segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

PT, COXINHAS, QUIXOTES E A (DES)GRAÇA DO COMUNISMO



Enquanto degusto um pão de queijo também digiro a morte de David Bowie, o eterno Star Man da música, mas é o Star Wars do cinema que me chama atenção. No final de 2015 ouve um novo despertar da força, é o episódio VII da saga cinematográfica que traz de volta a magia do cinemão pipoca com uma certa qualidade, a luta contra impérios ditatoriais, lutas de estilo samurai com sabres de luz, o bem contra o mal, a jornada do herói, velhas formas em nova roupagem , temas tradicionais e consolidados em uma repaginada pós-moderna que junta estilos, temas, histórias, western, ficção-científica, cinema samurai, quadrinhos, bíblia e muita criatividade com  efeitos especiais.
O retorna da franquia do cinema espacial traz de volta um maniqueísmo religioso, a velha luta do bem contra o mal moldado de forma metafísica sem brechas para a canalhice, anti-heróis, posições dúbias; extremismo total. Esse extremismo que é adoçado no cinema fica ácido nas redes sociais, discussões em locais de trabalho e chega ao limite em contatos corporais durante passeatas. Estamos falando da luta épica entre partidários de dois movimentos políticos atuais, de um lado temos os partidários do PT, partido dos trabalhadores, e de outro os antipetistas, desse lado há de tudo, fascistas, neoliberais, esquerdistas ressentidos, social democratas e socialistas contrários a burocracia partidária ou aos escândalos de corrupção. Do lado dos petistas há uma salada de emoções e colorações também, sociais democratas petistas, socialistas bolcheviques, pseudoesquerdistas, românticos, picaretas, revolucionários aposentados e encaixotados no esquema capitalistas. A luta entre os dois lados, embalada pela marcha imperial, tem tons de salvação, todos acham que lutam pela salvação do Brasil e que o outro lado é inimigo, seja da nação, seja do proletariado.
Numa era onde até a pornografia se tornou amadora não se admira que as discussões também o sejam, principalmente nas redes sociais, essa arena onde gladiadores de teclado cospem sangue pela tela e perfuram seu adversário com exclamações. Essas manifestações agressivas na internet mostram o obvio e ululante, não há tolerância política no mundo virtual, e muito menos fora dele, porém, além disso há outra questão que aflora nessa selva ideológica, o que são partidos políticos, e consequentemente, eles são diferentes?
Partidos políticos são instituições burocráticas que visam tomar o poder, seja pela luta armada, seja por eleições. Todos os partidos quando participam do jogo burguês, democrático e constitucional das eleições se comprometem em não irem contra o sistema capitalista, em administrarem o Estado e o país, estado ou município, com suas desigualdades sociais, leis, burocracia e inserção na economia de mercado. Logo, todos estão de certa maneira amarrados pelo jogo eleitoral a serem parecidos. O que poderia diferenciar um dos outros? Ao meu ver pouquíssimas coisas, uma maior ou menor intervenção estatal na economia, políticas mais liberais ou social democratas, políticas públicas assistencialistas como bolsa família e etc. O que é engraçado é que mesmo essas diferenças são, além de mínimas, quase idênticas a adotados por partidos com colorações ideológicas diferentes, vejam o caso do assistencialismo, bolsas universitária, bolsa família e outras do gênero, são adotados por partidos de esquerda, como o PT, neoliberais, como PSDB e PMDB.
Outro ponto que poderia ser usado como comparativo é a questão de salários de funcionários públicos, todos os partidos, sejam de esquerda, direitas ou manetas são unânimes em cortar gastos a partir do salário do funcionalismo, seja cortando gratificações, datas bases ou negando outros tipos de reajustes.  Para completar poderia mencionar a prioridade máxima, educação, todos os governos com seus respectivos partidos que já passaram pelo poder foram iguais em não dar prioridade a educação, claro que podem contestar dizendo que um investiu mais que o outro, e é verdade, mas esse “maior investimento” nunca foi o suficiente para torna-lo prioritário.
Nessa contenda entre petistas e não petistas, vulgarmente chamados de “coxinhas”, entra a velha e caduca figura do medo comunistas, do inferno vermelho, da marcha bolchevique sobre a liberdade e a democracia. O PT é sinônimo para muitos de comunismo, ditadura, violador da moral, cúmplice de movimentos gays e raciais. Primeiro ponto, não considero ditaduras como a cubana como socialista, para mim são capitalismos de estado, como outros já chamaram, nem estou sendo original nisso. Sistema autoritário, burocrata, explorador que não é muito diferente da coerção capitalista com sua ditadura midiática, exploração do capital e burocracia com engrenagens instrumentais que negam a libido, a liberdade e a razão vital. Dentro desse diapasão o PT não é socialista, é apenas mais um partido com bandeira socialista que na prática é um colaborador do sistema, assim como partidos de direita como PSDB, o famoso “farinha do mesmo saco”; claro que há pequenas e superficiais diferenças na forma de governa, contudo, essas diferenças não qualificam uns como revolucionários e outros como conservadores, são todos conservadores, pois conservam o sistema de exploração econômica, política e negam a participam REAL da população no poder.
Enquanto as pessoas brigam por partidos ou, contra partidos, deveriam brigar contra o sistema e contra a máfia que eles representam, mecanismos criminosos de arrecadar dinheiro de forma ilícita, tráfico de influências, corrupção e promiscuidade entre poder público e empresas. Em suma, uma orgia com nosso dinheiro, nossas instituições e com nossas vidas. Enquanto a luta for personalista e político partidária ela será quixotesca, contra moinhos de ventos. A tempestade que abala as estruturas deve vir da participação popular na política, nas ações sociais, no controle autogestionário das instituições e com o fim da dominação de classes.