sábado, 25 de dezembro de 2010

Mais um conto desse escritor do acaso, do abismo, do caos e do absurdo sem graça.

                                       VIDAS CANTADAS EM FRANCÊS




A chuva teima em cair, o tempo fechado não combina com o colorido da música, ela passa suavemente pelo cinza da atmosfera chuvosa dando colorido diferenciado, o vermelho paixão, o azul ceu, o amarelo ouro, o verde verdade, tudo em sintonia com os sentimentos daquele cara, ele ouvia a música embalado no entorpecimento da alma, parecia que tinha fumado maconha, seu corpo leve, seus pensamentos suavemente desordenados, sonhos acordado, Carlos montava uma narrativa de sua vida olhando para aquele parede descascada, o copo de vinho em sua mão, a imagem de Aline em sua mente, ele sonhava, beijava seu corpo branco e seu rosto de francesa, sabia que era platônico, que nunca teria chance com ela, além de ser um homem sem beleza, carisma ou dinheiro ela era casada, parecia feliz, parecia bailar nos braços daquele senhor que ela chamava de marido.

Feia como a fome, gorda, dentes tortos, cabelo despentado e ensebado, ela era grotesca, sem beleza, tímida e burra, um ser sem muita serventia no universo, sua pele cheia de sardas e espinhas dava um ar medonho ao ambiente por onde passava, sua fala roca não lhe dava alegância ao ato de falar, sem noção dizia que era uma benção de Deus, todos tinham raiva, nojo ou pena dela, ela era assim, Monique era o patinho feio da escola, da cidade, da galáxia diriam alguns, ela era o que não se pode ser, mas é.


Tudo que Midas tocava virava ouro, tudo que Carlos tocava virava merda, ele era o azar com pernas, nenhum negócio dele ia para frente, seus estudos sempre ficavam pela metade, seus relacionamentos nunca davam frutos, ele não fazia nada por inteiro, sempre fracassava, como pode existir um ser assim? Inexplicável, no bar ele refletia sobre a sua louca e insignificante vivência, a cerveja embalava seus pensamentos, ele contemplava a beleza que era respirar, sonhava com Aline, suspirava com o sentimento de solidão presente nos fracassados, nenhuma mulher iria se relacionar com um homem inseguro, fracassado e pobre, a vida é dura, ele sabia disso, por isso bebia suavemente e se conformava com a vida.

A dança, ela flutuava sobre seus rancores, fobias, tesão, pensamentos, ela e seu vestido florido, ela era linda, espetáculo da natureza, efervescência do cosmo, caoticidade organizada, carvão feito diamante, Aline seria a mulher perfeita? Para o fracassado bebedor de vinho e fã de música francesa sim, Carlos era um admirador, um servo daquela mulher, ela passa por ele no salão, ela sorri, é educada e simpática, ele sorri sem graça, seu pênis explode dentro da calça, seu coração acelera, passa de trezentos por hora, sua respiração acompanha os passos da dança, o suor desce suavemente pela pele, sua epiderme pega fogo, febre da paixão, sintomas do amor, Monique não dança, gorda e sem jeito fica sentada em um canto, olhando e suspirando vendo os rapazes flertarem com as moças bonitas, ela sonha, o mundo reclama, ela continua, a música não para, eles dançam, Carlos e Monique são duas desgraças abençoadas naquele lugar.

O frango frito, o vinho gelado, a música francesa tocando, ele lê mais um poema, bebe um gole do vinho e come um pedaço de queijo, o almoço está pronto, ele come, se alimenta enquanto pode, engole cada pedaço com elegância, decencia, ele é charmoso no ato de comer, como pode um fracassado, um desajeitado sem simpatia e sem boa oratória ser tão refinado na etiqueta da alimentação? Monique era um horror, parecia uma porca na hora de comer, com apenas dezesseis anos já era um monstro, com trinta anos Carlos já estava a espera da morte, somente ela libertaria ele, Monique e todos os demônios que sofrem nessa terra.

