domingo, 24 de outubro de 2010

UM CONTO QUE FARÁ PARTE DO MEU SEGUNDO LIVRO

                                        DEPOIS DAQUELA NOITE NO PARQUE



Banho demorado, perfume, nó na gravata, terno novo, sapato brilhando, vida em efervescência, memória alucinante, espectativa, o futuro é uma luz para a felicidade., ansiedade cresente, ele está eufórico, a vida nos deixa assim, alegres, bobos e depois fodidos, ele não se importa, apenas quer sair rápido de casa e ir ao encontro de um mundo cheio de maravilhas e encantos. O carro entra no mundo, o asfalto acompanha seus sonhos, vai a algum lugar, chegará em brave ao fundo da mente do mundo. Sem avisar ele preperou uma surpresa que iria surpreender mais a ele do que a ela, entra devagar, quer passar despercebido, flores na mão e uma caixa com alianças no bolso, ele quer mesmo ser um noivo, uma proposta séria sobre o futuro do casal. Dentro da casa anda como se estivesse pisando em ovos, abre com carinho a porta do quarto, dois corpos em chama, loucura do prazer, ela sendo amada e beijando outro homem, na cama seus corpos se uniram, pareciam uma única pessoa, Carlos decepcionado com a vida olha sem palavras para aquela cena deslumbrante, sem argumentos, mudo como uma porta sai, ela tenta seguilo, emplora seu perdão, não adianta mais, um coração machucado caminha rumo ao carro, acelera para o fim do universo, quem sabe o que é capaz uma alma desesperada?

Uma casa de show, a entrada é um convite para magoados, ele não exita, dentro do ambiente de luxuria e prazer pede uma bebida, olha com raiva para seu reflexo no espelho, esta ali a imagem de um homem derrotado pela traição, ele não se perdoa, é o culpado por sua situação. Começa o show, belas morenas e loiras tiram a roupa em um balé sensual, dança excitante, caminho para fantasia, bebe como cavalo, seu corpo é movido a álcool, saindo dali vai até uma praça, marginais povoam aquele ambiente, ele é mais um desgraçado na humanidade, não se impota com seus companheiros da noite, mergulhado na melancolia o romantismo e o horror se misturam ao mistério, a dor, tudo embalado em um sonho da valsa que chammos de noite, a escuridão clareia os corações, o elipse mancha essa alucinação na cabelça de Carlos.

O que seria da paixão sem a dor, o amor é um caminho entre o fogo da paixão,a amizade e o carinho, a confiança passa por essa flor, deflorada estava a roseira de Carlos, sem mais aquele amor o que seria desse homem enamorado? Ao seu lado senta uma moça com olhos cheios de lágrimas, outro ser perdido na noite, fodido pelo destino mau pago, sem esperanças no correr das horas, outra pessoa que talvez estivesse no mesmo barco que ele, assim pensou Carlos.

"Qual seu nome?"

"Fernanda."

"Muito prazer, meu nome é carlos."

Assim se conhecem, ele fala de suas leituras, fã de teatro, ela gosta de sociologia, é uma intelectual politizada, Carlos tenta mostrar para ela as contradições inenrentes ao mundo, ela mostra a tentativa de acabar com as lutas de classes, debates fervorosos são travados entre aquelas duas criaturas. Sair dali e ir para um lugar mais seguro foi a idéia mais sensata que poderiam ter, vão até um bar na rua 3 no centro, lá vão continuar suas odisseias rumo ao pensamento humano, dentro da gravidade do momento, seriam cobaias de experiências espirituais, amigos do improvável, as solidões que preenchiam lugares em suas arquibancadas foram expulsas momentaneamente. Falaram sobre tudo o que podiam ter em comum, o que os deixavam tristes naquela noite foi explorado com cautela, constrangimento é a alma do negócio, ela fala de sua vida vazia, não há muita esperança para pessoas pessimistas como ela, ele fala de sua investidas sem sentido, um homem pós moderno e romântico que teria sua vida mudada naquele dia, os infernos pessoais são jogados na roda de discuções, comprrender o outro é um fascínio próprio dos seres humanos, tentativas frustradas de chegarem a acordos foram também testadas, os corações não explodem com qualquer fagulha.

