sábado, 28 de agosto de 2010

O PODEROSO CHEFÃO

É comum fazermos listas e escolhermos os melhores filmes de todos os tempos, obras primas, clássicos obrigatórios, filmes que marcaram época, películas que nos encantaram ou marcaram nossas vidas, além desse grupo de obras fundamentais também é comum ser eleito o filme "mor", a obra prima por excelência, o maior filme de todos os tempos, para quem gosta de cinema não é novidade que na maioria das listas de críticos e cinéfilos o famigerado e idolatrado Cidadão Kane está em primeiro lugar, filme divisor de águas na história cinematográfica, ele revoluciona em enquadramentos, profundidade de campo, fotografia, roteiro crítico com utilização de flash back, esta obra é considerada a primeira do cinema moderno. Mas como estamos falando de arte o que vale não é somente dados técnicos e importância histórica, conta também aqui o gosto pessoal, a relação entre espectador e a obra, a emoção e o contentamento que o filme trás para quem assisti, dessa forma podemos ter em mente outros filmes além do Cidadão Kane como o "melhor", apesar de ser contra essa classificação, já que, para mim não existe o melhor, mas sim os melhores, porém como é hábito escolher uma única película como a "top" também tenho o meu filme preferido, o magistral e elegante O poderoso chefão.
O filme começa com um diálogo entre um dono de funerária e Don Corleone - vivido magistralmente por Malon Brando- a câmera sai do rosto do homem e vem caminhando lentamente para trás trazendo a imagem da sala escura, o colorido discreto e a imagem das costas de Don Corleone, sua voz baixa e fraca explode na tela com sua imagem contida e elegante, é o início de uma das maiores sagas do cinema, filme que conta a história de uma família de mafiosos descendentes de italianos e sua luta pela sobrevivência no mundo do crime, a ascensão do filho Michael- Al Pacino- um herói de guerra que não queria se misturar com os negócios da família, o desmebramento de uma família, uma história sanguinária, pomposa, repleta de personagens violentos, anti-heroís e uma narrativa envovente.
Os primeiros minutos de filme são soberbos, neles são mostrados cenas de um casamento da filha de Victor Corleone entrecortadas por entrevistas entre o Don e seus "afilhados" que vem até ele pedir "favores", como papéis em filmes, vingança, dinheiro e etc. Com cores vibrantes e diálogos magistrais somos jogados logo de cara em um magnífico filme, grande e encantador. A seguir temos o desenvolvimento da história com a recusa de Victor Corleone a participar da tráfico de drogas junto com  as outras "famílias" mafiosas, isto acaba lhe trazendo a inimizade de outros mafiosos e ele acaba sendo alvo de um atentado, moribundo no hospital ele é vingado por Michael, seu filho mais novo, que acaba tendo que ir morar na Itália, com a morte de seu irmão mais velho- Sony- Michael se vê obrigado a voltar para os EUA, com sua volta ele acaba se tornando o novo Don ou "padrinho" sendo aconselhado por seu pai e mantendo mão firmes sobre os negócios criminosos de sua família.
O PODEROSO CHEFÃO trás uma história épica violenta, mas tratada com elegância, com cenas monumentais como as da Sicilia onde Michael vai se refugiar ou a da morte de Sony, a beleza surge do vermelho do sangue, do rosa e amarelo de paisagens e cenários ricamente encantadores, a trilha de Nino Rota dá um tom empolgante e magnífico ao filme, destaque para o "tema de amor", música que não sai da cabeça de quem ouve, cenas polêmicas como a da cabeça de cavalo são produtos de uma mente brilhante como é a do diretor Francis Ford Coopola, responsável por essa obra prima e Mario Puzo, autor do livro que deu origem ao filme. Apesar da fotografia maravilhosamente bem tratada, dos enquadramentos que hora privilegiam lindos cenários, rostos e falas inesquecíveis, ou a contemplação de paisagens, é no conjunto da narrativa que mora o diferencial do filme, que nos faz amar, encantar e torcer por seres humanos tão cruéis, criminosos e contraditoriamente simpáticos. Outro ponto auto dessa película está nas interpretações, destaco aqui as de Al pacino, magistral como sempre, violento e cheio de paixão e Marlon Brando que revoluciona com seu personagem carismático com voz macia e gestos contidos, o que o tornou o maior e mais conhecido personagem da história do cinema. Obra prima do cinema moderno que para mim é o "maior" filme de todos os tempos.

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