segunda-feira, 9 de abril de 2012

UM DIA QUALQUER


Tem dias que a minha alergia do universo contamina minha alegria, conspira contra o meu otimismo, tem dias que o calor derrete sentimentos, aquece ressentimentos, tem dias que nem é bom falar, mas é bom gritar, jogar o silêncio no ventilador e deixá-lo se espedaçar.
Nem todas as palavras do mundo poderiam traduzir o que sinto em ralação a vida, é indescritível, seria ridículo dizer que tenho ódio, raiva, amor ou tesão, nenhuma dessas palavras refletem a ilusão, a angustia, o mergulhar no nada quando caio no abismo infinito da vida sem gritar.
Tem dias que a música penetra em meus ouvidos sem pensar, tem dias que minha razão é mais louca, minha voz é mais rouca, minha paixão é mais segura, meu amor é uma revolução. Tem dias que me sinto fora desse lugar, sem espaço para habitar, isso não é tristeza, não falta alegria, nem verdade posso afirmar com certeza, no fundo é a dúvida que dá brilho a esses pensamentos.
Minha vizinha chega tarde da faculdade, ouço arrumando seu apartamento, fazendo seu jantar, não ouço risadas, choro, telefonemas, parece que essa moça de cabelos loiros e mistério latente também está deslocada nesse universo, nessa coisa caótica que teimamos em organizar mentalmente.
A ópera, a morte, trombetas demoníacas, cores vivas, dicas televisivas, amo o que não entendo da vida, não entendo nada, mas vivo, sinto, me jogo no ar, respirar é mesmo uma aventura. Tem dias que não sei o que sinto, o que penso, não sei o que sei, mas sei que escrevo sem saber o que deveria saber um sábio qualquer.

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