Ele a chama para irem a outro lugar, ela topa, vão até a casa de Carlos, ele a leva para o recanto da intelectualidade, ela se afoga em livros descompromissados, faz análises da personalidade daquele homem, são farinha do mesmo saco, pessoas entregues ao caos e a falta de sentido da vida, eles tem consciência de suas limitações, que a consciência é o grande mau de nossas vidas, se fossem burros seriam mais felizes, a vida nos preaga peças, em alguns prega outras coisas, assim diz a lenda, assim escreve esse autor.

Um beijo, ela se envergonha, ele foi precipitado, ele sentiu atração por ela desde o início, quis afogar suas mágoas naquela boca, ela viu em princípio um homem triste, outro ser como ela, agora via um possível amor, uma paquera.A conversa não para, o tempo não para, o momento foge de suas mãos, estão perdidos naquela situação, tímida ela continua com seus olhar um pouco solto, um pouco sem graça, ele animado com uma nova chance bebe mais um pouco de vinho, ela bebe água, não gosta de álcool, somente Carlos se mistura ao encanto do entorpecimento.

Excitação, não demora muito para que Carlos tente ir além, já imagina aquele corpo nun em sua cama, ele tem um tesão imenso por aquela menina, ela não está afim, pelo menos não naquele momento, ele reclama, tenta, uma rápida loucura, ele vai ao encontro do problema, arranca com violência as roupas dela, penetra em seu fruto, chupa seu doce e goza em sua inocência, ela era virgem, agora é uma mulher estuprada, chorando sai da casa do romântico, do estuprador sem pudor e vai para longe de tudo isso.

O dia começa com a ressaca, com um violento arrependimento, é tarde, ele é preso, condenado vai para o lugar destinado a homens que cometem erros, na prisão não há pecado, tudo é liberado, seu corpo vira um parque de diversão nas mãos de outros detentos, sua boca engole todo o líguido que jorra daqueles pênis, ele é violentado com muita alegria por homens sem medo de viver, Carlos se torna amante de mais de quinze seres prontos para dar prazer.

Letícia continua sua vida, o estupro faz com que ela demore mais alguns anos a se entregar de novo a um homem, até que conhece Pedro, escritor de poemas e professor de matemática, ela continua com suas idéias revolucionárias, continua esperando um futuro, o sexo passa a ser um novo tema em sua vida, depois de Carlos ela tem que vencer o trauma, vencer a vida. Consegue com maestria burlar a memória e as lembranças grotescas.

Dois anos se passaram desede do último encontro entre Letícia e Carlos, ele está fora da prisão, livre com seus problemas, pronto para navegar no mar de desilusões, amores e paixões. Voltar ao trabalho não é fácil, tentar recomeçar também é um novo começo de aventuras e desastres, ele não foge a regra, sua vida já deu tanto orgasmo, tanta alegria e tanta dor que ele já não sabia o que mais pensar sobre ela. Enquanto não se decidia sobre o que fazer foi até ao parque onde conheceu Letícia tomar um sorvete, sentado em um banco olha para o lago, a tranquilidade e a contempalção tomam contam de seu ser, ele olha com saudade para aquele mundo que o rodeia, as nuvens, a água, o prazer de respirar, viver é uma arte, sobreviver uma ousadia, ele estava lá, ainda vivo, um corajoso, pois continuar a respirar é ter coragem, mas seu heroismo dura pouco, chegando em sua casa enrola uma corda em seu pescoço e a amarra bem alto, pula com a gravata da morte em seu corpo, deixa a vida e nenhuma tristeza nos corações dos que vivem, vai para o encontro do nada, deixa a existência.

Letícia lê o jornal, sem muita ansiedade passa seus olhos por notícias sem muito interesse, acaba achando uma pequena nota, um suicídio, é ele, não mostra reação, é mais um tolo que se mata, é mais um humano indecente que deixa a vida, ela não ficou alegre, não tomou um gole da água da tristeza, apenas sua indiferença se fez presente naquele momento.




