Ela dava passos tímidos, a música, as lágrimas, o povo olhando aquela cena clássica. Minutos transformados em horas, uma longa jornada, ele a olhava, enquanto a música passeava por seus ouvidos ele via a noiva caminhar alegremente pelo tapete vermelho.
Suor, como estava quente dentro da igreja, seu pênis ereto, ele olhava para uma das damas de honra, ela tinha apenas sete anos, ele a imaginava colocando sua meiga e rosada boca em seu membro duro de excitação, vibrante de emoção, como se emocionou aquela noiva, com seus passos intermináveis e a música sacra embalando sonhos.
O seriado passava na televisão, A Gata e o Rato, Willis em seu início de carreira, comédia com falas rápidas e estilo pseudo-intelectual, Fábio gostava, admirava esse enlatado estadunidense, diversão em dias de domingo, os anos oitenta tinha dessas coisas. Cabelo com gel, preto e brilhante, penteado para trás, seu seriado preferido acaba, Bruce não irá mais fazê-lo rir naquele domingo, é hora de sair para a caça. Um parque, lindas moças, mulheres angelicais, demoníacas, mulheres adultas, essas mulheres não o interessavam, Fábio tinha olhos para outras, menores e mais frágeis.
O noivo parece aflito, a noiva está a poucos passos, mas demora tanto a chegar até ele, a música Ave Maria toca, Fábio se emociona, ele não é o noivo, mas tem o mesmo nervosismo, aquela pequena dama de honra o incomoda, o tesão corre em sua veias.
As cortinas dão um ar brega ao quarto, fumaça, Fábio acende um cigarro, a música é vibrante, menina veneno, sucesso naqueles tempos, Kátia acha tudo diferente, ela com apenas dez anos de idade em um motel, como seria sua vida agora em diante? Ela conheceu Fábio no parque, aquele sol, o calor, domingo descompromissado, fuga da realidade, lá estava o seu príncipe vespertino pronto para convidá-la para um passeio erótico.
Como não chorar com tamanha emoção em um casamento? A noiva finalmente chega a seu destino, a música para, começa a cerimônia, as mãos da Fábio estão suadas, seus batimentos cardíacos são terremotos internos, explosões, alvoroço cerebral, ele abandona o calor da igreja para se esconder no banheiro, enquanto o padre falava Fábio se masturbava pensando naquela pequena dama de honra, o esperma quente e viscoso escorrendo em suas mãos e caindo lentamente dentro do sanitário.
Ele chegou tímido, falava pouco, seu olhar penetrava profundamente a alma dos mais desalmados, sua dor, sua angustia, sua falta de caráter. Ele chegou em um dia de chuva, a chuva deixou tudo mais fresco, mais tenebroso. Fui o segundo da fila, ele já estava sangrando, não tive dó. Na prisão pessoas como Fábio são colocadas em situações constrangedoras, animalescas. Ele virou objeto sexual, enquanto ouvia suas músicas preferidas e se lembrava das crianças com quem transava eu e os demais colegas de cela descansávamos para mais um dia de atividade. Não poupamos Fábio.
De volta a igreja, a cerimônia caminhava lentamente, mas já estava no fim. A música retorna, Ave Maria, pessoas emocionadas, os noivos, agora casados, caminhando e radiando sua felicidade, Fábio se lembrava da prisão, do estupro, se lembrava do inferno na carne, porém a tentação é maior, aquela dama de honra o excitava. Naquela mesma noite aquela jovem viu seu corpo violado e cheio de esperma, naquela mesma noite Fábio mostrou que seus instintos eram mais forte do que a lembrança da dor.