sexta-feira, 14 de maio de 2010

Amor, sentimento sem explicação

A dúvida é sempre o primeiro passo para uma reflexão, o primeiro degrau da escada rumo a um texto, a pergunta percorre todas as portas desse castelo de imaginação, angustia e prazer. Sou um ponto de interrogação solto no universo, um ser cuja existência sem sentido se metamorfoseia de esperança e desejo, frustração e loucura, morte e luxúria, todas as contradições inerentes ao mundo, presas nas entranhas da mente, perdidas nas lembranças apagadas ou brilhantes em espectativas não existentes. Metamorfose ambulante, perigo santo, dúvida constatante, sou a marginalidade do pensamento moderno, o inferno de mim mesmo.
Procuro razões para aguentar essa contagem regressiva chamada vida, viajo por loucas revoluções políticas, pornografias surreais, violências gratuitas, religiões metafísicas, poucos são os elementos que tornam minha existência menos agressiva e triste. Um motivo simples, uma palavra aparentemente ultrapassada, um sentimento muito comentado, eis o amor uma das poucas "coisas" que fazem valer a pena essa louca e debochada vida. Mas o que é o amor? Responder o que não tem resposta é uma tragédia engraçada, vivenciar isso é uma das odisseias terrenas desse drama humano, sentir é fácil, descrever difícil, explicar é um desafio, não tenho palavras para falar desse tal de amor, esse rio que nasce fora da razão, próximo do desejo, dentro da paixão, o amor é filho do inconsciente, mas que amadurece na consciência de sua dor, prazer, angustia e contemplação, surge do turbilhão da paixão, sobrevive ao enfraquecimento do desejo, nos leva a loucura e nos deixa no braço da tranquilidade, contraditoriamente nos fascina, embriaga, entristece, enlouquece e maltrata, depois nos beija com loucura, abraça com ternura, difícil não chorar com sua beleza, crueldade e saudade.
Na vida tudo se perderá e sumirá como lágrimas na chuva, a morte nos livrará dessa existência e de todo sofrimento, maldade, tesão e felicidade, será o fim das angustias, ansiedades, monotonias e loucas intensidades, mas enquanto caminhamos para o fim nos divertimos e sofremos com essa estrada, nesse caminhar o amor nos leva ao inferno e paraíso com frustraçõs, traições, dúvidas e reconciliações, beijos profundos, amizades vibrantes, conversas fascinantes, esse é o quadro borrado, mal iluminado do sentimento mais profundo e não compreendido pela mente insana do humano ser jogado no mundo que aqui escreve.

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