segunda-feira, 18 de maio de 2015

Mad Max E O Caos Educacional

  Nostalgia é algo traiçoeiro, nos aperta, afaga, constrange e dá esperança, no fim a agonia é tremenda, caminho rumo a sala de cinema, já vou imaginados se o que vou ver na tela é algo que me remeta a surreal e longínqua infância ou que derrube os castelos de areia de minha memoria imaginativa. Uma tela com uma fotografia agradável, loucura, correria, muita ação e pouca história, onde está o roteiro, onde está a construção dos personagens, onde está Max? Perguntas, questionamentos vão dilacerando minha mente que trabalha freneticamente, no ritmo do filme na tela. Mad Max-Estrada da Fúria decepciona por faltar vida, construção de personagens, trama e roteiro, é apenas imagens bonitas e cenas de ação, cinema de sensação como diria o critico de cinema Lisandro Nogueira, ou vídeo game cinematográfico, como gosto de chamar por falta de termo melhor. Mad Max é uma franquia, ou série cinematográfica que tem início em 1979 na Austrália, traz uma visão pós-apocalíptica do mundo e tem como protagonista um patrulheiro da polícia em um mundo decadente que irá enlouquecer após a perda de sua família e irá mergulhar no deserto de caos, destruição e falta de humanidade. A trilogia original é clássica e o primeiro filme é um dos maiores cult's da história do cinema com sua distopia violenta,seu ar alternativo que nos faz pensar qual é o mundo que estamos construindo, ou mesmo destruindo.
   O mundo moderno com o iluminismo nos legou uma cultura de otimismo político, o cristianismo, religião predominante no ocidente é uma religião otimista quanto ao futuro de redenção e prega a esperança, essa possibilidade positiva sobre o futuro, no meio desse romantismo piegas ideológico político há as divergências sobre o futuro imagens de pessimismo e distopia enchem a imaginação dos seres humanos, no cinema e literatura de ficção científica é rica a produção nessa perspectiva, Mad Max é um bom exemplo, sempre que imagino Max, o protagonista, mergulhando no deserto de barbárie e falta de perspectiva penso ele como metáfora do ser humano pós moderno caminhando para o nada, mas recentemente sua imagem brilhou  em minha consciência turva como algo que represente  o deserto educacional, pois a educação no Brasil, vem passando por uma onda de barbárie, desprestígio e, diria mesmo, de loucura jamais vista por esse autor amador que aqui escreve. Nesse ano que ainda corre como cachorro enraivecido tivemos a notícia de movimentos de professores por melhorias de estrutura, salário e lutando contra o ataque neoliberal de governantes famintos com projetos excêntricos que retiram benefícios dos servidores públicos. Dentre esses movimentos grevistas destaco o dos professores municipais de Goiânia e os estaduais do Paraná. Os dois movimentos citados aqui foram brutalmente reprimidos pelas forças policiais ostensivas municipais e estaduais , professores que trabalham com instrução, construção de conhecimento e formação de seres humanos foram brutalmente desumanizados e constrangidos pelas forças repressoras. Agora eu pergunto, como não comparar a educação sem estrutura, sem salário digno, sem humanidade e alvo do gladio do Estado com o deserto caótico de Mad Max?
    Os cristãos criaram o paraíso, os marxista a utopia da sociedade sem classes, todos os seres humanos já sonharam alguma vez em sua vida com um mundo lindo e encantado, sem sofrimento, sem exploração, sem desgraças como as desventuras da fome, estupros, ou dívidas bancárias, mas o mundo de carne e osso não é feito de paraísos ou sociedades alternativas, é feito de contradições, conflitos, lutas e sangue, mas também de amor, tesão, compreensão, é isso que talvez falte, compreensão, mas também sensibilidade, falta discussões filosóficas, arte, humanidade no sentido acadêmico, político e existencial, com isso afirmo que falta educação e no lugar dela está crescendo um deserto distópico, apocalíptico e nossos governantes apoiados pelo silêncio da população colaboram com maestria para essa desertificação. Não há sociedade mais igualitária, fraterna, com direitos humanos e menos violenta sem investimento social, político e cultural na e pela educação, enquanto não mudarmos esse quadro continuaremos como Max, caminhando para dentro do caos sem humanidade.

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