terça-feira, 19 de outubro de 2010

ESCREVER É TERRÍVEL

Quando penso em escrever um texto nesse blog penso mo acaso, no caos, no desespero, o amor, a dor, horror, a alegria em momentos passageiros, a desventura, as desgraças, tudo o que está na corrida terrestre, na odisseia da existência e na monotonia de ser é repensado, interpretado e jogado aqui em mentiras, frases tímidas, desabafos sinceros, a falsidade eu deixo para outras pessoas que se adaptam melhor. Meus textos não são a verdade, a verdade em si que existe por si própria em um mundo ideal já não existe mais, não somos os homens saindo da caverna de platão, esse mundo não nos pertence, somos a dúvida pungente, a palavra sem a certeza, o absoluto derreteu, sorvete que não resistiu ao calor.
Vou poupar vocês leitores desavisados de propagandas, panfletagens, não vou ficar aqui dissertando sobre política, sobre meu pessimismo, minha fuga da esquerda, meu pé atrás com a direita, sou um realista, a política é um jogo de interesses, isso tem o lado negativo, corrupção, mas tem o lado positivo, a luta por melhorias em algumas classes, setores, mas falta mobilização, as pessoas ainda estão alienadas, palavra pesada e com gosto de ranço do marxismo, mas verdadeira.
Hoje não vou ficar cuspindo palavras bonitas, rosas literárias, poesias desnecessárias, clamar meu amor a existência, meu ódio ao destino, beleza íntima de rostos femininos, sexo agressivo, desentendimentos, as traições, angustias, melancolias, orgasmos e prazeres serão apenas breves lembranças, desejos e beijos.
O que proponho então? Quero apenas desabafar minha atual situação, minha dificuldade e insegurança, é duro admitir, mas tenho dificuldade em escrever, passar para a linguagem escrita o que sinto, penso, desejo, analiso, compreendo, não é fácil, sou persistente, vou ao encontro dos obstáculos, esse não é um texto de auto ajuda, didático e com finalidades cristãs, é apenas um texto, um desabafo, honesto, sincero e problemático de um ser solto no espaço, no acaso, na sacana e bem humorada desgraça de existir. A vida é o conjunto que engloba tudo que existe, o nada que era antes do existir, o que fazia Deus antes de criar tudo, no escuro, somente ele e a eternidade? Não há como pensar nesse filho da puta, ele é inimaginável, assim como eu, seu filho abismado, perplexo com a realidade, vivo de sonhos, sobrevivo de pirraça, não vou falar mau de pessoas desagradáveis, nesse momento penso nas loucuras, prazer, beijos, em Goiânia, minha saudade.

terça-feira, 12 de outubro de 2010

FERIADO EM GOIÂNIA

O sonho acabou, não me lembro quem disse essa frase, salvo engano foi um dos Beatles, mas minha memória insana e indecente me deixe solto no universo caótico, ruinas somem e aprecem, pequenas e rápidas lembranaças percorrem meu intelecto. Ter consciência do mundo é uma maravilhosa desgraça, se eu fosse burro eu era mais feliz, não sou a melancolia com pernas, apenas não vejo tanta graça no mundo depois que percebi que ele é sem sentido, a tristeza, a dor, o amor, o prazer e todas as imagens, reportagens, histórias e maudades estão na bagagem existencial da vida, não há como negar nada, nem o próprio nada, pois estaremos negando essa louca e inconsequente vida, bandida gostosa, amor sem resposta.

O Sonho realmente acabou? Não, ele apenas ficou mais realista,menos utópico, somos cientes que tanto o otimismo quanto o pessimismo são respostas prováveis para o futuro por vir, não somos mais socialistas, progressistas, desgracistas, somos corredores sem motivos que paramos quando estamos cansados. O bom da vida e o mau estão na mesma viagem, não tenho raiva dela, nem idolatro, apenas vivo, aproveito meus miseráveis momentos, o tempo é vagabundo, pobre e "esculachado", nos engana, passa rápido enquanto o contemplamos, não gosto de olhar o relógio, ele é angustiante, maltrata minha ansiedade.


