Como no filme
A ÁRVORE DA VIDA começo esse texto pela morte, a morte dolorida, sofrida de um
filho, a morte de um sonho, o sonho da esquerda partidária, como no filme faço
um salto surreal com ar de ficção-científica e com trilha religiosa, sacro é o
pensar, duvidar é demoníaco, pode derrubar os pilares que sustentam o mundo,
explode, luz, o mundo surge, gênese, aqui começa o ambiente, o palco das
tragédias, dos suspiros, do nascimento e morte dessa esquerda partidária.
Leituras
literárias, miseráveis, ladrões de pães, prostituas com filhas, a miséria
humana, a fome e a volta romântica por cima, leituras políticas, marxismos,
histórias de revoluções, escravismos, entre Dom Quixote e Machado vejo filmes,
pobres sendo explorados, me emociono com um homem carregando um carrinho e
sendo lambido pela ferina e cancerígena luz solar, o calor faz seu corpo
transpirar, meus olhos transpiram, a lágrima quente não cai, é a lágrima que
molha os sonhos melancólicos do socialismo.
Gênese,
dinossauros, aurora do homem, tacapes, lutas de classes, revolução industrial,
a razão instrumental, pasta dental, dentes afiados, sujos de sangue, carne
humana, fadiga ao pensar, a esquerda é contestação do simplesmente dado,
constatado, mas apodrece e vira essa marionete do capital, corrupta como sua
antagonista liberal.
O muro de
Berlim caiu, os sonhos desmoronaram, depois de 1989 fica difícil acreditar na
utopia burocrática e guerrilhas, como a cubana, de partidos autoritários e revolucionários,
como os bolcheviques. A revolução de 1917 e seus filhos satânicos nos mostraram
que os extremos violentos guiados por burocratas partidários são tão monstrengos
quanto os nazistas e empresários liberais, hoje só restou a reforma, a social
democracia, essa aberração que joga o jogo da burguesia e participa de
eleições, vende sua bandeira ao banqueiro, ao empreiteiro, o partido deixou de
ser revolucionário e passou a ser eleitoral.
O choro toma
conta dos últimos românticos, a esquerda no Brasil chora pelo filho morto,
choro dolorido e sofrido, como o do começo do texto, o PT se mostrou tão corrupto
como seus pares de direito, PSDB e CIA. E agora, sem partidos revolucionários,
sem guerrilhas americanas, sem social democracia petista, e agora?
O capitalismo
já mostrou que não abrirá as portas do paraíso, não há socialização dos bens
produzido, o domínio é do capital, a exploração é seguida pela dominação, a
esquerda foi seduzida pelo reformismo, a social democracia é um capitalismo
liberal maquiado de socialismo, só restou o choro de pais sem filhos e estéreis,
pois não podem mais gerar bolcheviques, petistas ou coisas do tipo, mas como
conviver com essa adoção indesejável que é o capitalismo?
Dinossauros
caminham sobre a terra, de repente...Milhares de anos se passam e somos dinossauros
que ainda acreditam em partidos políticos, pessoas brigam por que um partido é corrupto,
se esquecem que todos são, tem ódio a um partido, se esquecem que todos os
partidos são estruturas burocráticos sem vínculos com os anseios populares, mas
o que fazer com o vazio deixado pelo PT?
Não consigo
acreditar em uma esquerda violenta, partidária ou social democrata, não vejo
futuro no sangue que jorra de tiros, ou de votos dados a grupos financiados por
bancos, só consigo ver um futuro menos tenebroso na participação popular, dos
trabalhadores, explorados, negros, mulheres, homossexuais, homens sem machismos
assumirem o poder e torna-lo mais democrático, mais fluido, menos robotizado,
mais erotizado, mais humano. Fora PT, fora PSDB, fora PMDB, fora banqueiros,
empresários, fora estupro, racismo e desmatamento, e entre a libido, a
socialização dos bens produzidos e as decisões tomadas em conjunto, que todos
sejam autônomos e se auto administrem.
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