A
prioridade do capital não é a cidadania, principalmente sua faceta
social com direito a acesso a educação, saúde, moradia, parte da
riqueza produzida socialmente; dentro desse diapasão temos a questão
da moradia que é monopolizada por quem tem condição de comprar a
propriedade privada, cada vez mais cara devido a urbanização,
especulação imobiliária e falta de condições financeiras dos
mais pobres.
A
falta de moradia faz com que muitos “sem tetos” lutem por
melhores condições de vida e moradia, uma das ações dessas
pessoas é a invasão de lugares desocupados, abandonados, isso leva
a “violarem” as regras jurídicas burguesas, violentando a
propriedade santamente privada; desaguando em uma reação
dos proprietários e do Estado, que é representante político das
classes dominantes, logo, dos proprietários. Nesse momento temos a
ação violenta do poder público agindo com a força da polícia,
usada instrumentalmente, para desocupar as áreas “invadidas”.
Depois
da ação do Estado temos a transferência das pessoas sem moradias
para áreas periféricas das cidades, ou simplesmente jogadas na roda
da fortuna que é desafortunada para elas. Nas áreas periféricas
geralmente distante dos centros urbanos e dos locais de trabalho
temos falta de saúde, de infraestrutura, educação; em suma, falta
de dignidade. A moradia quando é subsidiada pelo poder público é
feita as custas do mínimo para uma vida de valorização do ser
humano, esse é violentado e mais uma vez a violência sai pelos
poros e toma conta de toda a atmosfera.
Nos setores periféricos onde são jogados os antigos sem teto temos
agora um teto dentro de uma égide ainda maior, a égide da
desigualdade, falta de oportunidade e acesso ao básico, essa
situação cria oportunidade para o recrudescimento da criminalidade em um grupo que já foi criminalizado por lutar por moradia,
criminalidade essa que gera mais violência dentro da comunidade onde
nasce e nos centros urbanos por onde se espalha; a barbárie criminal tem que ser
combatida com veemência pelo poder público, já que a sociedade e
os dirigentes o querem assim, isso é feito de forma também violenta
sobre os moradores das periferias.
A
questão da moradia é um círculo vicioso e violento que é fruto da
virulência social, da desigualdade e dos interesses mesquinhos de
quem domina, explora e não quer abrir mão desse mundo gestado nessa
sinfonia macabra. A questão da moradia tem que ser revista, isso
passa pela questão da saúde, educação, infraestrutura e
distribuição de renda. Dando continuidade a esse raciocínio entra
também na dança a segurança pública, ela deve deixar de ser
apenas chicote do Estado e ser mais uma colaboradora na solução dos
problemas que levam a falta de dignidade humana, e não mais uma
força bárbara em nome do Estado violentador da já violentada
população.
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