terça-feira, 12 de abril de 2011

Ateísmo, moral e crime.


O ateísmo nunca foi visto com bons olhos, temos relatos de sua existência na antiguidade clássica, até mesmo na Europa medieval, mas será somente com o advento do iluminismo e com a sociedade burguesa que veremos o surgimento dos ateus, publicamente e “oficialmente”. Mesmo com a ciência como carro chefe da sociedade da revolução industrial e com uma filosofia racionalista ainda será mau visto e até perseguido esse tal de ateísmo, os ateus continuarão a sofrer preconceitos durante muito tempo, para falar a verdade não finará esse hábito.
Se pegarmos a essência do pensamento ateu teremos algo até simples, a descrença em Deus ou em deuses, o fim do culto ou da crença em magias transcendentais, a volta do apego a Terra. Mesmo o ateísmo hoje tendo como base a ciência e o racionalismo moderno vemos muitos deles indo na contramão dessa onda abraçando o desconstrucionismo e o irracionalismo, como o de Nietzsche Por exemplo. Apesar de ser algo simples o ateísmo trouxe muitas desconfianças, os “crentes” colocam ele como algo ruim, negativo, uma das principais críticas está relacionada a moral, pois para a maioria das pessoas a moral e também a ética estão ligadas essencialmente a religião.
Sabemos que na antiguidade, seja a clássica, oriental ou na nossa indígena da América, teremos o surgimento da moral estreitamente ligada a religião, porém, se olharmos atentamente constataremos que tudo estava interligado, ou seja, moral, política, arte, religião, educação, tudo tem uma “origem” em comum, não há especialidades como terá na modernidade, uma separação mais rígida. Com esse raciocínio temos argumentos para afirmar que a moral não tem “vida” somente se estiver ligada a religião.
Assim como  a maioria das festas, da política, da arte e etc. estão separadas da esfera religiosa também temos uma moral separada da esfera do metafísico, não há uma determinação, não temos que sermos religiosos para termos uma moral ou para refletirmos e agirmos eticamente, veja um exemplo gritante, muitos dizem que o ateísmo pode estar relacionado com criminalidade, pois eles não tem amor a um “deus”, logo não tem moral e não temem o pecado e a condenação. Esse exemplo é engraçado, se analisarmos com calma podemos perceber que é um pouco exagerado, se pegarmos as pessoas que estão presas notaremos que a grande maioria (esmagadora) é religiosa, dentro das cadeias e presídios inclusive estão verdadeiros “currais” de igrejas, independentes de sua denominação e credos, isso nos leva a perguntar se não seria o contrário, a religião que estaria ligada a criminalidade. Não vejo como culpar nem um ou outro caso, a criminalidade, a falta de ética e outros temas como esses estão mais relacionados com o caráter do indivíduo do que com sua filiação religiosa, não nego a influência da família, do grupo social, das idéias e filosofias na qual determinados indivíduos estão imersos, será, entretanto, na concepção individual de cada um que estará a livre decisão para seus atos.
“Se deus está morto tudo é permitido”?

Nenhum comentário:

Postar um comentário