terça-feira, 20 de novembro de 2018

O policial intelectual é inútil


O intelectual é inútil num mundo utilitário, a visão a longo prazo é desprezada quando o que é rentável é a perspectiva a curto prazo, imediatista. O conhecimento é inútil, para que pensar em segurança pública através de uma sociologia do controle social, para que refletir sobre filosofia e violência, se o que nos interessa é apenas investigar, prender e fazer a roda do encarceramento rodar? Para que serve entender que o lucro é fruto da exploração, do mais-valor obtido do tempo médio de trabalho, se o que interesse é produzir cada vez mais em menos tempo para dar lucro, e encher os consumidores de mercadorias?
           Não adianta falar sobre indústria cultural, se o que as pessoas querem é apenas passar o tempo com uma arte superficial e que lhe traga prazer momentâneo.
           O intelectual e o conhecimento são inúteis num mundo instrumentalizado, mercantilizado, prático e capitalista; porém, ele é ainda mais inútil em intuições como a polícia.
           O dia que não olharmos mais com uma mentalidade restrita sobre utilidade, e vermos o conhecimento e seu valor em si mesmo, quem sabe a sociedade verá com bons olhos o mundo intelectual; quiçá a polícia abraçará também o policial que mergulha nesse mar excêntrico e olha por um periscópio diferente o oceano do social e traz respostas cheias de dúvidas sobre nossa existência, sociedade e emancipação humana para além da cúpula do trovão do mundo como ele é, e não como deveria ser.

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