Enquanto
degusto um pão de queijo também digiro a morte de David Bowie, o eterno Star Man
da música, mas é o Star Wars do cinema que me chama atenção. No final de 2015
ouve um novo despertar da força, é o episódio VII da saga cinematográfica que
traz de volta a magia do cinemão pipoca com uma certa qualidade, a luta contra
impérios ditatoriais, lutas de estilo samurai com sabres de luz, o bem contra o
mal, a jornada do herói, velhas formas em nova roupagem , temas tradicionais e
consolidados em uma repaginada pós-moderna que junta estilos, temas, histórias,
western, ficção-científica, cinema samurai, quadrinhos, bíblia e muita criatividade
com efeitos especiais.
O retorna da
franquia do cinema espacial traz de volta um maniqueísmo religioso, a velha
luta do bem contra o mal moldado de forma metafísica sem brechas para a
canalhice, anti-heróis, posições dúbias; extremismo total. Esse extremismo que
é adoçado no cinema fica ácido nas redes sociais, discussões em locais de trabalho
e chega ao limite em contatos corporais durante passeatas. Estamos falando da
luta épica entre partidários de dois movimentos políticos atuais, de um lado
temos os partidários do PT, partido dos trabalhadores, e de outro os antipetistas,
desse lado há de tudo, fascistas, neoliberais, esquerdistas ressentidos, social
democratas e socialistas contrários a burocracia partidária ou aos escândalos de
corrupção. Do lado dos petistas há uma salada de emoções e colorações também, sociais
democratas petistas, socialistas bolcheviques, pseudoesquerdistas, românticos,
picaretas, revolucionários aposentados e encaixotados no esquema capitalistas. A
luta entre os dois lados, embalada pela marcha imperial, tem tons de salvação,
todos acham que lutam pela salvação do Brasil e que o outro lado é inimigo,
seja da nação, seja do proletariado.
Numa era onde
até a pornografia se tornou amadora não se admira que as discussões também o sejam,
principalmente nas redes sociais, essa arena onde gladiadores de teclado cospem
sangue pela tela e perfuram seu adversário com exclamações. Essas manifestações
agressivas na internet mostram o obvio e ululante, não há tolerância política
no mundo virtual, e muito menos fora dele, porém, além disso há outra questão
que aflora nessa selva ideológica, o que são partidos políticos, e consequentemente,
eles são diferentes?
Partidos
políticos são instituições burocráticas que visam tomar o poder, seja pela luta
armada, seja por eleições. Todos os partidos quando participam do jogo burguês,
democrático e constitucional das eleições se comprometem em não irem contra o
sistema capitalista, em administrarem o Estado e o país, estado ou município,
com suas desigualdades sociais, leis, burocracia e inserção na economia de
mercado. Logo, todos estão de certa maneira amarrados pelo jogo eleitoral a
serem parecidos. O que poderia diferenciar um dos outros? Ao meu ver
pouquíssimas coisas, uma maior ou menor intervenção estatal na economia,
políticas mais liberais ou social democratas, políticas públicas
assistencialistas como bolsa família e etc. O que é engraçado é que mesmo essas
diferenças são, além de mínimas, quase idênticas a adotados por partidos com
colorações ideológicas diferentes, vejam o caso do assistencialismo, bolsas
universitária, bolsa família e outras do gênero, são adotados por partidos de
esquerda, como o PT, neoliberais, como PSDB e PMDB.
Outro ponto
que poderia ser usado como comparativo é a questão de salários de funcionários
públicos, todos os partidos, sejam de esquerda, direitas ou manetas são unânimes em cortar gastos a partir do salário do funcionalismo, seja cortando
gratificações, datas bases ou negando outros tipos de reajustes. Para completar poderia mencionar a prioridade
máxima, educação, todos os governos com seus respectivos partidos que já
passaram pelo poder foram iguais em não dar prioridade a educação, claro que
podem contestar dizendo que um investiu mais que o outro, e é verdade, mas esse
“maior investimento” nunca foi o suficiente para torna-lo prioritário.
Nessa contenda
entre petistas e não petistas, vulgarmente chamados de “coxinhas”, entra a
velha e caduca figura do medo comunistas, do inferno vermelho, da marcha
bolchevique sobre a liberdade e a democracia. O PT é sinônimo para muitos de comunismo,
ditadura, violador da moral, cúmplice de movimentos gays e raciais. Primeiro
ponto, não considero ditaduras como a cubana como socialista, para mim são
capitalismos de estado, como outros já chamaram, nem estou sendo original
nisso. Sistema autoritário, burocrata, explorador que não é muito diferente da
coerção capitalista com sua ditadura midiática, exploração do capital e
burocracia com engrenagens instrumentais que negam a libido, a liberdade e a
razão vital. Dentro desse diapasão o PT não é socialista, é apenas mais um
partido com bandeira socialista que na prática é um colaborador do sistema,
assim como partidos de direita como PSDB, o famoso “farinha do mesmo saco”;
claro que há pequenas e superficiais diferenças na forma de governa, contudo,
essas diferenças não qualificam uns como revolucionários e outros como
conservadores, são todos conservadores, pois conservam o sistema de exploração
econômica, política e negam a participam REAL da população no poder.
Enquanto as
pessoas brigam por partidos ou, contra partidos, deveriam brigar contra o
sistema e contra a máfia que eles representam, mecanismos criminosos de
arrecadar dinheiro de forma ilícita, tráfico de influências, corrupção e
promiscuidade entre poder público e empresas. Em suma, uma orgia com nosso
dinheiro, nossas instituições e com nossas vidas. Enquanto a luta for
personalista e político partidária ela será quixotesca, contra moinhos de
ventos. A tempestade que abala as estruturas deve vir da participação popular
na política, nas ações sociais, no controle autogestionário das instituições e
com o fim da dominação de classes.