sexta-feira, 19 de maio de 2017

Um Deus chamado Estado

   Criamos um ser fantasmagórico e depois nos alienamos dele, esse passa a ter vida própria e se transforma em uma entidade poderosa e extraterrena, atemporal e imortal; chamamos a mesma de Deus, deuses, ou força suprema.
    Em matéria de política há uma situação parecida, nela criamos um deus atemporal e fora das relações classistas; chama-se Estado essa divindade, logo, muitos passam a crer que esse ser supremo não tem ligação com a vida terrena, classes sociais, com a vida econômica e com interesses ideológicos. Dessa feita pessoas com visão limitada que não olham apara a totalidade da realidade social pensam que mudando de partido político o problema da corrupção, má administração, investimentos em educação e segurança estão resolvidos; ledo engano!
   Trocando de partidos estamos trocando apenas os administradores do Estado que continua sendo uma instância política ligada a divisão de classes, aos interesses da classe dominante econômica e politicamente; trocando os partidos , ou os governos, trocamos apenas a chicote, porém a escravidão continua.
   Não se engane, o Estado não é uma entidade metafísica que transcende do social, ela é parte constituinte dessa realidade e participa de todas as suas mazelas, se queres mudar algo mude as estruturas. Enquanto houver exploração e dominação haverá corrupção, falta de saúde, educação e segurança; enquanto acreditarmos na dança das cadeiras eleitorais estaremos nos iludindo e mantendo essa ordem desorganizada, esse circo dos horrores que não horroriza os patrícios, mas faz sangrar horrendamente os plebeus.
   Trocando PT pelo PSDB,  PP pelo PSTU, Lula por Bolsonaro, Temer por FHC; não importa o nome do herói ou do partido salvador da pátria, a nação será ainda marcada pela divisão de classes com sua desigualdade violenta, com sua ingerências. Se há uma troca que pode modificar essa engrenagem é a troca das burocracias partidárias pelo comando popular, não o populista, mas o do cidadão, do autogoverno.
   Dentro ainda desse diapasão podemos afirmar que um governo de partidos de esquerda não é um governo popular; é sim uma administração voltada, assim como a de direita, aos interesses empresariais, bancários, especulativos, financeiros, ruralistas, e claro, aos próprios interesses burocracia partidária. Uma administração petista não difere, no geral, de uma tucana; uma pode ser mais ou menos neoliberal, reformista ou populista, isso não muda nada, apenas doura a pílula. Assim fica desqualificado o nome governo comunista, todos são burgueses! Isso vale até para ditaduras de partidos únicos como Cuba, China e a ex URSS, que são CAPITALISMOS DE ESTADO, pois mantém a divisão classista, e o Estado, ao invés de ser abolido é fortificado e passa a gerir diretamente os interesses da classe dominante e a administração da economia; seria até blasfêmia chamar Cuba de comunista. Em Cuba o estado não só se mantém em forma de Deus como ainda tem seus poderes aumentados e o culto santificado.
   O idealismo conservador cria divindades no céu e na terra, temos que abolir todas elas abolindo o Estado, a divisão classista e as ideologias, que invertem a realidade criando essas fantasmagorias que iludem pessoas mantendo as mesmas dentro da ordem conservando o mundo tal como ele é, desigual, cruel e endeusado.

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