As lembranças estavam todas lá, o parque, a grama, a bicicleta, o primeiro beijo, o primeiro boquete, tudo misturado em arco-íris, violeta brilhante, preto e branco, luzes da ribalta, verde astronauta, mármore sem estação. Borboletas, monstros infantis, brincadeiras serias, mentiras sinceras, tudo em um redemoinho claustrofóbico, psicológico, tudo cheio de muita emoção, saudade, verdade, nada contra lembrar, a memória é uma vadia…
Santos, demônios, filósofos, desencantos, cantos, música romântica, romantismo literário, literatura absurda, viver é um cair no abismo, é um absurdo existir, a complexidade da simplicidade, a mente e sua consciente e negligente vontade, verdade, lembrar é um beijo no passado, um salto no vazio.
Mônica caminha pelas avenidas de Goiânia, celebra sua vida cheia de vazio, o mundo a fez assim, santa luxuria, caminho de descaminho, os homens a fizeram chorar, lamentar, gozar, muitos beijos, pênis em sua orbita sexual, excitação com o caos, ela apenas lembrava agora, o desencanto, não ama mais, apenas devora os seres que se aproveitam de sua sensualidade.
Mônica se lembra, mas suas lembranças são fantasias, ela perdeu a memória, mas precisa sonhar, precisa lembrar, saber quem ela é, para isso inventa um passado, amores, brigas, dores, inventa um universo, se inventa, se lança como uma lança no espaço rumo ao futuro sem passado.
Blade Runner, Matrix, filmes e literatura cyberpunk, como Mônica se parece com os anti-heróis sem memória, ela se reinventou, criou o amor, a ilusão, a realidade é um real fantasiado, quem somos? Não sabemos, improvisamos identidades, saudades, sonhos. Mônica caminha pela Avenida Anhanguera, seus olhos cheios de uma secura, cheios de segurança insegura, ela duvida, acha que não sabe, morrer seria um felicidade, atrás apenas um passado, ela criou seu próprios caminhar, recordar. Quem é Mônica? Apenas perguntas para compartilhar, respostas são caminhos duvidosos.
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