O sonho não acabou, mas minha alegria em viver em determinada cidade sim, não tenho mais motivos para achar que aquilo é bom, um lugar perdido no fim do estado, tenho uma claustrofobia crônica, psicodélica e chata quando estou lá, os finais de semana não tem mais cara de orgia, alegria ou encanto, são somentes dias, sem cores, cinzas como dias de chuva, nem a água hidrata mais minha pele seca de saudade. Enquanto escrevo essas breves linhas estou em Goiânia, meu aconchego, aqui topo com figuras excêntricas, mulheres bonitas, amigos perdidos, pessoas da época do teatro, da faculdade, da loucura, da sacanagem, da intelectualidade, revejo rostos, encontro novidades, acho graça do infernal trânsito, tenho saudade até do estresse, o shopping não é mais tão chato, tem um certo brilho, só o distanciamento nos faz sentir falta, as ruas a noite com seu romantismo, misterio, horror e marginalidade me encanto de verdade, sou mais um perdido na noite, encontrado nos dias que se anima com a vida.

Hoje é meu último dia na invertebrada cidade onde o Ahanguera tem morada, sou um suspiro de nostálgia, pronto para retornar ao mundo obscuro, lá pelo menos tem algo que gosto e que me faz muita falta nesse feriado, o trabalho, sinto falta de estar nas ruas atrás de bandidos. Tenho que finalisar, me despedir com palavras, minha volta aqui será em breve, não tenho intenções secundárias, não eternizarei minha angustia, o sonho não acabou, o terror e amor estão dando seus pulos, o metafísico é uma desculpa, o presente uma passagem rápida e intensa, se não há esperança já sabemos que temos que aproveitar o agora, não me arrpendo dos dias em branco, dos prantos, sorrisos inocentes, gargalhadas sacanas. É o fim? Não, apenas uma pausa para reflexão.

sábado, 2 de outubro de 2010

O PERDÃO E O CRISTIANISMO

                       "Love means never having to say you're sorry", "Amar é nunca ter que pedir perdão".                         ( Frase do filme Love Story).

O fluxo temporal desagua no anormal cair da noite da consciência, refletir sobre esse ser para morte é imaginar uma entidade orgânica com sentimentos, um animalesco lógico, uma intelectualidade irracional, o instinto nos poros, a razão nos promove, caminhar pela terra é ter consciência de nossa existência, a morte é só mais um detalhe, um intensificador que nos leva a aproveitar cada raro e passageiro momento. Mesmo sendo rara a vida é cheia de problemas, a falta deles é problemático, não há como negar a contradição, a dor, o amor, o rancor, a melancolia, a angustia e o prazer, tudo reunido na mesma gaiola azul, loucura do acaso, caos sem ordenamento, a falta de sentido da vida se esbarra no pensar religioso, na filosofia do amparo, somos orfãos a procura de um pai, seja Deus, o destino, o comunismo, não importa.
Como a vida parece desgovernada sem um capitão metafísico criamos lendas, mitos, deuses, as religiões surgem como sentido da vida, como uma seta apontada para a verdade que existe por si só, sem noção, ação, vontade ou interpretação. É nesse processo que surgem religiões como a cristão, com sua idéia de trindade, amor ao próximo, piedade, paraíso, inferno, criações transcendentais que nos leva a crer na existência desse ser, Jeová, Jesus, ou simplismente Deus.
Dentro da doutrina cristão é comum vermos falar do perdão, Jesus perdou os romanos que o crucificaram e pediu para seu pai os perdoarem também, dentro dessa perspectiva fica difícil pregar amor próprio e orgulho, já que esses muitas vezes vão contra o perdão, esse tipo de gente é taxada de rancorosa, pessoas que não conseguem perdoar, que guardam mágoa.
Acho hipocrisia falar que existe alguém que nunca desejou o mau para outro pessoa, em momentos de raiva isso é normal, ter raiva também é normal, isso pode se desdobrar em ódio e rancor, em situações imperdoáveis, nem sempre vai dar para desculpar, para perdoar, tem momentos que temos que ser firmes, o amor próprio passa por isso, a humildade é política, temos que saber o momento certo de usá-la, não nego, sou orgulhoso, não me humilho ou me rendo ao perdão, tenho amor próprio, tenho opinião, o cristianismo é interessante, não vou dizer que é uma coisa babaca, mas não sou adepto incondicional da sua doutrina, tenho limitações severas em relação a ela, primeiro vem meu bem estar, minha posição enquanto ser humano, depois penso se vale a pena me sujeitar a certas coisas. Ter orgulho e andar de cabeça erguida é uma posição nobre, não tenho a moral do escravo, não sou um capacho da moral e da ética reliogiosa, concordo que há pontos positivos nela, mas tem que ser relativisados.