O caminho era o mesmo, uma estrada longa e cansativa, Monique tinha preguiça das caminhadas longas, andava cerca de cinco quilômetros da escola até sua casa passando por um bosque, ela caminhava e durante o percurso sonhava com um príncipe encantado, com uma beleza como a das novelas, ela queria ser amada. Cinco garotos, fanfarrões, brincando, conversando, como é linda a juventude, eles passam por ela, seria uma oportunidade, mas que idéioa nojenta, ninguém no mundo teria coragem, eles tiveram, voltaram, xingamentos, tapas, socos, ela estava no chão, eles chutavam, ela sangrou, eles batiam, ela estava sem roupa, chorando, sem vergona nenhuma eles a estruparam, aquela garota feia foi penetrada pelos cinco rapazes, eles fuderam sua vagian, sua boca, seu ânus, bateram nela de novo, gozaram sobre seu corpo.

O que poderia acontecer com cinco jovens que batem e estupram uma menina de dezesseis anos? Com eles não aconteceu nada, sairam ilesos, Carlos, o fracassado de nossa história ficou chocado, como podia um ato bárbaro desse ficar assim, sem punição, sem perdão, ele se solidarizou com Monique, ele era um bom coração, um homem com princípios, além de ser fracassado e platônico, quase patético.

Monique se recuperava no hospital, aparece um rosto familiar, mas ela não sabia de onde o conhecia, era Carlos, veio visitá-la, ela agradece, ele lhe traz flores, que lindo, como é educado, ela se sente importante, seu corpo dói, sua alma também, ela foi vítma da ignorância, eles eram dois seres desgraçados nesse mundo, Carlos e Monique tinham algo em comum, o desprezo da humanidade.

Era manhã de doningo, o orvalho nas folhas, a missa dominical, meninas de minissaia, rapazes barbeados, pessoas na feira, frango e carne de porco para o almoço, tudo parecia trnaquilo, bonito, mais um dia nessa odisseia terrestre, mais um dia para respirar, amar, transar, mais uma jornamada a cumprir, um dia para descançar, domingo de sol, encanto e preguiça em sua entrelinhas, borboletas voavam encantando o mundo com suas asas cheias de cores e vida. Naquele domingo algo iria quebrar essa mágica, essa monotonia própria do interior, corpos de rapazes, cinco para ser exato, apareceram em uma mata, sem roupas, com seus corpos mutilados, sem pênis, com queimadoruas em suas bundas, alguém com um ferro quente introduziu o calor naqueles ânus, suas bocas cheias de sangue mostrava que foram espancados, ato cruel, desumano, próprio de bárbaros, assim pensava a cidade.

Já fazia três meses que Monique saira do hospital, agora ela se recupera do susto, tinha sessões com psicólogo, tratamento médico constante e um amigo, o primeiro de sua vida, Carlos era uma pessoa com quem ela podia contar, ela logo se apaixonou por ele, nunca foi correspondida, mas sempre teve o apoio, o carinho daquele ser.

Um sonho, ele se lembra de momentos distantes, coisas a muito tempo esquecidas, Aline já não é mais sua amada, ela morreu em um acidente de carro, Monique emagreceu, continua feia, mas agora é mais simpática e educada, cenas de horror, surrealismo sanguinário, cinco rapazes sendo estuprados, torturados e mortos, depois são decepados, ele viu tudo, pois ele participou do ato, Carlos, o fracassado, fez o que muita gente teve vontade, mas não teve coragem, ele teve, foi fora da lei, fora da santidade, além do pecado, o sangue que saia dos corpos sujava seu rosto pálido, manchava sua camisa.

Monique olha pela janela, a chuva teima em cair, com um copo de vinho ela bebe a vitória da vida, sua vida adulta cheia de desafios e sem sonhos infantis, aquele hoemem calado ao seu lado foi seu grande amigo, ela observa a chuva cair e ouve uma música triste, ele gosta desse tipo de música, ela fica calada e sente o gosto doce do vinho seguir por dentro de sua boca, a música cantada em francês passa por seus ouvidos, Monique lembra que já foi triste um dia, ainda há vida em seu caminho.

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

VOLTEI- TEXTO ESCRITO OUVINDO C'EST MA VIE COM SALVATORE ADAMO

Acordo, olho, paredes brancas, cama conhecida, um ar de familiaridade. O quarto não é o meu, mas é o meu, confuso. A vida me deixa confuso. Esse quarto já foi meu, eu dormia nele, eu sonhava nele, transava, comia, asssistia filmes, tudo nele, ele deixou de ser meu por um tempo. Morei fora, morei em outra cidade, lá fiz tudo em outro quarto, em outro ambiente. Voltei, depois de um ano, depois de vendavais, calores, amores, estupros morais, viagens espirituais, emoções, decepções, novas amizades, antigos sentimentos. Voltei.

