Tento escrever, mas a dificuldade é imensa, o ar que encobre minha pele me dá alergia, sinto naúsea do universo, parece que uma dor cortante penetra em meu ser, alucinado estou correndo sobre o mesmo plano, o peso da culpa, a desilusão com o mundo, tudo misturado com a falta de perspectiva leva o funesto e desequilibrado mal estar no mundo. O simples fato de está presente nesse planeta já é motivo de desagrado e insatisfação, minha existência parece ser um empecilho, a satisfação, a alegria e o gozo da vida estão misturados ao monótono e ridículo senso de presença no universo, o absurdo da vida não me encanta mais, o caótico jogo do acaso perdeu parte do seu charme sem razão, me lembro que na religião ainda há o tal "sentido" da vida, mas para mim que não acredito mais nessas ficções e crio minhas próprias verdades não há mais espaço para isso.
Olhando para o abismo grito sensualmente, ouço a respiração da morte, lenta e sonora ela pertuba minha paz, a única razão para preocupação é o fim do caminho, se não fosse a vida algo finito estaríamos condenados a tal da eternidade, ao sofrimento eterno. Minhas frustrações e dissabores continuam em meus pensamentos, mas a vida é feita apenas de momentos, passageiros como lágrimas na chuva e que vão sumir no espaço, como na roda da fortuna me vejo novamente no turbilhão da alegria, do gozo e da ilusão, sem sentido metafísico, transcendental e teleológico, mas com o pé no mundo louco, caótico e humano eu vou caminhando rumo ao nada, com minhas espectativas, loucuras, romances e etc. A culpa ainda ronda meus sonhos, mas acordo sempre para mais um dia nessa contagem regressiva chamada vida.
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