segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

VOLTEI- TEXTO ESCRITO OUVINDO C'EST MA VIE COM SALVATORE ADAMO

Acordo, olho, paredes brancas, cama conhecida, um ar de familiaridade. O quarto não é o meu, mas é o meu, confuso. A vida me deixa confuso. Esse quarto já foi meu, eu dormia nele, eu sonhava nele, transava, comia, asssistia filmes, tudo nele, ele deixou de ser meu por um tempo. Morei fora, morei em outra cidade, lá fiz tudo em outro quarto, em outro ambiente. Voltei, depois de um ano, depois de vendavais, calores, amores, estupros morais, viagens espirituais, emoções, decepções, novas amizades, antigos sentimentos. Voltei.

A estrada, o tapete negro escorre para de baixo do carro, as árvores parecem se mover, o vento faz um barulho, o barulho é do vento batendo no carro, automóvel em movimento, correndo rumo ao paraíso, fuga dos problemas, fuga de momentos, deixei muito prazer para tras, muitas risadas, muitos amigos. A estrada continua, a chuva cai em alguns momentos, o frio, o nublado, a água, a estrada continua, não sinto vontade de chorar, apesar de sentir muito ter que deixar algumas pessoas. A estrada continua, não tenho ansiedade, tenho calma, serenidade, essa viagem me leva a tranquilidade, me leva para casa, para antigos amigos, antigas paixões, novas oportunidades, a estrada continua.

Esse ano de 2010 foi turbulento, sonoro, cheio de graça e desgraça, fumaça vinda de pensamentos demoníacos, anjos colocaram suas mãos em mim, demônios cuspiram fogo em meu rosto, orgasmos, beijos molhados, brincadeiras, disputas, psicopatas, caras feias, muito barulho por nada, muito acasos, caso, trabalho. Esse ano teve recompensas, foi meu primeiro ano na polícia, morei sozinho, conheci Senhozinho Malta e a viuva Porsina, conheci Mauricio, Jucimar, Vinicius, Juliana e outros amigos, conheci a orgia do interiror, a magia do amor, a loucura, a monotonia da solidão, conheci o que antes não se sabia, a dor, o fervor, continuei no ateísmo, revisei todos os ismos, marxismos, desgracismo, pornografias mentais, epistemológicas, a metafísica se misturou com o pragmatismo. Vivi, senti na pele a existência e seu peso.

Luzes, vejo uma cidade, parece coisa de cinema, meu coração dispara, a alegria toma conta, a ansiedade volta, mas a tranquilidade reina quieta em meu coração, é Goiânia, depois de um ano volto a seus braços, logo vejo carros, vida, mulheres bonitas, lindas na verdade, como senti falta, luzes, a chuva refresca minha chegada, a música francesa no meu aparelho de som é nostálgica, essa cidade está mais bonita, mais festiva. Goiânia é a mesma, eu é que mudei. Voltei.

3 comentários: