terça-feira, 29 de junho de 2010

SER INÚTIL

Fico pensando se somos realmente importantes, insubstituiveis ou mesmo necessários nesse louco e caótico universo, começo sempre pelo meu lado pragmático tentando achar uma utilidade para "mim" nesse mundo, eu não sei soltar pipa, cozinhar pratos franceses, não tenho conhecimento em explosivos ou ciência aeronautica, não consigo plantar bananeira, andar de skate, não tenho conta na caixa econômica, não sei fazer cálculos matemáticos, não consigo acompanhar a lógica da física ou estudar a tabela períodica da química, nunca escrevi um romance ou uma análise econômica, não tenho conhecimento jurídico, administrativo ou biológico, sou um inútil nesse universo?
Não sou insubstituível no mundo, para falar a verdade nem sou importante, mas quem é? É de uma soberba incomensurável o fato de uma besta fera qualquer achar que é um ser importante nesse universo, o ser humano com sua cultura e intelectualidade é acompanhado de perto pela ignorância e arrogância, ele se acha o centro do universo, até criou um deus a sua imagem e semelhança, se afastou dos outros seres vivos com uma idéia de alma e vida após a morte, como é diferenciado esse tal de humano.
Não vejo finalidade na existência, logo não vejo utilidade no ser humano, ele é apenas mais um acidente cósmico e como tal está aqui apenas por estar, não somos a última coca gelada no deserto,. somos apenas mais um grão de areia no infinito e eterno universo, caminhando para o nada, aproveitando cada minuto desse intenso e rápido viver.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

futuro e ficção-científica

Caminhar sobre essa terra é algo engraçado, passear o olhar pelos verdes biológicos, por vermelhos ideológicos, sangue estúpido, azul religiozo, folhas mercadológicas, viver é mesmo um absurdo. Surgir do nada, de explosões cósmicas ou de deuses eternos e antropomórficos é de uma imaginação efervescente e diabólica, amar e lutar por cidadania, estudar e ter que refletir sobre a desgraça da vida, respirar e transar é mesmo um dos fardos da existência, mas de tudo que está no pacote existencial o que causa mais espectativa é mesmo o tal do futuro, o devir, o tempo ainda não existente, porém presente em nossa imaginação, ansiedade, esperança e frustração antecipada.
Não há como viver sem pensar no dia "de amanhã", lançar nosso olhar sobre o futuro e suas possibilidades é demasiadamente humano, fazemos planos, criamos imagens otimistas, temos medos e pessismos, projetamos sonhos, espctativas pessoais, políticas e sociais, mundos socialistas, paraísos mágicos, desertos apocalípticos ou sociedades já desaparecidas, o futuro é um aquário imaginário onde mergulhamos belezas, ideologias, medos, otimismos e é nesse projetar que está incluido temas fundamentias para a ficção-científica.
A ficção-científica surge como mitologia e imaginário artístico do mundo industrial e científico, ela coloca as espectativas sobre o futuro, o medo do outro, a visão sobre outros mundos, a relação entre homem e máquina, a ciencia e a existência no mundo moderno como centro de suas reflexões e aventuras. Em suas narrativas literárias, cinematográficas e outras formas de comunicação e arte a FC se debruçou sobre vários temas, mas foi o futurismo uma de suas principais marcas, primeiro com uma visão otimista ligada a idéia de progresso iluminista, depois com uma visão mais pessimista sobre o ciência, poder e ação humana na terra, essa segunda é a mais interessante e usada pela FC pós segunda guerra mundial e que eu chamo genericamente de visão pós moderna de futuro.
A visão pessimista de futuro é distópica, ela abandona os sonhos progressistas e evolucionistas de iluministas, socialistas, não há paraísos religiosos como o cristão, nesse mundo há destruição, guerras atômicas, luta entre homens e máquinas, ou apenas a repetição de nossa sociedade sem romantismo ou mundos perfeitos. Em filmes como exterminador do futuro vemos a luta entre seres humanos e máquinas, já na trilogia cult mad max está presente um futuro pós apocalíptico onde a violência gratuita toma conta do mundo, viagens espacias como a de 2001 são bem presentes nesse gêenero artísticos assim como a reflexão existencial e a relação com a morte presente no clássico blade runner, sacadas filosóficas, mundo virtual e dominação também não ficam de fora como é bem explícito no cyberpunck matrix ou no livro neuromancer.
Criar espectativas sobre o futuro no mundo pós moderno nos leva a imagens de pessimismo científico e político, o ser humano no século XXI não tem mais sonhos utópicos, porém isso não pode fazer com nós abandonemos as lutas políticas e socias ou não lutemos por melhorar nossa vida e obtermos êxito no campo profissional, amoroso etc. Termos consciência do eterno retorno do mesmo, ou seja, que o futuro não vai ser muito diferente do que já foi o passo e está sendo o presente não é pessimismo, mas sim realismo.

terça-feira, 8 de junho de 2010

PARA QUE VIVER?

