Depois do filme Matrix ficou mais explícito ainda a alienação de um mundo montado em cima apenas de ilusões, sonhos ou devaneios, mas a realidade não existe por si só, ela é pensada através de conceitos, idéias e sonhos. Viver sem sonhar é impossível, viver apenas de sonho é loucura, estamos entre Dom Quixote e a saída da matrix.
Dom Quixote era um fidalgo que fica louco e pensa que é um cavaleiro medieval e que vive em mundo com dragões, bruxas e princesas indefesas, o sonho toma conta de seu ser, ele se torna uma pessoa alienada, fora da realidade, porém se torna um exemplo de otimismo, ingênuo, mas otimista. O exemplo desse nobre que mergulhou intensamente em suas leituras de cavalaria é um exemplo do poder negativo da fantasia, de um ser humano fora de seu mundo, que não consegue estabelecer relações lógicas e sociais, pessoas assim são excluídas do jogo social, estão dentro de outra realidade lutando contra moinhos de vento.
Já imaginou dormir e nunca mais sonhar? Impossível, a vida sem sonho perde o colorido, perde um pouco o sentido, a arte com sua pintura, literatura, cinema, música e etc. não existiriam sem o sonho, sem a imaginação, mesmo a ciência com sua lógica e método precisa de fantasia, precisa do sonho para se realizar. Um mundo sem sonho é um mundo sem arte, sem encanto, sem desenvolvimento intelectual, sem progresso.
Não é contraditório pensar um mundo que valorize a imaginação e a fantasia e ao mesmo tempo condene a alienação dos sonhos, há um limite, como Ícaro que não devia voar muito baixo e nem muito alto para não ter suas asas derretidas pelo mar ou pelo calor do sol, devemos nos limitar a não voar muito alto para não cairmos em um mundo de loucura ou abandonar de vez a fantasia e criar um mundo sem arte, ciência ou cultura. A fantasia é força impulsionadora de nossa vida cultural, sem ela seria inexistente nossa vida em sociedade, seria uma loucura maior que a dos alienados.
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