domingo, 14 de fevereiro de 2010

VINGANÇA

Após uma noite cansativa de trabalho durmo durante toda a manhã de domingo, depois do almoço a preguiça irreverente e o sono ainda persistente me acompanham em minha monótona e descolorida tarde dominical, passo meus olhos pelos cantos da casa, nada mais desanimador do que o silêncio quando perguntamos a nós mesmos o que fazer, mas o silêncio abre espaço para a contudente e gritante respostas cinematográfica, acabo me rendendo ao charme da releitura e começo a assistir MAD MAX, nostalgia e lembranças da infância são minhas companheiras, a cena onde Max aparece tirando os óculos fazem minha louca e vibrante memória recordar da abertura da antiga sessão das dez no SBT. Apesar da minha empolgação nostálgica o que me levou a citar essa minha sessão dominical foi um dos  temas presente nessa película,  a vingança. Colocada como uma vilã, a vingança está intimamente presente em nosso cotidiano, quem nunca pensou em se vingar de alguém? Não é mediocridade ter este tipo de pensamento, as vezes temos o instinto da revanche, a raiva nos leva a querer isso, não há como negar .
O cinema está cheio de exemplos com a temática aqui tratada, poderia colocar infinitos títulos aqui como referência como é o caso de desejo de matar, os imperdoáveis, sobre meninos e lobos etc. Mas seria desnecessário me referir a esses filmes já que o tema está em evidência em vários outros meios de comunicação cultural como as novelas, por exemplo. No caso do primeiro filme citado aqui - mad max- o protagonista tem sua esposa e filho mortos por um grupo de motoqueiros "fora da lei", ele se vinga perseguindo e matando todos eles, além do ambiente futurista caótico e da violência gratuita está explícito a loucura do personagem com a perda da sua família, geralmente essa loucura, raiva ou tristeza justificam a vingança nas obras de arte, ela é a motivação pela busca de "justiça". Sabemos que um crime não justifica outro, pelo menos em nossa cultura burguesa de democracia de direito, mas mesmo assim ficamos do lado do herói que quer se vingar matando os vilões, isso me parece com um desejo reprimido que é representado na tela ou na literatura e que satisfaz nossos instintos de vingança, pois não temos coragem de nos vingar, seja pelo nosso senso de justiça, moral ou até por medo de represália, mas gostamos de ver outros fazerem isso, nos colocamos no lugar deles.
Quanta coisa não deixamos de fazer ou jogamos "para debaixo do tapete", a vingança é uma delas, ainda bem que nossa visão seja essa, é humano e compreensível esse desejo, porém para nossa convivência social ela é prejudicial, temos a arte para jogarmos para fora esses desejos, temos a imaginação para saciar essa louca ansia por reparação de perda. Na prática temos a justiça institucionalizada na polícia e no judiciário, ou seja, o Estado, que nem sempre conseguem nos satisfazer como os heróis na arte.

Nenhum comentário:

Postar um comentário