Caminho pela cozinha, como ferozmente pela madrugada, bebo suco, água e saudade, sou devorado pela solidão fria da noite, pela amargura do silêncio noturno, encantado com a falta de sono sou seduzido pelo computador, atraído pela música instrumental que paira no ar, pelo conteúdo supérfluo que leio na tela preguiçosamente. A insônia contagia e toma conta de todo o meu ser, lembranças loucas e surreais brotam na selva de minha mente, uma memória efervescente borbulha imagens distorcidas de um passado recente, romanticamente sinto tristeza por lembrar, amar, sofrer e viver, a existência é mesmo um fardo muito pesado.
Olho para o relógio, as horas não passam, o sono não chega, a felicidade é estar respirando desejo, duvidar é o caminho que vejo nessa madrugada vazia. Reflexões exdrúxulas são colocadas conscientemente pela minha razão, sonhos imaginários, cenários mal pintados tomam conta da cena refletida no aquário de minhas idéias, não conseguir dormir me leva a  isso.
Continuo acordado, a música triste perdura no meu ouvido já cansado, eu me pergunto por que continuar, para que viver? Se já sabermos que o personagem vai morrer no final parece que perde a graça, mas sabemos que morreremos no final e mesmo assim continuamos, a vida não passa de um caminho para a morte. Dentro de uma perspectiva judaico-cristã a vida não passa de uma passagem para a "verdadeira" vida após a morte, nossa existência é finita e cheia de dor e desgraça, com pitadas de amor e esperança, mas a vida após a morte é eterna, agradável e "iluminada", se é assim para que viver, podíamos ir direto para esse paraíso espiritual, ou suicidarmos e passarmos logo para o verdadeiro mundo, o belo, correto, justo e anjelical. Já dentro de uma perspectiva ateia a vida é só essa mesma, a finita, mundana e "pecaminosa", ela também tem um fim, mas o fim, ou seja, a morte, não leva a vida eterna, mas sim ao fim da existência. Se a vida é passageira e no final sem sentido, já que  perderemos tudo que construimos em vida e nos tornaremos 'nada", para que viver?
Não há sentido na vida, ela é paenas um acaso com um fim, ou uma passagem para outra vida,mas isso não a torna desenecessária, a torna intensa, odisséia intergalática, a nossa existência é aproveitada nos momentos, sabemos que deixaremos de existir, porém em quanto existimos aproveitamos ao máximo esse momento de amor, dor, dúvida, angustia, prazer, paixão, felicidade e temor, somos engolidos pela mágica de respirar, pelo encanto de sonhar, viver é mesmo uma arte. Apesar do sofrimento há um misto de espanto e felicidade no existir que é esse caminhar por essa vida com suas contradições, perplexidades, dúvidas, belezas e encantos.

sexta-feira, 4 de junho de 2010

A VIDA COMO ELA É E O MUNDO SONHADO

"Vou me embora para passárgada", sempre que leio os versos escritos por Manuel Bandeira sinto na pele a vontade de sair desse mundo e levar comigo minhas angustias, desesperos, amores, frustrações e espectativas. A dor e a tristeza desse mundo nós fazem sonhar com paraísos encantados, mundos fantásticos, sociedades comunistas, ilhas nunca habitadas, como é difícil aceitar essa vida, esse mundo ou a sociedade onde vivemos, a vida como ela é não trás muita felicidade, conforta e satisfação, mas parece-me que não há outra melhor, ou pior.
A não aceitação da nossa condição humana as vezes nos faz mal, sentimos um desconforto, um aperto no coração, válvulas de escape são acionadas para dar vasão ao nosso desencanto, criamos paraísos religiosos com a esperança de uma vida melhor após a morte, sonhamos com outras dimensões, desejamos sociedades utópicas- como a comunista por exemplo- que resolvam os problemas de desigualdade e exploração de nossa sociedade. O ser humano não se conforma com a melancolia, contradição e dor desse mundo, para ele deveria haver apenas a alegria, o prazer, a beleza e a igualdade. Concordo que não é agradável certas situações, ficamos chocados com desigualdade "gritante" da sociedade, somos levados a tristeza com a morte de pessoas queridas, a dor e as doenças são um martírio, porém não há como negar todas essas coisas, elas são inerentes a vida, fazem parte do pacote. A vida é uma contradição de amor e dor, felicidade e melancolia, bem e mal, escuridão e luz, pergunta e falta de respostas, aceitar a vida como ela é é aceitar esse pacote  e caminhar nesse universo caótico rumo ao fim, que não é uma sociedade utópica ou parísos transcendentais, mas simplismente "o fim", sem rodeios ou meias palavras. Aceitar isso não corresponde a ver o mundo apenas cinza, o colorido, o amor, beleza e felicidade estão presentes em nossas existencias e devemos procurá-los, sem nos frustrarmos com as desgraças que também aparecem em nossos caminhos.