sábado, 16 de dezembro de 2017

Falta de moradia e violência.

  
   A prioridade do capital não é a cidadania, principalmente sua faceta social com direito a acesso a educação, saúde, moradia, parte da riqueza produzida socialmente; dentro desse diapasão temos a questão da moradia que é monopolizada por quem tem condição de comprar a propriedade privada, cada vez mais cara devido a urbanização, especulação imobiliária e falta de condições financeiras dos mais pobres.

   A falta de moradia faz com que muitos “sem tetos” lutem por melhores condições de vida e moradia, uma das ações dessas pessoas é a invasão de lugares desocupados, abandonados, isso leva a “violarem” as regras jurídicas burguesas, violentando a propriedade santamente privada; desaguando em uma reação dos proprietários e do Estado, que é representante político das classes dominantes, logo, dos proprietários. Nesse momento temos a ação violenta do poder público agindo com a força da polícia, usada instrumentalmente, para desocupar as áreas “invadidas”.
   Depois da ação do Estado temos a transferência das pessoas sem moradias para áreas periféricas das cidades, ou simplesmente jogadas na roda da fortuna que é desafortunada para elas. Nas áreas periféricas geralmente distante dos centros urbanos e dos locais de trabalho temos falta de saúde, de infraestrutura, educação; em suma, falta de dignidade. A moradia quando é subsidiada pelo poder público é feita as custas do mínimo para uma vida de valorização do ser humano, esse é violentado e mais uma vez a violência sai pelos poros e toma conta de toda a atmosfera.
   Nos setores periféricos onde são jogados os antigos sem teto temos agora um teto dentro de uma égide ainda maior, a égide da desigualdade, falta de oportunidade e acesso ao básico, essa situação cria oportunidade para o recrudescimento da criminalidade em um grupo que já foi criminalizado por lutar por moradia, criminalidade essa que gera mais violência dentro da comunidade onde nasce e nos centros urbanos por onde se espalha; a barbárie criminal tem que ser combatida com veemência pelo poder público, já que a sociedade e os dirigentes o querem assim, isso é feito de forma também violenta sobre os moradores das periferias.
   A questão da moradia é um círculo vicioso e violento que é fruto da virulência social, da desigualdade e dos interesses mesquinhos de quem domina, explora e não quer abrir mão desse mundo gestado nessa sinfonia macabra. A questão da moradia tem que ser revista, isso passa pela questão da saúde, educação, infraestrutura e distribuição de renda. Dando continuidade a esse raciocínio entra também na dança a segurança pública, ela deve deixar de ser apenas chicote do Estado e ser mais uma colaboradora na solução dos problemas que levam a falta de dignidade humana, e não mais uma força bárbara em nome do Estado violentador da já violentada população.

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