Meteoricamente fuminante, dinâmico e sem momentos de reflexão, no calor da emoção, assim foram os acontecimentos nos últimos dias dessa minha louca, desmedida, incompreensível e caótica existência. A vida nos atropela e nos pega de surpresa, na verdade tomamos decisões e somos responsáveis pelos resultados de nossos atos, essa é a dura ética da responsabilidade, porém mesmo sendo adultos temos um comportamento infantil, sabemos que nossas escolhas podem dar determinados, ou prováveis, resultados ruins, mas continuamos no mesmo caminho como cavalos, na esperança- essa maldita dádiva cristã- de que as coisas tomem outro rumo.
Com uma vida financeira a beira da loucura, excesso de trabalho, dúvidas constantes, ainda tenho ropantes românticos, aventuras desejantes, alucianções, escolho a intensidade, a complexidade e o desesperado caminho dos relacionamentos fadados ao fracasso. Assim caminha a humanidade? Assim caminha almas materialistas como a minha, criaturas que não se cansam de beber das águas da frustração.
Olhos brilhantes, boca carnuda, jeito meigo de me conquistar, dessa forma está justificado todos os meus últimos pecados, mergulhar nesse mar sem fim de carinho e depois morrer na praia de espinhos, esse foi meu itinerário no ônibus do universo, sem freios desci ladeira a baixo e me espedacei no choro contido, no constrangimento emotivo e no silêncio repriendido de desejos, sonhos e perdas.
Não compreendo mais minhas palavras, elas não contemplam todo o "meu sentir", parece que meus pensamentos, raivas e tudo que é sentido no meu corpo são impronunciáveis, meu estado de espírito não tem tradução nesse momento. Olho com otimismo para o amanhã e espero o fim do vendaval, mas sem tirar da cabeça aquele olhar úmido de emoção que me levou para essa situação.