segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

O LADO HUMANO DO REEDUCANDO

Uma bíblia nas mãos, um olhar de piedade, vejo a humildade em seu jeito, sua fala mansa e tranquila me faz sonhar com uma humanidade de verdade, sua disposição e trabalho é de admirar, ele tem um semblante alegre, mas as vezes percebo um toque de melancolia em seu rosto, sua vida não deve ter sido fácil, a vida de todos nós é difícil, viver é uma luta constante, a morte uma recompensa. Um coral angelical parece sair daquelas grades, um toque infernal sai de suas gélidas estruras metálicas, uma benção faz todos pararem e meditar, o mundo gira, o caos navega em nossas almas, eles pensam se um dia irão sair, se irão retornar para os braços da malandragem, são pessoas condenadas, não pecaram,"apenas" roubaram, mataram, mentiram, fraudaram... O inferno não é para eles, a prisão sim.

Quando se faz o serviço de rua o policial tende a ter uma certa hostilidade em relação aos criminosos, o que pé até certo ponto normal, estão de lados opostos, por mais que o "tira" seja profissional não tem como não haver uma certa paixão em seus atos, em suas atitudes, pensamentos, já dentro de uma prisão é diferente, polícia e bandido continuam em lados diferentes, mas um lado mais humano parece existir, um diálogo maior surge na relação com o outro, o convívio mais próximo nos faz refletir sobre o lado emotivo, familiar, intensõs, a vida do criminoso deixa de ser apenas um mar de maldade e ele passa a ser mais um ser humano com seus amores, crenças, erros e crueldades, não deixa de ser criminoso, marginal, mas volta a ter uma certa qualidade enquanto ser, enquanto homem, mulher e jovem.


A romantização que a religião e os direitos humanos fazem em relação a esses criminosos é perigosa, um exagero toma contas de seus corações, porém algo tem que ser valorizado, eles contribuiram para uma humanização desses cumpridores de pena, todos nós sabemos que a estrutura penitenciária de nosso país não contribui em nada para a ressocialização do reenducando, além da questão pessoal e de caráter, pois é notório que a maioria desses transgressores da lei tem um certo desvio de caráter, não é só uma questão de oportunidade, necessicidade ou influência do meio que os levam para a criminalidade.

Saber distinguir uma certa humanização dos criminosos de uma romantização de sua imagem é preciso, devemos sair do maniqueísmo BEM X MAL e passarmos para uma consciência de justiça com seriedade, Estado forte e atuante, mas  pensando no lado humano desses homens e mulheres. Não é fácil, complexo e de um duro esforço de espírito, refletir sobre as mazalas da vida e agir para superá-las é assim, o viver em si é uma ousadia.

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