quinta-feira, 3 de setembro de 2015

O GOZO DO VAMPIRO

   Nada mais melancólico do que a solidão de um vampiro, vampiro erótico, sedento por sangue, por luxuria, por prazer, morde e suga o gozo e goza com o liquido vermelho, estética da libido, violenta libido que libera a fera dentuça, o corpo quente, chega, o sangue , o vermelho e depois ninguém, o vazio.
Como é bom lembrar do copo vazio que está cheio de ar, música do Gil, sonoro como o silêncio solitário de um corpo morto vivo do vampiro, vivo de prazer, caminha, sonha e deseja, deliberadamente vai onde inconscientemente seu corpo mandou, beija o outro, suga o êxtase e morre de frio solitariamente no caixão pós gozo.
O brilho do sol ofusca a tristeza e machuca a pele sem melanina, sem adrenalina, somente o negro da noite pode cobrir a epiderme tão exigente, tão cheia de morte e vida ao mesmo tempo, concomitantemente ao verdadeiro amor, falso como o fim do mesmo amor.
Zumbis são massas desnorteadas e ideologicamente amorfas, vampiros são sujeitos burguesas e liberais, sugam o sangue com a mesma volúpia que o industrial suga a mais valia do proletário, chora uma melancolia sem lágrima como uma criança abandonada, na noite se liberta, morcego a procura de algo, nada de verdadeiro substitui a fantasia que realmente existe enquanto princípio de prazer, a civilização massacra freudianamente esse princípio com sua realidade sem gozo.

É sempre bom lembrar, que um copo vazio está cheio de ar e o ar é cheio dessa vida que segue seu caminho, racional, progressista e sanguinolenta. O vampiro está dentro de nós a noite, durante o dia a razão o esconde com o brilho iluminista do sol, mas queima nossa pele com o chicote masoquista dos reprimidos sem prazer, sem mordidas de amor e desejos inconscientes que afloram deliberadamente num beijo no pescoço.