terça-feira, 12 de outubro de 2010

FERIADO EM GOIÂNIA

O sonho acabou, não me lembro quem disse essa frase, salvo engano foi um dos Beatles, mas minha memória insana e indecente me deixe solto no universo caótico, ruinas somem e aprecem, pequenas e rápidas lembranaças percorrem meu intelecto. Ter consciência do mundo é uma maravilhosa desgraça, se eu fosse burro eu era mais feliz, não sou a melancolia com pernas, apenas não vejo tanta graça no mundo depois que percebi que ele é sem sentido, a tristeza, a dor, o amor, o prazer e todas as imagens, reportagens, histórias e maudades estão na bagagem existencial da vida, não há como negar nada, nem o próprio nada, pois estaremos negando essa louca e inconsequente vida, bandida gostosa, amor sem resposta.

O Sonho realmente acabou? Não, ele apenas ficou mais realista,menos utópico, somos cientes que tanto o otimismo quanto o pessimismo são respostas prováveis para o futuro por vir, não somos mais socialistas, progressistas, desgracistas, somos corredores sem motivos que paramos quando estamos cansados. O bom da vida e o mau estão na mesma viagem, não tenho raiva dela, nem idolatro, apenas vivo, aproveito meus miseráveis momentos, o tempo é vagabundo, pobre e "esculachado", nos engana, passa rápido enquanto o contemplamos, não gosto de olhar o relógio, ele é angustiante, maltrata minha ansiedade.


O sonho não acabou, mas minha alegria em viver em determinada cidade sim, não tenho mais motivos para achar que aquilo é bom, um lugar perdido no fim do estado, tenho uma claustrofobia crônica, psicodélica e chata quando estou lá, os finais de semana não tem mais cara de orgia, alegria ou encanto, são somentes dias, sem cores, cinzas como dias de chuva, nem a água hidrata mais minha pele seca de saudade. Enquanto escrevo essas breves linhas estou em Goiânia, meu aconchego, aqui topo com figuras excêntricas, mulheres bonitas, amigos perdidos, pessoas da época do teatro, da faculdade, da loucura, da sacanagem, da intelectualidade, revejo rostos, encontro novidades, acho graça do infernal trânsito, tenho saudade até do estresse, o shopping não é mais tão chato, tem um certo brilho, só o distanciamento nos faz sentir falta, as ruas a noite com seu romantismo, misterio, horror e marginalidade me encanto de verdade, sou mais um perdido na noite, encontrado nos dias que se anima com a vida.

Hoje é meu último dia na invertebrada cidade onde o Ahanguera tem morada, sou um suspiro de nostálgia, pronto para retornar ao mundo obscuro, lá pelo menos tem algo que gosto e que me faz muita falta nesse feriado, o trabalho, sinto falta de estar nas ruas atrás de bandidos. Tenho que finalisar, me despedir com palavras, minha volta aqui será em breve, não tenho intenções secundárias, não eternizarei minha angustia, o sonho não acabou, o terror e amor estão dando seus pulos, o metafísico é uma desculpa, o presente uma passagem rápida e intensa, se não há esperança já sabemos que temos que aproveitar o agora, não me arrpendo dos dias em branco, dos prantos, sorrisos inocentes, gargalhadas sacanas. É o fim? Não, apenas uma pausa para reflexão.

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