A estrada, o tapete negro escorre para de baixo do carro, as árvores parecem se mover, o vento faz um barulho, o barulho é do vento batendo no carro, automóvel em movimento, correndo rumo ao paraíso, fuga dos problemas, fuga de momentos, deixei muito prazer para tras, muitas risadas, muitos amigos. A estrada continua, a chuva cai em alguns momentos, o frio, o nublado, a água, a estrada continua, não sinto vontade de chorar, apesar de sentir muito ter que deixar algumas pessoas. A estrada continua, não tenho ansiedade, tenho calma, serenidade, essa viagem me leva a tranquilidade, me leva para casa, para antigos amigos, antigas paixões, novas oportunidades, a estrada continua.

Esse ano de 2010 foi turbulento, sonoro, cheio de graça e desgraça, fumaça vinda de pensamentos demoníacos, anjos colocaram suas mãos em mim, demônios cuspiram fogo em meu rosto, orgasmos, beijos molhados, brincadeiras, disputas, psicopatas, caras feias, muito barulho por nada, muito acasos, caso, trabalho. Esse ano teve recompensas, foi meu primeiro ano na polícia, morei sozinho, conheci Senhozinho Malta e a viuva Porsina, conheci Mauricio, Jucimar, Vinicius, Juliana e outros amigos, conheci a orgia do interiror, a magia do amor, a loucura, a monotonia da solidão, conheci o que antes não se sabia, a dor, o fervor, continuei no ateísmo, revisei todos os ismos, marxismos, desgracismo, pornografias mentais, epistemológicas, a metafísica se misturou com o pragmatismo. Vivi, senti na pele a existência e seu peso.

Luzes, vejo uma cidade, parece coisa de cinema, meu coração dispara, a alegria toma conta, a ansiedade volta, mas a tranquilidade reina quieta em meu coração, é Goiânia, depois de um ano volto a seus braços, logo vejo carros, vida, mulheres bonitas, lindas na verdade, como senti falta, luzes, a chuva refresca minha chegada, a música francesa no meu aparelho de som é nostálgica, essa cidade está mais bonita, mais festiva. Goiânia é a mesma, eu é que mudei. Voltei.

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

O LADO HUMANO DO REEDUCANDO

Uma bíblia nas mãos, um olhar de piedade, vejo a humildade em seu jeito, sua fala mansa e tranquila me faz sonhar com uma humanidade de verdade, sua disposição e trabalho é de admirar, ele tem um semblante alegre, mas as vezes percebo um toque de melancolia em seu rosto, sua vida não deve ter sido fácil, a vida de todos nós é difícil, viver é uma luta constante, a morte uma recompensa. Um coral angelical parece sair daquelas grades, um toque infernal sai de suas gélidas estruras metálicas, uma benção faz todos pararem e meditar, o mundo gira, o caos navega em nossas almas, eles pensam se um dia irão sair, se irão retornar para os braços da malandragem, são pessoas condenadas, não pecaram,"apenas" roubaram, mataram, mentiram, fraudaram... O inferno não é para eles, a prisão sim.

Quando se faz o serviço de rua o policial tende a ter uma certa hostilidade em relação aos criminosos, o que pé até certo ponto normal, estão de lados opostos, por mais que o "tira" seja profissional não tem como não haver uma certa paixão em seus atos, em suas atitudes, pensamentos, já dentro de uma prisão é diferente, polícia e bandido continuam em lados diferentes, mas um lado mais humano parece existir, um diálogo maior surge na relação com o outro, o convívio mais próximo nos faz refletir sobre o lado emotivo, familiar, intensõs, a vida do criminoso deixa de ser apenas um mar de maldade e ele passa a ser mais um ser humano com seus amores, crenças, erros e crueldades, não deixa de ser criminoso, marginal, mas volta a ter uma certa qualidade enquanto ser, enquanto homem, mulher e jovem.


A romantização que a religião e os direitos humanos fazem em relação a esses criminosos é perigosa, um exagero toma contas de seus corações, porém algo tem que ser valorizado, eles contribuiram para uma humanização desses cumpridores de pena, todos nós sabemos que a estrutura penitenciária de nosso país não contribui em nada para a ressocialização do reenducando, além da questão pessoal e de caráter, pois é notório que a maioria desses transgressores da lei tem um certo desvio de caráter, não é só uma questão de oportunidade, necessicidade ou influência do meio que os levam para a criminalidade.

