegantemente, Éden sai para trabalhar pontualmente  as oito horas, nas ruas as pessoas conversam, olhares são trocados, os carros passam apressados, mas uma coisa não está certa, as pessoas não são mais animais, onde estão as girafas da polícia, os abutres dos políticos? Todos se foram, apenas a velha e sem graça humanidade reina agora. No serviço de Éden todos parecem normais, fazem suas tarefas como se nada tivesse acontecido,  Éden sente falta apenas de uma pessoa, a secretária que havia sido morto quando era uma porca rosa. Éden pergunta pela colega e recebe a notícia que ela havia sido morta em casa a pauladas enquanto assistia a um jogo de futebol, seu namorado, de apelido Tourão, havia ceifado a vida da ressentida secretária. Nessa noite Éden dormia como um anjo e sonhou com carne de porco assada.


sábado, 28 de setembro de 2013

DILÚVIO



Andar é algo tão fascinante quanto não fazer nada, mas eu andei, percorri aquela lama com meus pés cheios de preguiça, cheios de peso, a existência tem dessas coisas e coisas não tem existência, não tem consciência da tragicidade da vida, a morte não abraça papeis jogados na lixeira, não beija pedras em sonhos, ela ceifa sorriso marotos de jovens correndo embriagados em estradas. Andar , andar sem rumo ou chegada, Forrest Gump fazia isso, sem explicação, sem perdão, eu andava também, apenas andava, amém
Um cigarro, não fumo, imaginei um em minha mão, solitariamente pensamos em coisas assim, faltava alguém para conversar, eu conversava sozinho mesmo, sou tagarela, parlar comigo mesmo é esquizofrenicamente gostoso, como chuva para lavoura. Andar, ainda caminhava enquanto pensava nas rosas, nas baleias e tudo o que não existe mais, a luta de classes devia ser grotesca, mas árvores com sombras eram melhores, vejo algo, a distância deixa minha visão perturbada, sou míope para o amor e tenho astigmatismo para a vida.

Antes de chegar perto do que me chocaria choco ideias como uma penosa ave que já existiu, brotam leguminosas e dialéticas parábolas dos ovos idealizados, explodem galáxias em minha cabeça sem sonhos, excitações ou aberrações em forma de ciência. A vida não tem um sentido a priori, um sentido em si, somos nós que criamos, mas naquele dia eu chegaria próximo de algo revelador.
Revelar é algo complicado, a verdade não é uma rocha, é uma interpretação, eu interpretei errado tudo que não era verdade, e a verdade nem interpretada foi, ela não existia, meus pés na lama, andava com receio, agora com medo, a minha frente o infortúnio, a falta e o desespero mudo, aqueles que ali estavam não podiam mais falar, eu falei com um grito, o horror contagiava meus olhos.
Chego mais perto, o horror, a náusea, a vida enterrada na lama, crianças, mulheres, homens, velhos, bebês, todos mortos afogados, corpos apodrecendo, fedendo, todos sendo devorados pelos vermes que não morriam com água, eram deliciados pela desgraça. Nunca imaginaria que voltar no tempo pudesse me levar a uma época tão bizarra e bárbara, no ano em que vivo, 3400 depois de Cristo, não existe algo tão absurdo quanto isso, todas as pessoas do planeta mortos por uma água caudalosa, fico pensando em uma obra mitológica que li quando criança que falava da ira de um Deus do oriente que mata todos , com exceção de alguns animais e de uma família humana, com água em um dilúvio, pare que encontrei os mortos daquele homicida divino, é como se tivesse entrando dentro das páginas sanguinárias daquele livro que li na infância, volto para minha época cheio de dor, nenhum deus seria capaz de matar pessoas em um dilúvio, aquilo deve ter sido obra do acaso. A natureza é fanfarrona, assim como deuses criadores de humanos cheios de pecados.

terça-feira, 20 de agosto de 2013

MORTE E COCA-COLA



Aquele pão de queijo molhado dentro da boca com saliva e café descia suavemente pelo brusco esôfago do garoto, ele comia devagar e sentia a massa mergulhar em seu estômago, a fome era coisa do passado, agora a sede tomava conta de sua consciência, sua consciência-sede secava seus pensamentos, secava suas lágrimas, deve ser por isso que ele não chorava, na verdade achava graça da desgraça liquida que descia pelos olhos dos adultos naquele espaço, naquele momento, momento de passar para outro parágrafo.
Sangue, um rio de sangue desce pelas portas do elevador, a cena cinematográfica lembra o garoto que o mundo tem sangue jorrando atrás das flores dos namorados, o corpo no caixão é de um parente próximo, seus pais estão comovidos, a emoção é latente, bate dentro do corpo mais indecente, mesmo os corações mais impertinentes, o garoto não chora, apenas olha o corpo no caixão, sabe que ali não há mais aquele velho rabugento, não há mais um humano, nem um animal, apenas uma massa fria e sem vida, uma lembrança de dias rindo sentado na calçada, memórias de um ser que já amou, gozou e duvidou da felicidade, Pablo, o garoto, sentia orgulho de ser superior e não temer a morte.
Enquanto assistia o desenho Pablo se lembra do velho no caixão, seu avô, lembra que sempre imaginava seus pais mortos, deitados em um caixão, Pablo sempre achou, mesmo com cinco anos de idade, que se preparando para as desgraças da vida sua vida seria menos desgraçada, frustrada, cheia de culpas, Pablo sempre se preparou para a foice que ceifa a vida, nada é para sempre e sempre ele pensou assim.
Assim foi o dia, sem mais nem menos, a calculadora galáctica não é uma aritmética de mercado, não há lógica no caos, apenas o acaso e por acaso Pablo se lembrou de um sonho onde ele anda nu pelas ruas, envergonha tentava se esconder, sonhos são sempre estranhos, estranhamente ele se lembrou desse sonho, as vezes sonhava que estava caindo, a vida é uma queda, mas ele nunca gritou de desespero na queda da vida, olhou sempre para o buraco do abismo com um sorriso irônico, sonhos, apenas sonhos.
A criança brinca enquanto Pablo toma seu café, comendo pão de queijo seus olhos percorrem o gramado onde seu filho corre, pensar que um dia esse ser vai morrer lhe trás melancolia, ele é forte, isso não é o bastante para abalar seus espírito materialista, ele viu seus pais morrerem e não derramou uma lágrima, lágrimas são pesadas demais para suportar, nada é para sempre e sempre ele pensou assim, mas é seu filho ali correndo pelo gramado, não podia pensar tão mesquinhamente, a mente não mente quando o coração acelera, ele aguentava mesmo o peso da vida, Atlas do sertão.

A televisão brilha no canto esquerdo da sala, uma notícia abala os espectadores, dois homens matam e estupram uma criança, o sangue parece jorrar pela tela do aparelho, Pablo assiste aquilo comendo calabresa, no intervalo do telejornal uma propaganda da Coca-Cola, sabor do pecado, sua boca enche d’água, mergulha no seu íntimo e não pensa na barbárie e violência gratuita, pessoas comuns estariam chocadas com o crime noticiado, ele apenas espera uma morte sem um final shakespereano para si, ele nunca chorou em funerais, não quer que chorem no seu. Um sonho a noite abala Pablo, os estupradores estão chorando em frente a um caixão, dentro do caixão Pablo vestindo terno cinza bebe Coca-Cola enquanto espera seu enterro, ele acorda, enquanto escova os dentes chora, chora como uma criança, o sonho o lembra de um amor escondido no inconsciente, uma mulher que ele amou e foi enterrada em sua memória com sabor de refrigerante.