sábado, 5 de agosto de 2017

Melancolia gélida de votos que alimentam monstros políticos frios

Olho pela janela, motos, carros, até um fusca vermelho e barulhento passa, o tempo passa, fluido, calmo lá em baixo, violento na alma, fluxo contínuo e inexorável! O meu ser é o que ainda não foi, dúvida constante, mudança fleumática, permanência sem palavras, inaudita permanência de dúvidas.
Duvido que seja apenas cortes leves, me parece carnificina, o tempo passa, mas o conservadorismo e as velhas práticas continuam; travestidos, novas roupagens, o corte na carne é sanguinolento, feridas abertas não cicatrizam tão rápido como passa o tempo.
Não há poesia na desgraça? Infortúnios, dores, paisagens lúgubres, melancolia sem rima, eis a poesia trágica e ácida que sai das páginas políticas; cortes no orçamento, saúde, educação, ação de meliantes em andamento, mas salvam comparsas, presidentes, economias.
Em nome da economia cortamos orgasmos, futuros, bolsas; apenas desgostos adoçam esse café frio nesses dias gélidos. Corações em brasa queimam e a flama entra em contato com a neve que sai dos céus cinzas, tristes e burocráticos, eis a política partidária que inflama o peito e continua a caminhar comendo a carne que sai das urnas eleitorais.
Vote e alimente um monstro, carnívoro e intransigente, que adora o gosto salgado de mamíferos e inteligentes. A fogueira está acesa, o frio permanece como a corrupção que evapora pelos poros e se desfaz em discursos inocentes; não há prisões para quem rouba alimento de crianças ou futuros de jovens delinquentes, apenas negritudes esfomeadas e enlouquecidas pagam o preço em celas imundas e dias sem sol poente.
Lute e quebre as algemas de gelo que lhe prendem ao monstro partidário, estatal e sem vergonha, inescrupuloso representante de seus próprios interesses, que cospe confeites verbais e lhe tira o suor da labuta diária, tudo em nome do povo, essa fantasmagoria que só serve para subterfúgios esfarrapados que encobrem ideologias parasitárias.

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