Saber distinguir uma certa humanização dos criminosos de uma romantização de sua imagem é preciso, devemos sair do maniqueísmo BEM X MAL e passarmos para uma consciência de justiça com seriedade, Estado forte e atuante, mas  pensando no lado humano desses homens e mulheres. Não é fácil, complexo e de um duro esforço de espírito, refletir sobre as mazalas da vida e agir para superá-las é assim, o viver em si é uma ousadia.

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

PARA O ANÔNIMO QUE DEIXOU UM COMENTÁRIO

PARA VOCÊ ANÔNIMO, UMA COISA QUE TODO MUNDO QUE ME CONHECE E TRABALHA COMIGO JÁ SABE, MAS VOCÊ TEIMA EM ACHAR QUE É OUTRA COISA, DEIXEI UMA RESPOSTA NO COMENTÁRIO DO TEXTO TEXTO NA MADRUGADA, VOU POUPAR O LEITOR DESSE BLOG DE MAIS "TITITI" E PICUINHAS PESSOAIS. OBRIGADO.

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

ADEUS ANTECIPADO

Uma explosão, um turbIlhão de cores, fogo, água, monstros ainda não criados, a vida surgindo no meio do nada, dInossauros, baleias, homens e mulheres, um carrocel cósmico, uma dança sem razão, uma abstração do caos, tudo rodeando um centro de gravidade, pirâmides, revoluções, comunismos, escravismos, uma viagem na década de setenta, um nascimento em oitenta e dois, um nascimento de um ser sem causa, um homem a espera de resposta, eu caminhando rumo ao nada, deslizando na eternidade, do meu nascimento até a confecção desse texto tudo girou, mudou, contemplou, tudo inclui o vazio e a esperança, minha vida em uma caixa cheia de supresa, angustia, ansiedade, paixão e espectativa, nos últimos dias traço com cores fortes as tonalidades de mina existência, estou prestes a abandonar o barco, estou prestes a voltar para Goiânia, foi um ano de espera, agora falta mais ou menos duas semanas, a falta de exatidão sempre fez parte de minha vida.

Estou indo embora de Sodoma e Gomorra, alguns chamam de Porangatu, eu chamo como eu quiser, o texto é meu, é de quem lê, é de quem critica, é de quem interpreta, é do tolo, do arrogante, do messias, do ateu, do pornográfico e do judeu, é de todos que leem essa bagaça, essa história feita de graça e sem juros, esse texto é um desabafo, uma hermenêutica do espaço, um retrato do descaso, uma paixão humana, uma interpretação pacional de um cara de óculos e cheio de saudade. Estou quase indo embora, deixo para traz saudade, beijos, orgasmo, amizades, algumas desgraças, algumas pirraças, tudo cheio de muito expectativa, o futuro e a ansdiedade podem nos trazer a frustração, a emoção, o prazer e a danação. Deixo uma vida intensa, vitórias profissionais, ganhos humanos, pessoas inesquecíveis, amigos para toda a vida, deixo um rastro de indecencia, gosto de mel, fel e sexo pelo meu rastro, marquei minha vida e ela marcou aquela cidade, anérgica, fantasma, me deu muita alegria, muito prazer e muita raiva, tudo é válido, só me arrependo do que não fiz, da carne que não comi, da boca que não beijei, me arrependo de não ter escrito antes, o resto é pura beleza e encanto.

Já posso ver a estrada, a placa com o nome da cidade ficando no horizonte, a marcação da rodovia passando por debaixo do carro, as árvores em movimento, vertigem, a emoção de estar cada vez mais perto do meu aconchego, alucinações, vibrações, uma avalanche de pensamentos, uma consciência em chamas, somente mais duas semanas e estarei longe de tudo isso, no fundo sentirei um pouco de saudade, mas sentirei muito mais alívio, será uma nova jornada rumo ao âmago do humano, deixarei para traz algumas conquistas, esperiências de vida, decepções e frustrações, pessoas queridas, marginais e vadias, como é belo escrever durante o calor, a sede me maltrata, a imaginação embaralha, já posso ver a estrada, a fuga desse mundo onde vivo, adeus antecipado, a fuga já está planejada.