Meu trabalho é bom, mas mesmo gostando dele as vezes é chato ficar até mais tarde no espediente, mas mesmo assim o serviço é interessante, hoje foi um dos dias que fiquei até mais tarde, voltei para casa com aquela canceira rotineira, maneira como a preguiça que toma conta do meu ser agora, o sono e o desânimo caminham ferozmente, querem me vencer, mas eu aquento heroicamente para poder escrever mais esse humilde, pequeno e despretencioso texto, muito bem, cheguei mais tarde em casa, lavei minhas roupas, jantei e liguei o famigerado e quse arcaico aparelho de CD, coloco um dos meus "discos" preferidos e vou me deliciando com a música que penetra suavemente me meus ouvidos, mas ferozmente em minha alma sedenta por aventura, amor,loucura e contemplação do nada.
As músicas são pérolas jogadas aos povos e povoam as mentes, corações e corpos, mesmo o dos porcos, a música que tocou em meu aparelho de som hoje é do genial VANGELIS, com sua armonia angelical e estrondos demoníacos, abalando as estruturas de meus sonhos, enriquecendo meus desejos de alegria, mas havia uma música em especial, uma que me fez sonhar de forma nostálgica e me atraiu para o lado mais fantástico, foi o tema de amor do filme BLADE RUNNER- O CAÇADOR DE ANDRÓIDES e foi essa música que me fez escrever esse texto.
A imagem e as lembranças do filme colocaram em minha consciência duvidosa e caótica a pergunta " como pensar o imaginário científico e a cultura contemporânea sem pensar na ficção-científica? A resposta foi uma sonora e estupenda palavra chamada "impossível", pois é mesmo impossível pensar no mundo atual sem pensar nessa corrente ou gênero artístico que marcou nosso imaginário e gosto com obras mais do que clássicas, eu diria até obrigatórias na literatura, cinema, HQ e etc.
A ficção-científica surge no século XIX, ela é fruto da revolução industrial, da fantasia humana e é influenciada perla arte romântica, pelo gótico e pela aventura fantasiosa que povoa nossa cultura ocidental. No campo da literatura não tenho muito conhecimento em ralçação a esse gênero, mas li algumas obras interessantes, dentre elas estão ADMIRÁVEL MUNDO NOVO, O CAÇADOR DE ANDRÓIDES e NEUROMANCER. São obras instigantes, o admirável mundo novo nos leva a um futuro controlado pela biologia genética, onde somos condcionados no nascimento a pertencer a uma determinada "classe", o caçador de andróides nos leva a um futuro também pessimista onde homem e máquina são joguetes do acaso e mero acidente existencial, já neuromancer é o primeiro livro cyberpunk, mostra o mundo virtual como um segundo mundo, os marginalisados, drogados e o pessimismo existecial em relação as nossas angústias mais profundas, todas as obras aqui citadas tem um olhar artístico e belo sobre a ciência e seus problemas, avanços e sua relação com a vida humana, a miséria, a filosofia, o amor, a política e a existência.
No campo cinematográfico a produção de ficação-científica é imensa, temos um dos precursores o filme alemão METRÓPOLES, este nos coloca em uma sociedade onde a luta de classes é jogada em futuro expressionista, com uma história de amor no estilo "Romeu e Julieta" de fundo e uma imagem interessante sobre robôs, essa película é um clássico do gênero, apesar de ser um pouco chata em algums momentos. Além desse filme poderia citar algumas centenas, mas vamos nos prender aos clássicos ou aos que marcaram época.
Na década de 50 e 60 nos EUA fizeram uma "enchorrada" de filmes de ficção-científica que chamamos de trash ou B, eles são filmes de baixo orçamentos, com histórias fracas, elas eram uma mistura de terror trash com um fundo de fantasia artítica, neles víamos invasões de extraterrestres, monstros gigantes, insetos mutantes, tudo com uma qualidade duvidosa. Mesmo assim temos obras importantes e de boa qualidade como o pacifista e "bonitinho" O DIA QUE A TERRA PAROU e GUERRA DOS MUNDOS, todos os dois foram regravados recentemente.
No final da década de 60 foi feita uma das mais instigantes, filosóficas e misgteriosas obras da sétima arte, estou falando de 2001- UMA ODISSÉIA NO ESPAÇO, o psicopata mais fantástico do cinema, o diretor Stanley Kubrick nos deixou essa fantasia cósmica qua salta da pré-história ao século XXI num piscar de olhos, com uma trilha sonora fantástica, um tema instigante e profundo ele nos presenteia com esse orgasmo sonoro, visual e filosófico sobre nossas origens, corrida espacial e psicodelia cósmica.
A década de 70 é de Lucas, Spielberg e Tarkovski, o primeiro inicia sua carreira com THX1138, nesse Lucas nos mostra um futuro desolador, onde o controle e o totalitarismo são crticados, depois veio a saga STAR WARS, série cinematográfica obrigatória para os cinéfilos e fãs de ficção-científica, na onda da corrida espacial o diretor cria um mundo fantástico que mistura a cultura romana, filmes de western, cultura japonesa e guerra fria em uma ópera espacial repleta de magia, com um fundo religioso os guerreiros JEDI são a atração desse colosso cinematográfico que até hoje leva muita gente ao delírio. Considerado o 2001 russo SOLARIS é uma fantástica e contemplativa aventura pela mente e humana que Tarkovski dirige com maestria, já Spielberg vai por um lado mais meigo e tradicional, com seus ET´S bonzinhos e sonoros de CONTATOS IMEDIATOS DO TERVEIRO GRAU, ele volta nos anos 80 com mais uma infantil, mas interessante visão nessa linha em ET.
Já nos anos 80 somos levados a ação em Exterminador do Futuro e com as continuações de Mad Max, Blade Runner nos coloca no conflito entre humanos e máquina de forma mais metafórica, onde a questão existencial é colocada em tons melancólicos em um futuro decadente e pós-moderno. Os anos 90 e o início do século XX também trazem filmes interessantes como MATRIX e sua visão cyberpunk sobre mundo virtual e futuro pessimista, além do tom filosófico, mas não vou me alongar mais, termino aqui esse texto dizendo que o imaginário cietífico e artístico está impregnando em nossa cultura através da ficção-científica que nos coloca os conflitos éticos como a clonagem, desafios como o aquecimento global, a luta entre homens e máquinas, questionamentos sobre a nossa existencia, seja de forma otimista, pessimista ou despretenciosa esse gênero nos leva ao deleite estético, ao belo e a reflexão.